Associação argentina denuncia 11 mil demissões por Milei no fim de semana: ‘Pode acabar preso’
O secretário-geral da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), Rodolfo Aguiar, denunciou, nesta terça-feira (2), que 11 mil funcionários públicos da Argentina foram demitidos só neste fim de semana. Ele define que não só o presidente argentino, Javier Milei, como sua equipe poderiam ser presos. Número total de exonerados desde a posse do chefe de Estado, em dezembro, é estimada em 24 mil.
“O Presidente decidiu quebrar o sistema jurídico argentino na sua essência e tanto ele como os seus funcionários poderão acabar presos”, afirma em publicação nas redes sociais. “Provocar demissões em massa no Estado é suprimir direitos fundamentais das pessoas e essa é uma conduta tipificada no nosso Código Penal.”
Na última terça-feira (26), Milei anunciou que pretendia exonerar 70 mil funcionários públicos nos próximos meses. No dia seguinte, porém, o porta-voz da Presidência, Manuel Ardoni, afirmou que deveriam ser 15 mil demissões dentre 70 mil contratos analisados.
Ainda em dezembro, o presidente já tinha anunciado a demissão de 5 mil funcionários públicos, restritos, dessa vez, àqueles com menos de um ano de trabalho.
E as mudanças econômicas de Milei não param por aí. Em entrevista à “CNN en Español”, o presidente argentino reforçou a promessa de dolarizar a economia do país, mas não antes de fechar o Banco Central. A transição, porém, não é prevista ainda para 2024. Ambas propostas foram feitas durante a campanha presidencial do então candidato, que, com discurso de extrema-direita, dizia que iria combater um Estado inflado e burocrático.
Como está a economia argentina sob governo de Milei
Quando Milei foi eleito, a Argentina já enfrentava uma das maiores crises econômicas da história. Segundo o Indec, instituto de estatísticas argentino, a inflação no país foi de 211,4% em 2023, sendo a maior taxa anual desde a hiperinflação em 1990.
Nesta terça, R$1 brasileiro corresponde a cerca de 170 pesos argentinos. Já o US$ 1 é o equivalente a quase 860 pesos. No entanto, a desvalorização da moeda não parece afetar os investidores e a percepção do mercado internacional: o risco país atingiu seu menor nível em dois anos.
Em relação à condição financeira dos argentinos, um levantamento do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina mostrou que a pobreza no país já deve ultrapassar 57% da população. Isso representaria um pior índice desde a crise do início dos anos 2000.
CBN