Brasil cria 190,3 mil vagas com carteira em outubro, salto de 18,8%
A economia brasileira gerou 190,366 mil postos de trabalho com carteira assinada no mês de outubro de 2023, um aumento de 18,76% em relação ao mesmo período do ano passado. No mês de outubro de 2022, foram 160,291 mil vagas geradas.
Os dados constam no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), atualizado pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira. O número representa o saldo líquido (contratações menos demissões) da geração de empregos formais.
Na comparação com o ano passado, é o primeiro mês que registra alta desde março. No terceiro mês deste ano, o Brasil criou 194,171 mil vagas, enquanto no mesmo período de 2022 foram 98,989 mil vagas.
O número de outubro veio bem acima da expectativa de mercado. Pelo Valor Data, as projeções indicavam um intervalo de 100 mil a 175 mil vagas.
O estoque no mercado de trabalho, até outubro, ficou em 44,22 milhões de trabalhadores com carteira assinada;
Em outubro de 2022, esse acúmulo total era de 42,7 milhões. Ou seja, houve um aumento de 1,45 milhão no intervalo de um ano;
Em outra base de comparação, no acumulado de janeiro a outubro, foram 1,78 milhão de vagas. Em 2022, nesse mesmo recorte de tempo, o saldo foi de 2,34 milhões.
O desempenho observado ocorreu apesar do processo de desaceleração da economia. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo Banco Central, e considerado um “termômetro” do PIB, registrou duas quedas seguidas nos meses de agosto e setembro: houve recuo de 0,81% e 0,06%, respectivamente.
A expectativa do governo é terminar o ano com um saldo positivo próximo de 2 milhões de vagas.
— Esperamos que novembro venha na mesma magnitude, agora está difícil calibrar o que vai acontecer em Dezembro (quando tradicionalmente o saldo é negativo). Creio que, nessa ordem de variação, de 1,9 milhões a 2 milhões, a previsão está mantida — disse o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, em coletiva nesta terça-feira.
Setores
No mês, dos cinco grandes grupos da atividade econômica, quatro registraram saldos positivos (admissões subtraídas pelas demissões). Agropecuária teve queda:
Serviços (+109.939 postos);
Comércio (+49.647 postos);
Indústria (+20.954 postos);
Construção (+11.480 postos);
Agropecuária (-1.656).
— Em 2023, se esperava uma desaceleração mais forte para o setor de serviços, que é muito relevante para a economia brasileira e vem construindo para esse resultado (até outubro) — disse Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
O setor de serviços tradicionalmente concentra o maior número de vagas. Matheus Pizzani, economista da CM Capital, avalia que os resultados do mês têm destaque os segmentos relacionados à mão de obra terceirizada, caracterizada pelo nível salarial mais baixo e pela maior flexibilidade para contratação e dispensa de seus trabalhadores.
— Chama atenção também o desempenho positivo apresentado pelo segmento do comércio varejista. A sazonalidade positiva do fim de ano e os possíveis desdobramentos positivos em função da implementação do Desenrolar (programa de renegociação de dívidas do governo) representam possíveis ganhos para o setor, seja em termos de resultado ou mercado de trabalho — analisa Pizzani.
Salário médio caiu
Também foi informado que o salário médio dos novos contratados foi de R$ 2.029,33 em outubro deste ano, o que representa uma redução de R$ 5,18 em relação a agosto deste ano (R$ 2.034,51).
Na comparação com outubro de 2022 houve alta de R$ 16,34, quando o salário médio estava em R$ 2.012,99. Os números são corrigidos pela inflação.
— O salário médio de admissão, que ficou estável no mês, é uma tendência que segue neste segundo semestre. Apesar da geração de empregos positiva, não vemos pressão inflacionária adicional nos salários, o que é uma boa notícia para o processo de redução dos juros pelo Banco Central — avalia Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.
O aquecimento do mercado de trabalho pode intensificar as pressões inflacionárias. Em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou divergência sobre a dinâmica do mercado de trabalho. Alguns membros avaliaram que há moderação e apontam para a desaceleração no ritmo de contratação no mercado formal, por exemplo. Outros diretores estão olhando com maior atenção para a queda na taxa de desemprego e o ritmo “ainda elevado” de contratações no emprego formal.
Com exceção de Roraima, que perdeu 115 postos de trabalho, todos os estados e Distrito Federal registraram saldo positivo. Os destaques foram São Paulo (69,442 postos); Rio de Janeiro (18,803 postos) e Paraná (14,945 postos).
O levantamento do Ministério do Trabalho não considera o setor informal, que é abarcado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE.
O Brasil encerrou o trimestre terminado em setembro com uma taxa de desemprego em 7,7%, patamar mais baixo registrado desde o trimestre terminado em fevereiro de 2015.
O GLOBO