Análise: O que esperar do papa Leão XIV em 7 pontos

Embora não tenha aparecido inicialmente em muitas listas de “papabiles”, o americano Robert Prevost teve o nome trabalhado por apoiadores às vésperas do conclave que o tornaria papa.

Agostiniano, Prevost dedicou anos ao trabalho como missionário no Peru, o que foi apontado como ponto valioso para sua ascensão interna. Teria ele, segundo vaticanistas, a capacidade de “unir as Américas”, sendo nome festejado tanto pela América Latina quanto pelos Estados Unidos.

A CNN ouviu especialistas que ajudam a entender o que esperar do novo papa em sete pontos. Veja abaixo.

  1. DIPLOMACIA PACIFISTA
    Desejo dos cardeais manifestado nas Congregações Gerais, o novo pontífice deve ser um homem capaz de construir pontes e manter a forte atuação diplomática do Vaticano na busca pela paz. “Uma sinalização nesse sentido foi a saudação que ele fez no começo [do discurso]: ‘a paz esteja convosco’. Ele deixou muito claro que quer ser um instrumento de paz, um homem de paz, e que a igreja seja um canal de diálogo, de aproximação”, avalia o jornalista vaticanista Filipe Domingues.
  2. GESTÃO COMPARTILHADA
    Ao mencionar em seu primeiro discurso uma igreja “sinodal”, o novo papa sinaliza estar alinhado com um novo momento da Cúria Romana. O próprio papa Francisco já havia começado um movimento no sentido de dividir com os bispos decisões importantes da igreja. Durante as 12 Congregações Gerais dos cardeais, no entanto, a escuta aos bispos foi reforçada como demanda para o futuro papa. A gestão da igreja sob Prevost deve ser ainda mais compartilhada, com decisões mais colegiadas. Afinal, trata-se do prefeito do dicastério para os Bispos da Igreja Católica, uma espécie de “ministério episcopal” que ajuda na nomeação de novos bispos e no acompanhamento de sua atuação.
  3. COMUNICAÇÃO MAIS MODERNA
    Leão XIII foi o primeiro papa a ter sua imagem gravada em vídeo e televisionada. Não por acaso, Prevost é visto como um cardeal que pode intensificar a abertura da comunicação do Vaticano com o mundo, aprimorando e modernizando os canais da igreja para falar com seu povo.
  4. DEFESA DOS TRABALHADORES
    Ainda falando sobre o último papa a usar o nome de Leão, de toda sua produção intelectual, a peça que chama mais atenção é a encíclica ‘Rerum Novarum’. A peça de maio de 1891 retrata a realidade do fim do século XIX, buscando justiça social para os trabalhadores. Entre outras coisas, a encíclica de Leão XIII condena a exploração dizendo que “é vergonhoso e desumano usar os homens como simples instrumentos de lucro”. O documento também incentiva a criação de sindicatos e associações trabalhistas.
  5. DIRETRIZES TEÓRICAS
    Para além de ser da natureza da ordem dos Agostinianos, a produção de conhecimento é parte importante da biografia de Robert Prevost. Ele se tornou doutor e chegou a dar aulas de direito canônico, além de dirigir o seminário agostiniano em Trujillo. Além do inglês, Prevost fala fluentemente espanhol, italiano, francês e português, e entende um pouco de latim e alemão. Essas características ajudam a entender a expectativa por dedicar a seu pontificado o tempo necessário para produzir peças acadêmicas, documentos, encíclicas e outras referências para os cardeais, bispos e padres da Santa Sé.
  6. COMBATE A ABUSOS
    Francisco foi eleito em meio a uma pressão interna e externa para investigar casos de abusos dentro da Igreja católica e punir de forma exemplar os envolvidos. O antecessor de Prevost fez importantes avanços nesse sentido. Mas ainda há trabalho pela frente. O próprio Prevost já foi questionado sobre a atuação direta dele como gestor de acusados de cometer abusos dentro da igreja e a única forma de enfrentar a desconfiança do passado seria adotar um comportamento exemplar em relação ao tema no futuro.
  7. OLHAR PARA O MEIO AMBIENTE
    O cardeal Robert Prevost assume a Igreja Católica dez anos depois de Francisco ter escrito a encíclica Laudato si’, que trata do meio ambiente e da natureza como “casa comum”, sendo dever dos homens protegê-la.

O tema foi referendado em 2019, com o Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica. As manifestações dos cardeais durante as Congregações Gerais reforçam a intenção de que o tema permaneça no horizonte.

Como cardeal, Prevost já tratou do tema em entrevistas, manifestações e discursos, defendendo o papel do homem como protetor da natureza — o que deve se refletir em seu pontificado.

CNN

Postado em 9 de maio de 2025