Alta de 0,95% dos alimentos pressiona os preços das refeições dentro e fora de casa

Em fevereiro, a inflação oficial do Brasil foi de 0,83%. Isso surpreendeu os economistas. Eles previam que seria menor. Foi quase o dobro da inflação de janeiro. Mas, ainda assim, foi o menor IPCA para o mês desde fevereiro de 2020.

No segundo mês do ano, os custos com educação subiram, em média, 4,98% por causa, principalmente, do aumento das mensalidades. A alta de 0,95% dos alimentos também pressionou os preços das refeições dentro e fora de casa.

A tradicional mistura de arroz, feijão, batata, salada, ovo e bife é uma opção nutritiva para quem come fora, sem gastar muito. Mas os preços sofreram aumento e, desta vez, não foi culpa do contrafilé e nem da alcatra – que no último ano registraram, em média, queda de mais de 8%.

Com a carne mais em conta, o que está deixando o prato mais caro é a batata. Só no último mês, o preço subiu quase 7%. Isso fez os comerciantes reajustarem o valor da refeição que os brasileiros tanto gostam.

Em um restaurante de Goiânia, o valor do PF passou de R$ 20 para R$ 23.

“Eu tive que fazer, porque o preço da batata está muito alto”, afirma a dona do local, Edite Araújo de Souza, dona de restaurante.
Em um ano, o quilo da batata registrou alta de quase 43%. O calor forte e o excesso de chuva prejudicaram a colheita. Para manter os clientes do restaurante em Santa Rosa, no noroeste gaúcho, a empresária Roseli Canal tenta uma estratégia.

“A gente vai atrás de promoção. Só que não tem como substituir a tradicional batatinha frita”, diz ela.
Nos mercados de Belo Horizonte e de Campo Grande está difícil encontrar promoção.

“Nossa, está um absurdo, né? Antigamente, comprava a batata a R$ 2, R$ 3, o quilo. Hoje está pagando quase R$ 10 na batata. É uma inflação absurda”, reclama a técnica de necropsia Jarbeli Gomes.
Nas feiras do Rio de Janeiro, os preços também estão nas alturas. Então, o jeito é substituir o produto.

O segundo item que mais pesa no prato feito é o arroz. Em 12 meses, a alta é de mais de 30%. Um problema para a dona de restaurante Renata Barbosa.

“Está muito difícil, difícil mesmo segurar. Quando a gente aumenta um pouco, os clientes não gostam muito”, conta.
O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas, ressalta que alimentação fora de casa também tem pressionado o IPCA:

“Isso pode ser um pouco em função da própria demanda. A gente está vendo a economia crescendo, a taxa de desemprego diminuindo. Então, isso vai fornecendo mais fôlego para as pessoas consumirem fora de casa e isso pode, sim, puxar aumento nessa categoria de refeições fora de casa”.
“É muito complicado. O arroz subiu, o feijão subiu, a batata subiu, o ovo subiu. Não tem como”, lamenta a dona de restaurante Adriana Oliveira.

JN

Postado em 13 de março de 2024