Bolsonaro cita ‘mundo caindo na cabeça’, mas diz que ‘não tem medo de julgamento’
Um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar o sigilo dos depoimentos de militares que o implicaram na trama golpista depois da eleição de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) evitou se debruçar sobre o teor das investigações. Alegou, no entanto, que é perseguido por ser um “paralelepípedo no sapato da esquerda” e disse não temer julgamentos.
— Eu poderia muito bem estar em outro país, mas decidir voltar para cá com todo o risco. Não tenho medo de qualquer julgamento, já que os juízes são isentos — afirmou durante o lançamento da pré-candidatura de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio. — Ramagem trabalhou comigo, fez um excelente trabalho, deixou sua marca. E, obviamente, quando se lança o pré-candidato, o mundo cai na cabeça dele, como vem caindo na minha, porque sou um paralelepípedo no sapato da esquerda.
O deputado federal e ex-diretor da Abin, investigado por suspeita de espionagem ilegal no período à frente da agência, ainda é considerado um postulante frágil na eleição carioca justamente por causa das investigações.
O ato de hoje se deu na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio. Ontem, enquanto o ministro Alexandre de Moraes derrubou o sigilo dos depoimentos de militares sobre uma suposta tentativa de golpe, Bolsonaro fez uma espécie de “turnê” por cidades litorâneas na Região Metropolitana e na Região dos Lagos.
Segundo os depoimentos convergentes do ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes e do ex-chefe da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior, Bolsonaro teria apresentado três opções jurídicas para colocar o golpe em curso: Garantia da Lei e da Ordem (GLO), estado de sítio e estado de defesa. A única das Forças Armadas para completar a aventura golpista teria sido a Marinha, com o almirante Almir Garnier Santos.
Os depoimentos, conforme noticiou ontem o GLOBO, são vistos pelos investigadores como prova da participação efetiva” de Bolsonaro na trama golpista após a derrota eleitoral de 2022.
O GLOBO