Balança comercial fecha março com superavit de quase US$ 11 bilhões
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) publicou, na tarde desta segunda-feira (3/4) os dados do comércio exterior do Brasil no mês de março. No terceiro mês do ano, a balança comercial apresentou crescimento de 37,7%, com superavit de US$ 10,96 bilhões. No primeiro trimestre de 2023, como um todo, o resultado positivo foi de US$ US$ 16,07 bilhões, com 29,8% de crescimento.
Esse resultado representa o maior superavit mensal registrado desde o início da série histórica do indicador, em 1989. Um dos principais destaques da balança foi o crescimento forte da Indústria Extrativa, que obteve elevação de 20,6% no último mês. Além disso, os outros dois segmentos tiveram superavit. A Agropecuária teve crescimento de 6,3%, enquanto que a Indústria de Transformação apresentou alta de 1,6% na balança.
A especialista em comércio internacional da BMJ Consultores Assosciados, Bruna Rizolo, explica que o avanço foi puxado pelo aumento de 53,8% nas exportações de petróleo bruto, em relação a março de 2022, mesmo após a aplicação do Imposto de Exportação ao item pelo governo federal. “O crescimento observado mesmo com a aplicação da tarifa é explicado pelos baixos embarques realizados em fevereiro de 2022, assim como por contratos que já foram firmados anteriormente ao estabelecimento do imposto de exportação, que tende a reduzir a venda dos itens ao exterior”, explica.
A apresentação dos resultados do comércio exterior também contou com a divulgação da primeira previsão da balança comercial para 2023. O governo espera uma redução nas exportações e importações no ano, em relação a 2022. “Contudo, a expectativa de redução das importações (11,8%) é maior que a das exportações (2,8%), o que possibilitaria um superavit 36,8% maior em 2023 do que aquele observado em 2022”, explica Rizzolo.
Entre os principais parceiros comerciais do país, o que mais se destacou na balança comercial foi a China — que inclui Hong Kong e Macau. O país oriental, que ia ser o destino de Lula em uma viagem internacional no último mês, que teve de ser adiada por problemas de saúde do presidente, tem intensificado as relações com o Brasil no comércio exterior.
Em março, o crescimento das exportações para a China foi de 12,3%, o que totalizou US$ 11,10 bilhões para o Brasil. Em contrapartida, as importações de produtos do país asiático teve queda de 19,5%, totalizando US$ 4,30 bilhões. Em relação aos EUA, o comércio foi deficitário em US$ 0,59 bilhões para o Brasil no último mês.
A especialista acredita que, mesmo com os acenos de Lula à China, ainda deve demorar mais um tempo para ter efeitos concretos nos resultados da balança comercial entre os países. Ela explica que o aumento nas exportações de petróleo têm a China como importante destino, o que influenciou o aumento do comércio com o país asiático.
“Em relação à queda do comércio com os EUA, observamos um recuo das importações brasileiras, enquanto houve aumento das exportações. Dessa forma, teríamos que avaliar melhor quais os produtos tiveram redução nas importações provenientes dos EUA, para entendermos a conjuntura, e esses dados ainda não estão disponíveis”, conclui.
Diario de Pernambuco