Ao lado de Haddad, Tarcísio apoia recuar de principal crítica à reforma tributária
Após críticas de outros estados, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), agora admite a possibilidade de apoiar a cobrança centralizada de imposto na reforma tributária . Após reunião nesta quarta-feira (5) com o ministro Fernando Haddad , ele afirmou ao lado do titular da Fazenda que a câmara de compensar não é um “cavalo de batalha”.
“A câmara de compensar é uma alternativa, também não é um cavalo de batalha, [algo] que precisa ser assim. À medida que a gente melhora a governança do Conselho Federativo, a gente pode partir para uma administração centralizada. Se a governança for pior, aí faz sentido a gente trabalhar com uma câmara de compensação”, disse.
Tarcísio vinha defendendo uma câmara de compensação entre os governos estaduais para repassar os recursos recolhidos no novo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), a ser criado a partir da fusão de outros tributos, sob argumento de que o Conselho Federativo seria uma afronta à autonomia dos estados de arrecadar seus impostos.
No texto do relator da reforma, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) , uma das tarefas do colegiado seria centralizar a arrecadação do IBS e dirigir a distribuição dos recursos aos estados e municípios. São Paulo resistiu a esse modelo por querer manter o controle sobre o recolhimento dos tributos para depois repassar a parte que cabe a outros entes.
Na terça-feira (4), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que o estado não iria brigar por um modelo de arrecadação descentralizado na reforma e que essa era uma demanda por São Paulo. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse também que prefere o modelo de gestão centralizada por ser “mais eficiente”.
Segundo Tarcísio, São Paulo concorda com a “espinha dorsal” da proposta da reforma tributária, citando como exemplos o IVA dual (uma parcela da alíquota será controlada pelo governo federal, e outra, por estados e municípios) e o princípio do destino (os tributos sobre o consumo serão destinados à região em que está o consumidor do produto ou serviço).
Sobre o impasse em torno do conselho, Tarcísio aceitou a criação do órgão desde que houvesse uma mudança nas regras de composição do órgão.
“A gente concorda com 95% da reforma. A partir do momento em que melhoro a governança do Conselho Federativo, posso ter algo mais ‘algoritmizável'”, afirmou.
O governador disse também que as ponderações feitas são “questões pontuais” e que é “muito fácil” construir um entendimento entre as partes. Ele ainda colocou São Paulo como um “parceiro” na aprovação da reforma tributária.
Para Tarcísio, o modelo de governança do Conselho deve estar expresso na PEC (proposta de emenda à Constituição) — e não em uma lei complementar sobre o tema. “A gente precisa de um quórum qualificado para manter essa governança”, afirmou. “Esse Conselho tem de ser um braço operacional do sistema de arrecadação automática, de disponibilização de créditos de forma mais automatizada.”
Alguns governadores pedem ajustar na governança do Conselho Federativo com o intuito de evitar que interesses de regiões com maior número de estados prevaleçam sobre os demais.
Entre as propostas, Eduardo Leite sugere que os quóruns de deliberação no colegiado sigam ou que já sejam usados nas votações de convênios do ICMS no âmbito do Confaz (Conselho de Política Fazendária). A regra prevê que, para haver aprovação, é preciso reunir votos de dois terços dos estados (18 de 27) e um terço das unidades da federação em cada uma das cinco regiões.
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), também defende que sejam levados em conta outros critérios, como populacionais, para as decisões.
Folha de SP