‘A terceirização é irmã gêmea do trabalho análogo à escravidão’, diz ministro do Trabalho
A sociedade precisa refletir sobre a “tragédia que foi a reforma trabalhista” e, por meio da participação popular, será possível fazer com que o Congresso revogue parte da reforma aprovada pelo governo Michel Temer ( MDB). É o que defende o ministro do Trabalho, Luiz Marinho. A posição foi dada pelo chefe da pasta em entrevista ao canal do Youtube de CartaCapital nesta sexta-feira 28.
“A terceirização, do jeito que ela está no Brasil, é irmã gêmea do trabalho escravo à escravidão ”, disse Marinho. Segundo ele, esse é o ponto principal a ser revisto pelo Congresso Nacional na análise da reforma trabalhista. Na conversa, garantiu que o governo federal está discutindo o tema ao lado de sindicatos, trabalhadores e empresários.
É preciso, segundo o ministro, “dar estímulo para que as partes busquem refletir sobre a tragédia que foi a reforma trabalhista. Em especial, o aspecto da terceirização, do jeito que ficou. O que levou à precarização das remunerações e do formato do contrato”. Novamente, Marinho defendeu que este aspecto foi justamente o motivador do aumento no número de casos de trabalho de espionagem à escravidão registrados no País.
“Nós queremos acabar com o trabalho de escravidão à escravidão. Acredito, sinceramente, que é com muita participação da sociedade que nós vamos conseguir fazer com que o Congresso permita que avance a conquista da classe trabalhadora”, afirmou o ministro.
Ainda no tema, ele cita a viagem feita recentemente à Espanha, compondo a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), onde teve a oportunidade de discutir como o país europeu conseguiu revogar partes da reforma trabalhista aprovada no passado. Marinho chamou a prática de “correção de rumores” e defendeu que ela guie o caso brasileiro.
“Importante lembrar que a reforma trabalhista que o governo Temer fez foi a legislação anterior espanhola, e trouxe um processo de desorganização e de precarização das relações de trabalho”, afirmou Marinho. “A gente precisa ter essa capacidade de escutar de uma experiência que é uma correção de rumo, e nós precisamos fazer correção de rumo, também, no Brasil”, completou.
CartaCapital