Careca do INSS falta à CPMI, mas investigações avançam

Postado em 16 de setembro de 2025

O cancelamento da oitiva do investigado Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, na CPMI do Congresso Nacional que apura o roubo da previdência social, não atrapalha o andamento dos trabalhos, avalia o líder da oposição., senador Rogério Marinho (PL-RN): “Como nós quebramos os sigilos, isso é apenas uma procrastinação. Daqui a pouco nós vamos ter esses dados nas mãos e vamos fazer justiça aqueles que foram roubados, enganados e fraudado, resgatar o recurso e punir exemplarmente todos aqueles que perpetraram ou deram causa ao que aconteceu”.

““É claro que nesse meio tempo, os seus cúmplices, aqueles que estavam do seu lado quando esse crime foi perpetrado, as pessoas que recepcionaram os recursos, as pessoas que foram beneficiadas, certamente nesse meio tempo tiveram acesso ao senhor Antônio Oliveira e ele simplesmente desistiu de vir à CPMI”, alertou Marinho, que é membro suplente da CMPI, mas vem acompanhando as investigações.
Para Marinho, o “Careca do INSS tentou se esconder e fugir do depoimento, mas a verdade vai alcançá-lo”, porque a CPMI “não vai parar até expor quem saqueou, seguir o dinheiro e devolver justiça aposentados, roubar velhinhos é um crime hediondo e não ficará impune”.


Já o presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG) disse que, na visão, o “Careca do INSS do abandonado e vai contar tudo”, por isso sua recusa e, comparecer para prestar depoimento, na tarde de segunda-feira (15), em Brasília.


Os advogados do investigado informaram que ele não compareceria ao depoimento. Preso na sexta-feira (12) pela Polícia Federal, Antônio Carlos Camilo foi beneficiado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe permite não comparecer à reunião.


O senador Carlos Viana classificou como “lamentável” a ausência do investigado, que é considerado o facilitador de um esquema de desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do INSS.


“Perdemos a oportunidade de ouvir hoje um dos principais investigados no escândalo que desviou recursos dos aposentados. É lamentável, mas a comissão seguirá trabalhando para que a verdade venha à tona e os culpados sejam responsabilizados”, diz nota de Viana.


Mesmo com a recusa do empresário de comparecer à CPMI, Carlos Viana afirmou que o colegiado vai continuar com as investigações se valendo da quebra dos sigilos fiscal e telefônico.


“Nós já temos as entradas e saídas de Antônio Caso Camiloe queremos saber detalhadamente quais os países que ele foi, porque ele escondeu dinheiro no exterior, as investigações caminham para esse lado”, disse Viana.


O presidente da CPMI do INSS informou, ainda, que já se sabe quais são as duas offshores, ou seja, empresas no exterior, onde foram depositados recursos. “Também solicitamos ao Banco Central o processo de quebra de sigilo de envio de dinheiro e aos países correspondentes, o envio da documentação sobre quem é o titular dessas contas e vamos fazendo, montando o nosso quebra-cabeça com as informações todas”, continuou.


O chamado careca do INSS é acusado de ser o operador do esquema de descontos indevidos em benefícios pagos pela Previdência a aposentados e pensionistas.

CPMI vai convocar familiares do ‘Careca”

A CPMI do INSS deve ouvir na quinta-feira (18), a partir das 9h, seis testemunhas ligadas a Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e ao empresário Maurício Camisotti, ambos presos em operação por fraudes em descontos em benefícios previdenciários. Os requerimentos serão votados nesta terça-feira (16), às 14h, em reunião extraordinária convocada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG).


De acordo com Viana, a convocação das testemunhas foi decidida por acordo durante reunião entre integrantes da comissão e líderes do governo e da oposição. Segundo ele, a decisão é uma resposta à falta de compromisso de Camilo e de Camisotti, que decidiram não depor ao colegiado.


“É uma resposta que a CPMI quer dar claramente à falta de seriedade do advogado da defesa de Carlos Camilo em relação ao acordo que foi feito conosco. (…) Da mesma forma, Maurício Camisotti que também já nos enviou ofício por meio da defesa de que não vai comparecer na próxima quinta-feira.”, explicou o senador, que citou o cancelamento da reunião desta segunda-feira.


A intenção é ouvir todos na mesma reunião, na quinta-feira. Os convocados para depor serão: esposa e sócia em empresas do “Careca do INSS” Tânia Carvalho dos Santos, filho e sócio em empresas do “Careca do INSS” Romeu Carvalho Antunes, sócio do “Careca do INSS” Rubens Oliveira Costa, sócio “Careca do INSS” Milton Salvador de Almeida Júnior, esposa de Camisotti e sócia de uma das empresas que trabalharam na modernização dos sistemas de Previdência Cecilia Montalvão, e advogado que tem transações bancárias suspeitas com Camisotti Nelson Willians.

Exposição


De acordo com o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), o acordo foi para que todos sejam convocados na condição de testemunhas, o que pode mudar após os depoimentos. “Todos estão na condição de testemunha. Em que pese terem sido arrolados hoje para a pauta de amanhã, isso se deve exclusivamente à escolha feita pelo senhor Camisotti e pelo senhor Antônio Carlos Camilo de não poupar os familiares no próprio sistema criminoso. Foram eles que expuseram os familiares.”, disse o relator.


As perguntas, segundo Gaspar, se dividem em dois blocos: saber quem são os responsáveis pelas fraudes e quem deu sustentação política para que isso acontecesse.

tribuna do norte