Após ficar inelegível, Bolsonaro questiona: “Quem se comportou mais do que eu?”

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou “quem se comportou mais” do que ele após o julgamento de inegibilidade. Ele estava em Belo Horizonte e chegou a Brasília na noite desta sexta-feira (30/6). “Quem se comportou mais do que eu? Alguns até reclamam, mas eu não saí das quatro linhas. Me aponte uma ação minha, um descumprimento meu de uma ação judicial”, disse o político.

A chegada foi discreta, em um portão de desembarque diferente do comercial, onde pessoas que souberam da volta do ex-presidente chegaram a puxar um coro de “inelegível”. Somente uma apoiadora, com uma criança, apareceu.

Bolsonaro chegou a criticar a prisão de seus aliados: “Tenho o Cid preso, mais dois assessores presos. A condenação dele, se houver, será abaixo de quatro anos, não compete prisão preventiva pra isso. Por que deixar meu pessoal preso? É uma perseguição para minar e dizer que estou com assessor preso”.

Minutos antes de Bolsonaro chegar, um passageiro inusitado apareceu: o cantor Alexandre Pires. “O bicho ‘tá’ pegando”, disse, sorrindo e surpreso com a quantidade de jornalistas.

O julgamento
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou, nesta sexta-feira, Bolsonaro inelegível. O ex-mandatário foi condenado, com o placar de 5 a 2, pelos ataques que fez ao sistema eleitoral brasileiro durante reunião com embaixadores, em julho de 2022. O TSE entendeu que houve abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

Com a decisão, o ex-presidente da República está impedido de concorrer a qualquer cargo eletivo por oito anos, a contar de 2022. Na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) julgada, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) acusou Bolsonaro de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião do então presidente com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada.

Segundo o partido, o ex-presidente atacou, no evento, as Cortes do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou, sem apresentar nenhuma prova, que os resultados das eleições gerais de 2022 proclamados pela Justiça Eleitoral não seriam confiáveis.

Além disso, o PDT afirma que houve violação ao princípio da isonomia entre as candidaturas, configurando abuso de poder político o fato de a reunião ter ocorrido na residência oficial da Presidência da República e ter sido organizada por meio do aparato oficial do Palácio do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores.

Metrópoles

Postado em 1 de julho de 2023