95% dos mortos em megaoperação no RJ tinham ligação com facção criminosa, diz governo

Postado em 3 de novembro de 2025

governo do Rio de Janeiro divulgou, na noite de domingo (2), o perfil de 115 dos 117 suspeitos mortos na megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na última semana. Segundo a gestão, 95% dos identificados tinham ligação comprovada com o Comando Vermelho. Apenas dois laudos resultaram em perícias inconclusivas.

Ao analisar os perfis dos mortos, a polícia concluiu que 59 tinham mandados de prisão pendentes, 97 apresentavam históricos criminais relevantes e, dos 17 que não apresentaram histórico criminal, 12 apresentaram indícios de participação no tráfico de drogas em suas redes sociais. A lista mostra ainda que 62 (cerca de 54%) dos suspeitos eram de fora do estado, sendo:

  • 19 do Pará
  • 9 do Amazonas
  • 12 da Bahia
  • 4 do Ceará
  • 2 da Paraíba
  • 1 do Maranhão
  • 9 de Goiás
  • 1 do Mato Grosso
  • 3 do Espírito Santo
  • 1 de São Paulo
  • 1 do Distrito Federal.

De acordo com o secretário da Polícia Civil, delegado Felipe Curi, a divulgação da lista não encerra o trabalho de investigação. Todos os resultados serão documentados para garantir a transparência e legalidade da operação, e os relatórios serão entregues aos órgãos competentes.

O mesmo foi dito pelo secretário de Polícia Militar, Coronel Marcelo de Menezes, que ressaltou que os confrontos ocorreram com criminosos que reagiram à ação policial. “Uma estratégia fundamental adotada pelas forças de segurança foi empurrar os bandidos para uma área de mata fora da área habitada, no alto do morro, preservando a segurança da população. Foi lá onde se deram os maiores embates”, disse.

Operação Contenção

A megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha ocorreu no dia 28 de outubro. Ao todo, a ação, que teve como objetivo conter o avanço territorial do Comando Vermelho, deixou 121 mortos, incluindo nove chefes da facção criminosa e quatro policiais. Outros 113 suspeitos foram presos, enquanto 118 armas foram apreendidas, além de munições, explosivos, drogas e equipamentos militares.

No domingo (2), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo do Rio de Janeiro preserve e documente todas as provas relacionadas à megaoperação. A medida atende a um pedido da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, que visa garantir a averiguação da ação por parte do Ministério Público, devido ao alto número de mortos.

“Temos ouvido e acolhido os moradores dos locais afetados e os familiares das vítimas fatais, buscando assegurar que cada relato contribua para a necessária resposta institucional à violência estatal nunca antes vista. Nossas equipes seguem mobilizadas numa força-tarefa para garantir o respeito às garantias constitucionais, à transparência dos atos estatais e à proteção de populações vulneráveis”, disse a Defensoria.

Moraes ainda marcou, para quarta-feira (5), uma audiência conjunta na Primeira Turma do STF para discutir a megaoperação. Devem participar órgãos e entidades da sociedade civil como o Conselho Nacional de Direitos Humanos, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e o Instituto Anjos da Liberdade.

SBT