Brasil tem aumento de fumantes pela 1ª vez em 17 anos; veja como parar

Postado em 31 de maio de 2025

O Brasil chega ao Dia Mundial sem Tabaco registrando um aumento na proporção de adultos fumantes pela primeira vez em 17 anosSegundo dados preliminares divulgados esta semana pelo Ministério da Saúde, a prevalência do tabagismo passou de 9,3% em 2023 para 11,6% em 2024.

A elevação interrompe uma trajetória de queda iniciada em 2007, ano que marca o início da série histórica do levantamento. A pesquisa foi realizada em todas capitais brasileiras e no Distrito Federal.

“Pela primeira vez desde 2007 temos um ponto que está ascendente na curva, isso nunca foi visto. É um dado muito preocupante e não estou falando do cigarro eletrônico, mas do cigarro. A prevalência de fumantes entre adultos aumentou pela primeira vez na série histórica”, afirmou a diretora do Daent (Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis) do Ministério da Saúde, Letícia de Oliveira Cardoso.

Apesar de esse aumento não contemplar os usuários de cigarro eletrônico, que aumentou de 2,1% para 2,6% de 2023 para 2024, a pneumologista Nayara Oliveira também enxerga a popularização desses produtos com preocupação.

“Apesar de serem proibidos no Brasil, os produtos são facilmente acessados pela internet ou no mercado informal, favorecendo o início precoce do consumo de nicotina”, aponta.

Além disso, segundo ela, esses produtos contam com apelos estéticos, tecnológicos e sabores atraentes, que seduzem especialmente adolescentes e jovens adultos, que frequentemente os percebem como menos nocivos.

O cigarro eletrônico é responsável por uma doença específica, associada ao seu consumo, a Evali (na tradução livre “lesão pulmonar associada à vaporização”).

Fumar faz mal mesmo para quem não fuma

Nayara aponta que o cigarro traz malefícios tanto para os fumantes ativos quanto para os passivos, que convivem com pessoas que fumam:

Para fumantes ativos, os riscos incluem:

  • Câncer de pulmão, boca, esôfago, laringe, bexiga;
  • Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC);
  • Infarto do miocárdio, AVC e hipertensão;
  • Disfunção erétil e infertilidade;
  • Envelhecimento precoce e doenças periodontais;

Para os fumantes passivos:

  • Maior risco de doenças respiratórias em crianças (asma, otites, bronquiolites);
  • Risco aumentado de câncer, doenças cardíacas e AVC em adultos;
  • Aumento da mortalidade neonatal e baixo peso ao nascer.

O que acontece comigo se eu parar de fumar?

A recuperação é progressiva e começa rapidamente após o último cigarro, segundo a especialista:

  • 20 minutos: pressão arterial e frequência cardíaca começam a se normalizar;
  • 8 horas: os níveis de monóxido de carbono no sangue caem;
  • 48 horas: melhora do olfato e paladar;
  • 2 a 12 semanas: melhora da circulação e da capacidade pulmonar;
  • 1 a 9 meses: redução da tosse e da falta de ar;
  • 1 ano: risco de doença cardíaca é reduzido pela metade;
  • 10 anos: risco de câncer de pulmão cai cerca de 50%;
  • 15 anos: risco cardiovascular se aproxima ao de quem nunca fumou;

Quais tratamentos para parar de fumar estão disponíveis no SUS?

O SUS disponibiliza um programa estruturado para cessação do tabagismo por meio da Atenção Primária à Saúde, baseado nas diretrizes do INCA (Instituto Nacional de Câncer):

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): sessões individuais ou em grupo que ajudam o paciente a entender sua dependência, lidar com gatilhos e desenvolver estratégias para parar de fumar;
  • Bupropiona (cloridrato de bupropiona): medicamento oral com ação antidepressiva que também reduz o desejo pelo cigarro e os sintomas de abstinência. Disponível gratuitamente em algumas unidades, conforme protocolo local.
  • Terapia de Reposição de Nicotina (TRN);
  • Adesivo transdérmico de nicotina (fornecido em 3 dosagens progressivas);
  • Goma de mascar de nicotina (disponível em algumas regiões conforme disponibilidade).

Dicas para parar de fumar

A pneumologista separou algumas dicas para quem deseja cessar o tabagismo:

  • Escolha uma data para parar e prepare-se para ela;
  • Evite situações gatilho, como café, bebida alcoólica ou estresse;
  • Comunique familiares e amigos, para que possam apoiar e respeitar seu processo;
  • Use reposição de nicotina ou bupropiona se for indicado pelo profissional de saúde;
  • Mantenha-se ativo, pratique exercícios físicos, cuide da alimentação e do sono; não desanime diante de recaídas — elas fazem parte do processo e podem ser superadas com resiliência e apoio.

sbt