Câncer de boca é o quinto mais frequente no Brasil

Lesões que se assemelham a aftas nos lábios, língua, gengiva, bochechas e até no céu da boca podem representar algo mais grave quando demoram a sarar. Esse é o principal sintoma do câncer de boca, o quinto mais frequente no Brasil e que afeta, sobretudo, homens acima dos 40 anos e fumantes. A doença representa um importante desafio para a saúde pública, uma vez que, embora as lesões sejam facilmente visíveis e palpáveis, 70% dos casos ainda são detectados em estágios avançados, o que reduz significativamente as chances de cura de uma doença que tem 100% de chances de cura se identificada precocemente.
Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que cerca de 15,1 mil novos casos devam ser diagnosticados por ano no país entre 2023 e 2025. Em meio a esse cenário, o mês de novembro marca a campanha Novembro Vermelho, dedicada à prevenção e conscientização sobre o câncer de boca, tema que, segundo o médico cirurgião de cabeça e pescoço Luiz Eduardo Barbalho de Melo, deve receber mais atenção da população. “É uma campanha que visa à conscientização e alerta para as pessoas fazerem um autoexame muito simples de lesões na boca”, explicou o especialista, que é formado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Segundo ele, qualquer pessoa pode realizar esse exame em casa, observando se há alterações na língua, bochechas, lábios ou gengiva, locais de atrito durante a mastigação. Uma simples ferida pode ser o primeiro sinal de algo mais sério. “O quadro clássico é aquela afta que não cicatriza, mesmo depois de 30 ou 60 dias”, afirmou. Além das feridas, manchas brancas, conhecidas como leucoplasias, ou pigmentadas também são sinais de alerta. “Uma pinta escurecida ou avermelhada na gengiva ou no céu da boca deve ser avaliada, principalmente se mudar de cor ou sangrar”, destacou o médico.
Outros sintomas incluem dor, coceira e até a presença de “caroços” no pescoço, que podem indicar metástase. “É importante verificar se, além da lesão, há nódulos abaixo da mandíbula”, alertou Luiz Eduardo.
Ele conta que os principais fatores de risco continuam sendo o fumo e o consumo excessivo de álcool. “Esses são os principais, embora traumatismos crônicos também possam levar ao aparecimento do câncer oral”, disse. O hábito de morder constantemente a bochecha ou a língua, próteses mal ajustadas e má oclusão dentária também favorecem o surgimento de feridas persistentes na região da boca.
Outros fatores, segundo o INCA, incluem a infecção pelo HPV, a exposição excessiva ao sol — especialmente para o câncer de lábio —, além da idade avançada, alimentação inadequada e imunossupressão.
A boa notícia é que o câncer de boca tem altas taxas de cura quando diagnosticado precocemente. “Quando detectado no início, pode ser tratado com uma cirurgia simples, muitas vezes sob anestesia local”, afirmou Luiz Eduardo.
Mas o especialista lembra que muitos ignoram os sinais iniciais. “A pessoa fica com a afta, usa pomadas ou remédios caseiros e vai adiando a ida ao médico. Quando percebe, o caso já está mais difícil de tratar”, lamentou. Nesses casos, as chances de cura são reduzidas. “Quando o paciente demora a procurar atendimento, a doença pode evoluir e exigir cirurgias complexas, radioterapia e até quimioterapia”, ressaltou o médico.
Tribuna do Norte
