Banco Master: suspeita de fraude gira em torno de R$ 12 bilhões, diz Polícia Federal

Uma operação da Polícia Federal (PF) desta terça-feira (18) prendeu o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, por suspeita de emissões de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Ao todo, a corporação diz que a fraude bancária gira em torno de R$ 12,2 bilhões.
Este valor foi bloqueado pela justiça. Carros de luxo, obras de arte, relógios e R$ 1,6 milhão em espécie foram apreendidos. Além de Daniel, outras cinco pessoas foram presas.
Durante a CPI do Crime Organizado, no início desta terça, o diretor-geral da Polícia Federal (PF) comentou sobre a operação contra o Banco Master
“Estamos fazendo uma operação importante, com o Banco Central e Coaf atuando em conjunto, em um crime contra o sistema financeiro. Fala-se em R$ 12 bilhões envolvendo esse crime em investigação, com várias prisões. Nessa operação desta terça, a fraude é de R$ 12 bilhões”, afirmou Andrei Passos.
Operação da PF
A operação, chamada Compliance Zero, aponta que os títulos de crédito falsos eram vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central (BC), substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.
Logo após o início da operação, o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, medida que também alcança a Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários e inclui a suspensão dos bens de controladores e ex-administradores. Com isso, qualquer negociação de compra em andamento é automaticamente interrompida.
As investigações começaram em 2024, após requisição do Ministério Público Federal (MPF), para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Outros crimes, como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa estão sendo investigados.
O jornalismo do SBT entrou em contato com o Banco Master solicitando uma nota de posicionamento mas, até o momento, não houve retorno. A defesa de Daniel Vorcaro afirma que o banqueiro estava indo para Dubai em uma viagem a negócios.
Quem é Daniel Vorcaro
Daniel Bueno Vorcaro, 42 anos, preso em operação da Polícia Federal (PF) nesta terça, é um banqueiro de investimentos conhecido no mercado financeiro nacional. Nascido em Belo Horizonte, Vorcaro é dono do Banco Master e tem participações em empresas dos setores de saúde, varejo e tecnologia.
O mineiro assumiu a presidência do Banco Máxima em 2018, quando a instituição passou a adotar o nome Banco Master. Durante sua gestão, o banco ampliou operações e criou uma corretora de investimentos. Ele também fundou o Banco Master de Investimentos e possui participação na Kovr Seguradora.
Nos últimos anos, o Master expandiu sua presença física, ocupando quatro andares de um edifício da Faria Lima, em São Paulo. Mais tarde, a instituição anunciou a mudança para um prédio maior, com o objetivo de centralizar todas as áreas em um único endereço.
Além do Banco Master, Vorcaro é um dos proprietários do hotel de luxo Fasano Itaim, localizado no bairro nobre da capital paulista. Em 2023, o empresário também foi dono de um fundo de investimentos milionário do time de futebol Atlético-MG.
Banco Central
Veja nota do Banco Central:
“O Banco Central decretou hoje, 18 de novembro de 2025, a liquidação extrajudicial do Banco Master S/A, do Banco Master de Investimento S/A, do Banco Letsbank S/A, e da Master S/A Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários, bem como Regime Especial de Administração Temporária (RAET) do Banco Master Múltiplo S/A, instituições integrantes do Conglomerado Master.
Trata-se de conglomerado prudencial bancário, classificado como de crédito diversificado, porte pequeno e enquadrado no segmento S3 da regulação prudencial, tendo como instituição líder o Banco Master S/A.
O conglomerado detém 0,57% do ativo total e 0,55% das captações totais do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
A decretação do regime especial nas instituições foi motivada pela grave crise de liquidez do Conglomerado Master e pelo comprometimento significativo da sua situação econômico-financeira, bem como por graves violações às normas que regem a atividade das instituições integrantes do SFN.
No tocante ao Banco Master Múltiplo S/A, a opção pelo RAET mostrou-se a mais adequada tendo em vista a possibilidade concreta de solução que preserva o funcionamento da sua controlada Will Financeira.
O Banco Central continuará tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades nos termos de suas competências legais. O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas sancionadoras de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis. Nos termos da lei, ficam indisponíveis, a partir de hoje, os bens dos controladores e dos ex-administradores das instituições objeto dos regimes especiais decretados.”
sbt
