Duas obras de Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) dedicadas à memória da capital potiguar voltarão renovadas às estantes: o já clássico “História da cidade do Natal”, e a inédita “Ruas da cidade do Natal”, terão lançamento no dia 15 (quinta), às 16h, no auditório da reitoria da UFRN. O resgate desses livros tão importantes na bibliografia do renomado historiador e folclorista natalense é fruto de uma parceria entre a Editora da UFRN (EDUFRN) e o Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo.

Publicado originalmente em 1947, “História da cidade do Natal” narra o percurso da capital potiguar desde sua fundação até meados do século XX. Com estilo envolvente, erudição e olhar crítico, Cascudo constrói uma narrativa densa, povoada por episódios históricos, perfis sociais, aspectos urbanísticos e manifestações culturais, tornando-se referência fundamental para estudiosos e leitores interessados na história da cidade.

“Ruas da cidade do Natal” se destaca entre os lançamentos pelo ineditismo – além do conteúdo curioso. O livro foi escrito por Cascudo em 1956 a pedido do então prefeito Djalma Maranhão. Mas a obra permaneceu guardada no acervo particular do autor por quase sete décadas, tendo seus originais descobertos e organizados recentemente pela equipe do Ludovicus.

O volume de “Ruas” traz a descrição de 463 logradouros da cidade, com informações históricas, toponímicas e culturais, além de esboços dos 13 bairros existentes à época (a década de 50). A publicação une o rigor histórico característico do autor à tradição oral, em uma verdadeira cartografia afetiva da cidade.

Daliana Cascudo, diretora do Instituto Ludovicus, ressalta a alegria de estar apresentando essas obras para iniciados e iniciantes em Cascudo. “Os dois livros, coincidentemente, foram encomendados pelos então prefeitos de Natal: em 1947, Sylvio Piza Pedroza pediu a Cascudo que escrevesse a história da cidade, e em 1956, Djalma Maranhão solicitou o das ruas.

No livro sobre as ruas, Daliana ressalta que o olhar do pesquisador atento e sensível que foi Cascudo ultrapassa a formalidade acadêmica, e registra o que a tradição oral do povo consagrou sobre os logradouros da cidade. “Não apenas a história ‘oficial’ é contada, mas personagens populares, como o Padre João Maria, aparecem designando localidades e justificando as escolhas”, diz.

Para Daliana, cabe ao leitor descobrir a Natal de 1956 pela visão do autor, onde estão presentes a beleza, a natureza, a arte, a cultura e o progresso – mas também os problemas urbanos. “Que a obra sirva para uma reflexão crítica sobre a atual questão urbana de Natal que, como tantas cidades brasileiras, enfrenta diariamente o desafio de crescer, sem esquecer da preservação do seu patrimônio e da valorização de sua história”, conclui.

Serviço:
Lançamento de livros de Câmara Cascudo. Dia 15 (quinta), às 16h, no auditória da reitoria da UFRN. mento de livros de Câmara Cascudo. Dia 15 (quinta), às 16h, no auditória da reitoria da UFRN.

Tribuna do Norte