Alvo de protestos, Petrobras manda só segundo escalão para COP30

Postado em 10 de novembro de 2025

Alvo de críticas pelo projeto de explorar petróleo na bacia da Foz do Amazonas, a Petrobras adotou a discrição durante a COP30 de Belém e encaminhou para o evento o segundo escalão da empresa.

Nem a presidente da estatal, Magda Chambriard, nem os diretores-executivos estarão na capital paraense. O principal nome para representar a maior empresa brasileira é da diretora global de Descarbonização e Mudança Climática da Petrobras, Viviane Canhão.

Ela participa no próximo sábado (15) de um painel sobre “Descarbonização da indústria de O&G: principais resultados e perspectivas”, com altos executivos do setor de petróleo, como Verônica Coelho, presidente no Brasil da norueguesa Equinor; Roberto Ardenghy, do Instituto Brasileiro de Petróleo e Julien Perez , diretor da Oil & Gas Decarbonization Charter, um grupo de petroleiras que debatem descarbonização desde a COP de Dubai.

Oficialmente, estão previstas participação de executivos de nível hierárquico inferior a Canhão em outros três painéis “Transição Energética e Transportes”, “ProFloresta+: escalando a geração de créditos de carbono de restauração florestal no Brasil” e “Conhecimento e Inovação para os Oceanos do Futuro”.

Naquele que é considerado o principal debate na COP do setor, não está prevista até agora a participação da Petrobras: a reunião do presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago, com as petroleiras na sexta-feira (14), escolhido para ser o “dia da energia” no evento.

Do encontro devem participar altos executivos de petroleiras, como o CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné. Na ausência de Chambriard, ele será o grande nome do setor petrolífero em Belém.

A ausência da presidente se deve principalmente à ideia de evitar constrangimentos em razão do plano da Petrobras de explorar petróleo na bacia da Foz do Amazonas. Uma das metas da COP, defendida inclusive pelo presidente Lula em seus discursos na Cúpula dos Líderes na semana passada, é buscar um mapa para a saída do mundo dos combustíveis fósseis. A licença concedida pelo Ibama para a Petrobras perfurar na Foz do Amazonas vai na contramão dessa ideia, e o fato de a autorização ter saído 15 dias antes da COP fez a Petrobras virar um alvo fácil no evento.

A autorização acabou contaminando os debates e é uma das principais pautas das ONGs (Organizações Não Governamentais) e movimentos sociais que programam diversas manifestações em Belém que terão a exploração de petróleo na Margem Equatorial como alvo.

Procurada, a Petrobras encaminhou a seguinte nota: “A Petrobras vem participando de todos os eventos preparatórios da COP30 com a liderança de seu corpo gerencial e especialistas que se reportam diretamente à diretoria e à presidente Magda. A companhia enviou para a conferência executivos de altíssima capacidade técnica, que vão apresentar os investimentos e as ações da Petrobras para uma transição energética justa.”

E continua: “Os representantes da companhia estão credenciados para a Zona Azul, área oficial de negociações da conferência. A participação reforça o compromisso da companhia em acompanhar e contribuir com os debates internacionais sobre clima e energia, apresentando iniciativas concretas e um plano de investimentos que equilibra segurança energética, desenvolvimento econômico e responsabilidade climática.”

CNN