Após café com Ciro, cresce apoio à pré-candidatura do ex-governador entre nomes da oposição na Alece

Postado em 16 de maio de 2025

Uma semana depois de receber Ciro Gomes (PDT), parte da bancada de oposição na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) realizou, na manhã desta quarta-feira (14), mais um encontro para alinhar a estratégia de atuação na Casa e na corrida eleitoral de 2026. Mesmo que a nova reunião tenha sido categorizada como “técnica”, o apoio ao nome do ex-governador seguiu em pauta. 

A avaliação de uma ala da oposição é que o “movimento cresceu” em torno de Ciro, pensando na disputa contra a reeleição de Elmano de Freitas (PT). Nos bastidores, parlamentares do bloco evidenciaram o sentimento de ter o ex-ministro como concorrente “mais competitivo” na corrida pelo Palácio da Abolição. 

Alguns chegaram a defender, ainda, que Ciro seria um “nome nacional” e que “larga na frente” no interior do Ceará. Isso, o deixaria à frente de outros possíveis candidatos ligados ao grupo, como o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) e o ex-deputado Capitão Wagner (União).

Na parte “técnica” do café, os deputados da oposição receberam José Ribeiro Neto, advogado e auditor fiscal aposentado da Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE), que falou sobre a possível “inconstitucionalidade” da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) retido por substituição tributária, entre outras questões ligadas ao tema.

Acerca desta pauta, inclusive, o grupo pretende elaborar e apresentar um projeto de lei com a colaboração do especialista — ainda sem previsão do início da possível tramitação. 

XADREZ NACIONAL

Em entrevista ao PontoPoder, após a reunião, Felipe Mota (União) explicou que é preciso esperar as movimentações das executivas nacionais dos partidos da oposição para chegar à definição dos nomes, o que envolve diretamente o PDT. Isso, complementa o deputado, depende também da própria permanência de Ciro na legenda — ventila-se a possibilidade do ex-ministro migrar para o PSDB.   

Mesmo assim, o parlamentar defende a competitividade de Ciro Gomes para a disputa pelo Governo do Estado. “Quando uma figura nacional retorna para o seu estado, ele é muito bem visto porque as pessoas veem isso como um ato de bravura, como um ato de que a pessoa realmente se preocupa com o seu estado, ter que deixar o projeto nacional lá em cima e vir cuidar aqui do seu estado para colocar novamente o Ceará nos trilhos”, pontua.

É nesse sentido que Felipe Mota entende que o caráter “nacional” do ex-ministro pode agregar mais apoio e ajudar no consenso em torno de uma candidatura unificada da oposição, mesmo diante da possibilidades de outros nomes, como Roberto Cláudio, Capitão Wagner e um postulante próprio da sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que chegou a ser defendido pelo deputado federal André Fernandes (PL).

“Eu vejo política como sinalização. Se o Ciro deu uma sinalização de que poderia aliar-se a um projeto do PL nacional, assim como estadual, votando no Alcides [Fernandes], porque não o mesmo ato de devolução e humildade do PL em relação a uma candidatura da oposição? Não quero nem dizer que possa ser o Ciro. Pode ser o Ciro, pode ser o Roberto Cláudio, pode ser o Capitão Wagner, pode ser um deputado estadual, pode ser um deputado federal, não interessa. Só que nós temos que estar discutindo e conversando”Felipe Mota

Deputado estadual pelo União Brasil

AS MOVIMENTAÇÕES DO PDT

No encontro da oposição na semana passada, Ciro demonstrou preferência por Roberto Cláudio para a disputa pelo Palácio da Abolição. No entanto, o político não descartou uma candidatura caso seja o nome mais competitivo para enfrentar Elmano de Freitas.

Nesta quarta-feira (14), o presidente do PDT Ceará, o deputado federal André Figueiredo, se disse “surpreso” com a possibilidade de Ciro ser candidato ao Governo do Ceará. “Essa candidatura do Ciro também é uma surpresa para todos nós. Nós não chegamos a conversar sobre isso”, reforçou ao PontoPoder, durante visita à Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor).

Figueiredo também refutou outra posição de Ciro no encontro com a oposição: o apoio ao deputado estadual Alcides Fernandes (PL), pai do André Fernandes, que teve pré-candidatura lançada para o Senado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 

“Isso é uma posição pessoal dele, certamente não será uma posição do PDT”, reforçou o presidente do PDT Ceará. “Nós não temos como apoiar uma candidatura de alguém que representa o que nós combatemos. Mas respeitamos a posição do Ciro, é a posição dele, mas o PDT institucionalmente não estará lado a lado com uma candidatura do PL aqui no Ceará”, disse o parlamentar.

Diario do Nordeste