Bolsonaro disse que deveria ter trocado coronel por ‘serviço secreto russo’
Na reunião de 2020 na qual debateu um plano para livrar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de investigação da Receita Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse ao ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno que devia ter trocado um coronel do Exército de quem recebia informações pelo “serviço secreto russo”.
“Eu recebi… Eu não te passei, não? Eu recebi… Quem passa as informações para mim é um coronel do Exército. Devia ter trocado pelo serviço secreto russo”, afirmou Bolsonaro. O assunto não se desenvolveu, pois na sequência o ex-presidente recebeu duas advogadas de Flávio para conversar sobre a investigação da Receita sobre supostos desvio de parte dos salários dos funcionários do gabinete dele na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) enquanto ele era deputado estadual.
A gravação revela que Bolsonaro sugeriu às advogadas do filho conversar com o então secretário da Receita, José Barroso Tostes Neto, para anular relatórios produzidos pelo órgão contra Flávio. No diálogo com a defesa do senador, o ex-presidente também prometeu levar o tema ao ex-presidente da Dataprev, Gustavo Canuto. “Vou conversar com ele sozinho”, disse Bolsonaro.
Além disso, o ex-presidente disse que o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, pediu uma vaga no Supremo Tribunal federal em troca de resolver o caso de Bolsonaro.
A gravação tem uma hora e oito minutos de duração. De acordo com a corporação, Ramagem teria afirmado na reunião que seria preciso instaurar “procedimento administrativo contra os auditores, com o objetivo de anular as investigações, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.
Em nota, Flávio Bolsonaro negou qualquer irregularidade por parte das advogadas dele. “Mais uma vez, a montanha pariu um rato. O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família. A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não ‘tem jeitinho’ e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente.”
R7