Após inconsistência nos votos, eleição da bancada evangélica é anulada.
Em meio a uma briga envolvendo o uso da cédula impressa, a Frente Parlamentar Evangélica tenta escolher nesta quinta-feira (2) o novo presidente da bancada. Ligado à Assembleia de Deus da região Norte, o deputado Silas Câmara (Rep-AM) é favorito para derrotar o deputado Eli Borges (PL-TO).
Nos últimos dias, Eli chegou a despontar com força, devido à articulação do PL e da desistência do deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), que declarou voto nele.
Quando a eleição por cédula estava se encaminhando para o fim, o grupo de Eli começou a questionar supostos indícios de fraude no registro de votos. Ainda não há resultado oficial da disputa.
— Se for declarado um vencedor, eu vou judicializar porque essa eleição foi fraudada. Não vou aceitar — declarou Otoni de Paula, ao se retirar da reunião da bancada evangélica. Segundo ele, parlamentares que não estavam subscritos como membros da Frente votaram em Silas.
Era esperado que o resultado do pleito saísse até o fim da manhã, mas até 13h10 não havia definição.— Só briga. Está parecendo o PL — disse um deputado evangélico, aos risos, ao sair da reunião.
Prevendo o confronto, o presidente da Frente, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), determinou que a deliberação ocorresse a portas fechadas.
— Eleição dá essa confusão. Por isso, eu sempre fui a favor de um acordo — disse Sóstenes.
Segundo ele, houve um problema técnico no sistema da Câmara, que não registrou os novos subscritos da bancada. Antes da reunião, existia a possibilidade de acordo para selar a paz. Entre os deputados “irmãos na fé” houve a sugestão de que um candidato assumiria no primeiro ano e o outro, no segundo.
O problema é que os dois queriam iniciar a legislatura na presidência e não cederam. A eleição, então, foi realizada.
— A gente não diz que somos crentes, irmão, que somos a palmatória do mundo, que a gente corrige gay, todo mundo. E faz essa sacanagem aqui dentro, eu não tolero isso, não — disse Otoni de Paula.
Silas Câmara ganhou o respaldo de parlamentares da Universal, como senador Marcelo Crivella e o deputado Márcio Marinho, ambos do Republicanos. Nesta quarta-feira, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, se movimentou em prol da campanha de Eli.
— Ele (Eli) tem muitas chances. É o favorito — disse Valdemar ao Globo.
Apesar do PL ser maioria na Câmara e na bancada, a articulação pode não ser suficiente para o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhar o comando do grupo.
Silas já foi presidente da Frente entre 2019 e 2020 e mantém diálogo com líderes de diferentes denominações. Silas recebeu apoio até de membros da igreja de Borges, a Assembleia de Deus do Ministério Madureira. Um dos principais apoios foi o de Cezinha da Madureira (PSD-SP), que já presidiu o comitê durante 2021.
Folha de São Paulo