Afagado por Lula, Tarcísio ouve “volta pro PT” e dá gargalhada; vídeo
São Paulo — O clima de affair entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante assinatura do convênio para construção do túnel Santos-Guarujá, na manhã desta sexta-feira (2/2), no litoral paulista, rendeu até um “convite” inusitado ao mandatário bolsonarista.
Enquanto Lula lembrava que Tarcísio já havia trabalhado nos governos do PT como servidor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) antes de virar ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma pessoa gritou da plateia: “Volta pro PT, Tarcísio”. O governador não se aguentou e gargalhou.
“Volta pro PT, Tarcísio” | Governador de São Paulo recebe pedido inusitado em evento com Lula.
“Eu estranhei vendo ele trabalhar com o Bolsonaro”, afirmou o Presidente da República ao citar passado de Tarcísio trabalhando em gestões petistas.
“Eu encontrei com o Tarcísio no meio da Amazônia, trabalhando no gasoduto. Depois o Tarcísio trabalhou com a Dilma Rousseff, depois eu estranhei que ele foi trabalhar com o Bolsonaro, mas paciência, é uma opção dele. E depois, ele ganhou de nós nas eleições. O que que eu vou lamentar? Eu tenho que parabenizá-lo e [me] preparar para derrotar você nas próximas eleições”, disse Lula a Tarcísio, antes de cumprimentá-lo no palco.
O evento no Porto de Santos marcou a assinatura do convênio entre os governos federal e estadual para a construção de um túnel submerso de 1.800 metros ligando as cidades de Santos e Guarujá, uma demanda história no litoral sul paulista. Lula classificou a parceria como um “ato civilizatório” e Tarcísio disse que era “hora de celebrar o que é uhistórico”.
A obra
O túnel será construído por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) em que Estado e União investirão R$ 2,7 bilhões cada — com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O parceiro privado irá investir ainda cerca de R$ 600 milhões. A promessa é que a obra fique pronta até 2028.
A proposta paulista, aceita por Brasília, foi que o parceiro privado seja escolhido por meio de um leilão que será vencido pela empresa que pedir menor valor de auxílio para a operação do túnel. A estimativa da gestão Tarcísio é que o lance inicial seja de R$ 1,5 bilhão pelo prazo de 30 anos.
O Porto de Santos recebe cerca de 5 mil navios por ano e é caminho de cerca de 30% da balança comercial do país. Assim, a obra de engenharia precisa ser feita de modo que o túnel, que terá 860 metros de comprimento e ficará a 20 metros abaixo do nível do mar, seja construído sem afetar as operações portuárias.
Santos e Guarujá são conectadas atualmente por uma sistema de balsas que, segundo dados do governo paulista, chega a ter pico de 30 mil usuários por dia. Esse fluxo deve se transferido para o túnel, que terá cobrança de pedágio. A via subterrânea também terá espaço específico para trânsito de ciclistas, pedestres e para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista.
O parceiro privado terá direito à arrecadação do pedágio, que deverá ter o mesmo valor da balsa (R$ 12,30 para veículos leves), e ficará encarregado da operação do túnel, manutenção de estruturas e sistemas de ventilação e atendimento aos usuários.
Metrópoles