Carla Dickson diz que decisão sobre ida para o PL sairá nos próximos dias

Postado em 12 de agosto de 2025

A deputada federal Carla Dickson afirmou que deve definir ainda nesta semana se permanecerá no União Brasil ou se migrará para o PL. Ela disse estar desconfortável com a atual legenda, especialmente após o senador Ciro Nogueira, presidente do PP, partido que integra uma federação com o União Brasil, se manifestar a favor de punição aos deputados que participaram de obstrução na Câmara na semana passada.

“Algo que me deixou muito desconfortável foi o posicionamento de Ciro Nogueira, que não assinou o impeachment [do ministro do STF Alexandre de Moraes] e foi a favor da nossa punição. Como é que um dirigente partidário de que eu faço parte é a favor da nossa punição? Fiquei bem decepcionada”, afirmou a parlamentar, em entrevista à rádio Cidade nesta segunda-feira 11. “Já está bem desconfortável o negócio”, resumiu.

Carla revelou que mantém conversas com lideranças do PL, como o senador Rogério Marinho, e com o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, além de dialogar com o ex-senador José Agripino (União Brasil). “Primeiro caminho é União Brasil. Ou PL. Outra alternativa não tem”, disse, ressaltando que a mudança dependerá das conversas com as lideranças nacional e estadual do seu partido atual.

Ela disse que, no União Brasil, o cenário para disputar a reeleição para a Câmara é difícil, diante de adversários com forte estrutura política. Citou como exemplo o nome da secretária de Assistência Social de Natal, Nina Souza, que é mulher do prefeito Paulinho Freire. “Para mim fica mais difícil ainda, porque é outra mulher, forte, inteligentíssima e com a máquina da Prefeitura”, avaliou.

Além de Nina Souza, outros nomes considerados mais competitivos do que Carla Dickson na federação União Progressista são: Benes Leocádio, pelo União Brasil, além de João Maia e Robinson Faria, pelo PP. No PL, ela teria como principais concorrentes os deputados General Girão e Sargento Gonçalves, que vão disputar a reeleição. Em 2022, Carla Dickson foi a 3ª mais votada do União Brasil e só virou deputada após a renúncia de Paulinho Freire, que hoje é prefeito de Natal. “Eu quero ter chance de concorrer”, complementou.

A deputada também comentou sobre a sucessão ao Governo do Rio Grande do Norte e avaliou três nomes como potenciais candidatos do campo de centro-direita: o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), o senador Rogério Marinho (PL) e o ex-prefeito de Natal Álvaro Dias (Republicanos).

Segundo Carla, Allyson se colocou à disposição para disputar o cargo e até para deixar a prefeitura antes do prazo legal, caso o grupo o escolha. Ele disse que vai caminhar com o grupo. Se colocou à disposição, inclusive, de desincompatibilizar antes do tempo mesmo. Porque não é fácil você pleitear uma cadeira de Executivo estadual. Tem que ter tempo. Ele é muito conhecido naquela região lá do Alto Oeste. Ele precisa vir para cá para conquistar os votos”, contou. O prazo final para que Allyson renuncie à Prefeitura de Mossoró, caso queira disputar o Governo do Estado, é o início de abril de 2026.

Ela defendeu a união do grupo de oposição para enfrentar a esquerda em 2026, que atualmente tem a pré-candidatura de Cadu Xavier (PT) ao Governo do Estado. “Se a gente não fizer isso, vai ser muito difícil conquistar a cadeira de governador. Podemos ter mais um período de PT ou de esquerda no comando do Estado”, afirmou.

Deputada relata ameaças de morte e critica atuação de Moraes e Motta
Durante a entrevista, Carla Dickson também comentou a série de obstruções na Câmara dos Deputados, em Brasília, das quais participou na última semana. Os atos cobravam a inclusão em pauta da proposta de anistia para os presos pelos atos de 8 de janeiro, além do avanço de mudanças na regra do foto privilegiado e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo ela, o movimento começou após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não cumprir promessa feita ao PL de pautar a anistia. “A gente não está pedindo aprovação, estamos pedindo para pautar. Hoje, se pautar a anistia, a gente perde. Mas não tem problema, isso chama-se democracia. A gente só quer que paute. Mas ele assumiu em fevereiro e está enrolando”, declarou.

Carla disse que participou da obstrução junto a parlamentares do PL e do Novo, movimento que depois contou com União Brasil, PP e PSD. “São cinco partidos querendo simplesmente que pautem dois assuntos: anistia para os que estão presos em 8 de janeiro e a situação de presos com mais de 70 anos e problemas de saúde, que não têm autorização do ministro Alexandre de Moraes para ir ao hospital”, afirmou.

A deputada criticou decisões do STF e acusou seletividade na defesa dos direitos humanos. “Direitos humanos só serve para os amiguinhos, os bandidos. É só preso da esquerda? É só preso que mexe com o tráfico? É só preso que mata, rouba? Porque eles (condenados pelo 8 de janeiro) não fizeram nada disso. Então, para eles não tem direitos humanos”, disse.

Carla contou que, durante a obstrução, fez transmissões nas redes sociais para mostrar a situação. “No dia que o caldo engrossou, começamos obstrução de manhã, à tarde e à noite. A polícia cercou o plenário, ninguém tinha mais acesso, e iam tirar a gente na marra. Comecei a fazer vídeo mostrando a situação e explicando para a população que a gente está lutando”, relatou.

Foi nesse contexto que, segundo a parlamentar, surgiram mensagens hostis nas redes sociais, incluindo uma ameaça de morte. “‘Quero fuzilar sua cara, sua vagabunda’. Pegou pesado Foi a primeira vez que tive uma ameaça de morte. A Polícia Legislativa já está investigando, e a Secretaria da Mulher também”, contou.

Ela afirmou que o autor das ameaças seria parte de uma “milícia digital”. “Era uma pessoa com zero postagens e que depois (da ameaça) tirou o Instagram do ar. Deixei isso com os órgãos competentes. O meu chefe de gabinete, que é meu advogado, já está cuidando do caso”, disse.

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