Bolsonaro revive clima de campanha em 1ª viagem pelo país após voltar dos EUA
Em sua primeira viagem pelo país após retornar de um período de três meses nos Estados Unidos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reviveu em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) neste domingo (30) o clima da campanha eleitoral de 2022.
Bolsonaro desembarcou no aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão, pouco antes das 14h deste domingo e foi recebido por apoiadores que horas antes já se aglomeravam no local.
Gritos como “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, “Deus, pátria, família e liberdade” e “Eu vim de graça” foram entoados a todo momento pelas pessoas presentes sob uma temperatura de 31 graus.
Um forte esquema de segurança foi montado. A região próxima à área de desembarque foi cercada, e policiais militares faziam revista em quem entrava no local. Havia ao menos 15 veículos de forças de segurança no aeroporto, inclusive dois ônibus da Polícia Militar.
No voo, Bolsonaro embarcou após todos os passageiros. Na chegada a Ribeirão, desembarcou antes dos demais, cercado por quatro seguranças.
No entorno, vendedores ambulantes comercializavam camisas alusivas ao ex-presidente por R$ 50, mesmo preço cobrado por bandeiras pequenas.
“O acompanho desde 2019, vendi muita camisa já, mas seria melhor se ele tivesse ganhado [em 2022]”, disse o vendedor Paulo Sérgio Alves, de São Paulo.
Próximo a ele, a bancária Patrícia Matos, de Franca, experimentava uma delas, para substituir a que usou no ano passado. “Estava gasta demais já”, disse.
Do aeroporto Bolsonaro saiu na caçamba de uma caminhonete e foi seguido por motos e carros até uma fazenda às margens da rodovia Abrão Assed que liga Ribeirão Preto à serrana. Políticos como o deputado Mário Frias acompanharam o desembarque do ex-presidente.
O objetivo da visita a Ribeirão foi o de participar da cerimônia de abertura da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) nesta segunda (1º), que no entanto foi cancelada pela organização devido a uma polêmica com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Principal feira de tecnologia agrícola da América Latina, a Agrishow entrou em rota de colisão com o governo federal na última terça-feira (25), quando o presidente da feira, Francisco Matturro, comunicou ao ministro Carlos Fávaro (Agricultura) que Bolsonaro participaria da cerimônia de abertura e sugeriu que o ministro visitasse o evento no dia seguinte, quando haverá uma reunião da FPA (Frente Parlamentar do Agronegócio).
Fávaro se sentiu “desconvidado”, cancelou a agenda em Ribeirão Preto e fez com que o governo Lula ameaçasse, na sexta-feira (28) cancelar o patrocínio do Banco do Brasil ao evento.
Na noite de sábado (29), pressionada por expositores, as associações organizadoras da Agrishow anunciaram num comunicado o cancelamento da cerimônia de abertura.
A não realização do ato de abertura não impedirá que Bolsonaro visite a feira. O ex-ministro Fabio Wajngarten publicou numa rede social que o ex-presidente permanecerá em Ribeirão até o final desta segunda-feira (1º).
Vídeos de Pontes e Salles foram compartilhados em aplicativos de mensagens nos últimos dias convocando “conservadores”, “patriotas” e “homens e mulheres de bem” para participar da recepção a Bolsonaro.
O convite para Bolsonaro visitar Ribeirão partiu do presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, Paulo Junqueira, que também preside a Associação Rural de Ribeirão e é vice-presidente da Assovale (Associação Rural Vale do Rio Pardo).
Junqueira já tinha recepcionado Bolsonaro quando o presidente participou da feira agrícola no ano passado, em seu último ano no cargo de presidente.
No ano passado, Bolsonaro já havia sido recebido num almoço na mesma propriedade.
Ao participar da Agrishow, iniciou seu discurso afirmando que “jamais esperava ser presidente da República”.
“Já que aconteceu, entendo que é uma missão de Deus […] E reforçar aqui: só Deus me tira daquela cadeira.”
Afirmou que, enquanto deputado federal, sempre assinou listas para participar da bancada do agronegócio em Brasília e que participava e colaborava conforme sua estatura, “que não era muito grande, para esse enorme setor que é o agronegócio”.
O TEMPO