Agência das Águas aponta que seca extrema no RN é a pior desde 2018

Postado em 31 de dezembro de 2025

Dados do Monitor de Secas, divulgados pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), indicam que o Rio Grande do Norte enfrenta, desde novembro, o quadro mais grave de seca extrema desde 2018. Entre outubro e novembro, a área do estado atingida pelo fenômeno aumentou de 91% para 94% do território potiguar, o maior percentual desde julho deste ano, quando 97% do estado estava sob seca.

Além da ampliação territorial, houve um agravamento expressivo da severidade do fenômeno no RN. Em novembro, a seca extrema passou a atingir 19% do território estadual. Trata-se da pior condição registrada desde março de 2018, quando 38% do Rio Grande do Norte enfrentava seca extrema, segundo a série histórica do Monitor.

Na comparação mensal, o RN está entre os dez estados que registraram aumento da área com seca entre outubro e novembro, ao lado de Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Roraima e Sergipe. O avanço do fenômeno reforça o cenário de persistência da estiagem no estado, tanto em extensão quanto em intensidade.

No panorama nacional, o Monitor de Secas aponta comportamentos distintos do fenômeno entre outubro e novembro, considerando tanto a severidade quanto a área atingida.

Em termos de severidade da seca, houve abrandamento em quatro estados: Acre, Amazonas, Bahia e Paraná. No sentido oposto, a seca se intensificou em 19 unidades da Federação: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Em outras três unidades — Amapá, Distrito Federal e Santa Catarina — o fenômeno permaneceu estável nesse aspecto. Já no Rio Grande do Sul, a seca voltou a ser registrada em novembro.

Quanto à extensão territorial, oito estados apresentaram seca em 100% do território no mês de novembro: Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins. Nos demais estados com ocorrência do fenômeno, a área afetada variou entre 27% e 94%.

Na comparação entre outubro e novembro, dez estados registraram aumento da área com seca: Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe. No Rio Grande do Sul, a seca voltou a ser observada no período.

Por outro lado, houve redução da área afetada em cinco estados: Acre, Amazonas, Paraná, Rondônia e Santa Catarina. Em outras 11 unidades da Federação, a extensão da seca permaneceu estável: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, São Paulo e Tocantins.

Reservatórios

O Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn) divulgou, nesta terça-feira (30), um novo relatório que revela um cenário de queda no volume das reservas hídricas do estado. Atualmente, os 69 reservatórios monitorados acumulam 2,01 bilhões de metros cúbicos de água, o que corresponde a 38,08% da capacidade total de armazenamento, estimada em 5,29 bilhões de m³.

A barragem Umari, localizada no município de Upanema, acumula 155,7 milhões de m³, correspondentes a 53,17% de sua capacidade total, que é de 292,8 milhões de m³. No final de 2024, o volume armazenado era de 228,7 milhões de m³, o equivalente a 78,09%.

Atualmente, a região do Seridó apresenta o menor percentual de acúmulo de reservas hídricas superficiais do estado. Os reservatórios monitorados na região acumulam, juntos, 161,7 milhões de m³, o que corresponde a apenas 14% da capacidade total de armazenamento, estimada em 1,19 bilhão de m³.

Entre os principais reservatórios do Seridó, a barragem Marechal Dutra, conhecida como Gargalheiras, acumula 21,5 milhões de m³, correspondentes a 48,32% de sua capacidade total, que é de 44,4 milhões de m³. No final de 2024, o volume armazenado era de 33,2 milhões de m³, o que representava 74,73%.

O açude Dourado, localizado em Currais Novos, acumula atualmente 1,43 milhão de m³, o equivalente a 13,89% de sua capacidade total, que é de 10,3 milhões de m³. Em dezembro de 2024, o reservatório registrava 5,57 milhões de m³, correspondendo a 53,98% da capacidade.

O levantamento do Igarn aponta ainda que 18 reservatórios monitorados apresentam volumes inferiores a 10% de sua capacidade total. São eles: Itans, em Caicó, que está seco; Sabugi, em São João do Sabugi (1,12%); Passagem das Traíras, em São José do Seridó (0,03%); Esguicho, em Ouro Branco (0,67%); Carnaúba, em São João do Sabugi (1,99%); Japi II, em São José do Campestre (7,26%); Bonito II, em São Miguel (6,15%); Apanha Peixe, em Caraúbas (7,33%); Gangorra, em Rafael Fernandes (3,50%); Jesus Maria José, em Tenente Ananias (0,33%); Tourão, em Patu (2,64%); Brejo, em Olho D’Água do Borges (0,43%); 25 de Março, em Pau dos Ferros (5,74%); São Gonçalo, em São Francisco do Oeste (2,57%); Mundo Novo, em Caicó (1,06%); Inspetoria, em Umarizal (6,41%); Dinamarca, em Serra Negra do Norte (8,30%); e Lulu Pinto, em Luís Gomes (0,01%).

NÚMEROS

94%
do território do Estado passa por seca

19%
do território do Estado passa por seca extrema

tribuna do norte