Astrônomos detectam vapor de água em planeta fora do Sistema Solar
O telescópio espacial Hubble detectou vapor de água na atmosfera do menor planeta fora do nosso Sistema Solar, uma “descoberta histórica” que se aproxima da astronomia ainda mais da caracterização de planetas semelhantes à Terra.
O pequeno exoplaneta GJ 9827d, descoberto em 2017 pelo telescópio espacial Kepler, tem aproximadamente o dobro do diâmetro da Terra e orbita ao redor de uma estrela anã vermelha situada a 97 anos luz na Constelação de Peixes, anunciouam uma agência espacial americana (Nasa) e a Agência Espacial Europeia (ESA) em comunicado nesta quinta-feira (25/01).
Duas classificações possíveis para o exoplaneta
A equipe por trás da descoberta analisa dois cenários possíveis: ou o planeta é um “mini-Netuno” com uma atmosfera rica em hidrogênio misturada com água, ou é uma versão mais quente da lua de Júpiter, Europa, que sob sua crosta contém duas vezes mais água que a Terra.
“O planeta GJ 9827d pode ser metade água e metade rocha. E pode haver muito vapor de água no topo de algum corpo rochoso menor”, afirma Bjorn Benneke, da Universidade de Montreal e um dos líderes da pesquisa.
“Até então, não havia sido possível detectar diretamente a atmosfera de um planeta tão pequeno. E agora estamos gradualmente entrando neste regime.”
Trabalho possível graças ao Hubble
Durante três anos, o telescópio Hubble observou o planeta por 11 trânsitos – eventos em que o astro passou em frente da estrela em torno de qual órbita. Durante esses movimentos, a luz da estrela é filtrada pela atmosfera do planeta, permitindo que os astrônomos utilizassem os instrumentos do Hubble para analisar padrões de núcleos (longitudes de onda), que acabaram revelando a assinatura característica das moléculas de água.
Um exoplaneta inabitável
Mesmo que o GJ 9827d tenha água em sua atmosfera, o fato de apresentar uma temperatura por volta dos 425ºC, semelhante à de Vênus, o torna um mundo inabitável na prática.
Ainda assim, a descoberta do Hubble abre caminho para novos estudos deste e de outros exoplanetas semelhantes, especialmente pelo telescópio espacial James Webb, que pode usar suas imagens infravermelhas de alta resolução para encontrar mais moléculas atmosféricas, como dióxidos de carbono e metano.
“Água num planeta tão pequeno é uma descoberta histórica. Isso nos aproxima mais do que nunca da caracterização de mundos reais semelhantes à Terra”, explica Laura Kreidberg, do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha.
BAND