Após 50 anos, IBGE volta a usar termo ‘favelas’ no Censo a pedido de moradores

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou, nesta terça-feira (23), que vai voltar a usar o termo “favelas e comunidades urbanas” para se referir a esse tipo de região — muito comum no Brasil — nos censos e pesquisas desenvolvidos pelo órgão.
Até o Censo de 1960, o IBGE utilizava o termo favela, mas trocou para “aglomerados urbanos excepcionais”, “setores especiais de aglomerados urbanos” e “aglomerados subnormais” a partir do Censo de 1970. Conforme o instituto, trata-se da adoção de um novo nome e da reescrita dos critérios, refletindo uma nova abordagem sobre o tema.

“A nova nomenclatura foi escolhida a partir de estudos técnicos e de consultas a diversos segmentos sociais, visando garantir que a divulgação dos resultados do Censo 2022 seja realizada a partir da perspectiva dos direitos constitucionais fundamentais da população à cidade”, afirmou Cayo de Oliveira Franco, Coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE.

O órgão realizou, em setembro do ano passado, o Encontro Nacional de Produção, Análise e Disseminação de Informações sobre as Favelas e Comunidades Urbanas no Brasil, com a participação de diversos movimentos sociais ligados a esses territórios para decidir sobre a utilização do termo.

Em reuniões realizadas no encontro, a denominação “favelas e comunidades urbanas” foi escolhida como a ideal por ser habitualmente utilizada pelas lideranças comunitárias envolvidas nesse debate. “Ressaltou-se a popularidade do termo, especialmente fora da região sudeste, e a relevância de um nome fortemente embasado nas práticas sociais e comunitárias desses territórios”, conforme o IBGE.

Segundo o último Censo feito pelo IBGE, de 2010, o Brasil tem cerca de 11,4 milhões de pessoas morando em favelas, o que representava 6% dos habitantes do país. Cerca de 12,2% delas, ou 1,4 milhão, estavam no estado do Rio de Janeiro.

Os resultados sobre esse tipo de território no Censo 2022 devem ser divulgados no segundo semestre deste ano.

CNN

Postado em 24 de janeiro de 2024