Bolsonaro nega fuga, diz que está doente e quer acompanhar julgamento por tentativa de golpe

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que tenha planos de deixar o Brasil diante do avanço do processo que pode levá-lo à condenação por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, com respectivas penas previstas no Código Penal e cuja soma pode alcançar até 43 anos de prisão, caso a Primeira Turma do STF opte por aplicar a punição mais severa para cada crime. Em entrevista ao portal Poder360, nesta terça-feira 15, Bolsonaro disse que sofre de problemas de saúde e afirmou que quer acompanhar o julgamento.
“Estou cheio de problemas de saúde, como que eu vou pra outro país? E outra, eu quero ver esse julgamento meu”, declarou. No início do mês, Bolsonaro já havia anunciado a suspensão de toda sua agenda de julho por causa de crises de soluço e vômitos.
Ao comentar a possibilidade de prisão, o ex-presidente afirmou que “tudo pode acontecer hoje em dia” e citou como exemplo o caso do general Braga Netto, preso por obstrução de Justiça. Ele voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Uma pessoa que sequestrou o Supremo Tribunal Federal e faz o que bem entende: prende, ele que vai interrogar, ele que vai julgar, ele que diz que é vítima porque tinha um plano para matá-lo”, disse Bolsonaro.
PGR pede condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe
Na noite desta segunda-feira 14, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou ao STF o parecer final da Ação Penal nº 2.668, que trata da tentativa de golpe de Estado supostamente liderada por Bolsonaro.
No documento de 517 páginas, Gonet pede a condenação do ex-presidente pelos crimes de liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e de prejuízo à vítima e deterioração de patrimônio tombado.
Com a entrega das alegações finais, começa a contagem de prazos para manifestações das defesas, começando pela do ex-ajudante de ordens e delator Mauro Cid. Após o prazo de 15 dias, será aberto o prazo para as demais defesas, incluindo a de Bolsonaro.
O julgamento poderá ocorrer entre agosto e setembro, conforme previsão da Corte. O processo é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes e os prazos não são suspensos durante o recesso do Judiciário.
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