Câncer: mortes pela doença caem, mas há um porém
As mortes por câncer nos Estados Unidos estão chegando, com 4 milhões de óbitos evitados desde 1991, de acordo com o relatório anual da Sociedade Americana do Câncer.
Por outro lado, a sociedade informou que o número de novos casos da doença subiu para mais de 2 milhões em 2023, contra 1,9 milhões em 2022.
O câncer continua a ser a segunda principal causa de morte nos Estados Unidos, depois das doenças cardíacas. Os médicos acreditam que é urgente compreender as mudanças nas taxas de mortalidade, bem como as mudanças nos diagnósticos.
A sociedade médica destacou três fatores principais na redução das mortes por câncer: diminuição do tabagismo, detecção precoce e avanços nos tratamentos.
— Nas décadas de 1980 e 1990, o câncer de mama metastático foi considerado uma sentença de morte —, disse Donald Berry, estatístico da Universidade do Texas e autor de um novo artigo sobre câncer de mama com Sylvia K. Plevritis, da Universidade Stanford.
O artigo, publicado no JAMA, descobriu que a taxa de mortalidade por câncer de mama caiu para 27 por 100 mil mulheres em 2019, de 48 por 100 mil em 1975. Isso inclui o câncer metastático, que representou quase 30% da redução no câncer de mamãe.
O tratamento do câncer da mama melhorou tanto que se tornou um fator mais importante do que o rastreio para salvar vidas, disse Ruth Etzioni, bioestatística do Fred Hutchinson Cancer Center.
As taxas de mortalidade diminuíram até mesmo entre mulheres na faixa dos 40 anos, que geralmente não faziam mamografias regulares, explica Mette Kalager, professora de medicina da Universidade de Oslo e do Hospital Universitário de Oslo, “indicando um efeito substancial do tratamento”, disse ela. .
— A maior história não contada sobre o câncer de mama é como o tratamento melhorou — explica H. Gilbert Welch, epidemiologista de câncer do Brigham and Women’s Hospital. — Esta é uma boa notícia inequívoca.
O que não sabemos: a causa de novos casos de câncer
A American Cancer Society descobriu aumentos na incidência de muitos tipos de câncer, incluindo câncer de mama, próstata, útero, cavidade oral, fígado (em mulheres, mas não em homens), rim e cólon e reto entre adultos de meia-idade. A incidência de melanoma também aumentou. Os números foram ajustados para mudanças no tamanho da população.
William Dahut, diretor científico da sociedade médica disse que, embora a taxa geral de câncer colorretal tenha continuado a diminuir, ele estava preocupado com o aumento em um grupo: pessoas com menos de 55 anos: a incidência é agora de 18,5 por 100 mil habitantes e aumentaram entre 1% e 2% ao ano desde meados da década de 1990, evitando que 30.500 pessoas recebessem este ano.
No final da década de 1990, o câncer colorretal foi a quarta principal causa de morte em pessoas com menos de 50 anos. Agora é a principal causa em homens com menos de 50 anos e a segunda causa principal em mulheres. Os médicos não sabem dizer por quê.
— Não temos uma boa explicação— disse Dahut. — É dieta? É obesidade? É algo no meio ambiente? É exposição no útero?
Mas o câncer colorretal continua a ser predominantemente uma doença das pessoas mais velhas. Nas pessoas com mais de 65 anos, tem diminuído 3% ao ano. A sua incidência é agora de 155,4 por 100 mil habitantes, evitando que 87.500 pessoas sejam consumidas este ano.
Diagnóstico
Os pesquisadores dizem que quanto mais você procura o câncer, mais você encontra. À medida que o rastreio se torna cada vez mais sensível, os médicos descobrem cada vez mais cancros.
Isso parece uma coisa boa— não seria melhor remover os tumores antes que se tornem perigosos? O problema é que às vezes o tratamento pode ser desnecessário, porque nem todos os cânceres são potencialmente fatais ou mesmo perceptíveis. Alguns tipos de câncer nunca se espalham. Outros realmente alguns. Outros podem eventualmente ter um resultado fatal, mas uma pessoa morre antes de outra coisa. Mas pode ser impossível distinguir os cânceres inofensivos dos mortais, por isso todos são tratados.
A situação é chamada de sobrediagnóstico, mas ninguém pode dizer com precisão com que frequência isso ocorre. Com a mamografia, disse Berry, as estimativas de sobrediagnóstico variam de 0 a 50%.
— Os aumentos na incidência são sempre preocupantes à primeira vista, mas precisamos entender por que estão ocorrendo, porque podem ser um artista — afirma Etzioni.
Esse é o desafio que os pesquisadores do câncer enfrentam agora.
O GLOBO