Israel foi atacado por homens armados da Faixa de Gaza e bombardeado na manhã deste sábado, 7, pelo Hamas. Em uma mensagem de vídeo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o país está “em guerra” e convocou reservistas.
“Convoquei os chefes do sistema de segurança e ordenei a evacuação das comunidades que foram infiltradas por terroristas. Isso está sendo feito agora”, disse Netanyahu. “O inimigo pagará um preço sem precedentes. (…) Estamos em guerra e vamos vencer.”
Este é o maior ataque do Hamas a Israel nos últimos anos. Homens armados invadiram o país pela Faixa de Gaza, enquanto um ataque com mais de 5.000 foguetes foi lançado. Israel retaliou com ataques massivos nas cidades de Gaza. Ao menos 22 pessoas morreram e centenas morreram, segundo a imprensa local.
Muhammad Deif, líder do Hamas, afirmou em uma mensagem gravada que o grupo decidiu lançar uma “operação” para “acabar com a última ocupação da Terra”. “Se você tem uma arma, pegue-a. Esta é a hora para usá-la”, disse Deif.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, o tenente-coronel Richard Hecht, afirmou que o país está atacando “vários locais que pertencem ao grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza” e pediu que israelenses que moram perto do lugar deixem suas casas e se encaminhem para abrigos.
O Ministério da Saúde chamou de “coreografia inapropriada” uma apresentação artística de cunho erótico em evento organizado pela pasta. O posicionamento foi dado, nesta sexta-feira (6), após repercussão negativa do vídeo nas redes sociais.
De acordo com a Saúde, o 1º Encontro de Mobilização para a Promoção da Saúde no Brasil (Em Prosa), promovido pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde, tem o objetivo de implementar a gestão participativa da Política Nacional de Promoção da Saúde.
No vídeo que circula nas redes sociais, uma moça dança ao som de “Batcu”, da cantora drag queen Aretuza Lovi. Em vários momentos, a dançarina levanta a saia e rebola até o chão.
A pasta ainda reforçou que a organização do evento foi surpreendida pela apresentação erótica, já que sete grupos tiveram números nos intervalos do evento. O ministério também lamentou o episódio e disse que tomará medidas para que não volte a ocorrer.
A Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde promoveu o 1º Encontro de Mobilização para a Promoção da Saúde no Brasil (Em Prosa). O objetivo do evento é apoiar a implementação e a gestão participativa da Política Nacional de Promoção da Saúde a partir do compartilhamento de experiências e da ampliação do diálogo entre gestores e trabalhadores de diferentes estados, com momentos dedicados à diversidade cultural.
A programação contou com a participação de 07 grupos artísticos nos seus intervalos. Uma das apresentações surpreendeu pela coreografia inapropriada.
O Ministério da Saúde lamenta pelo episódio isolado e adotará medidas para que não aconteça novamente.
Fundador de um “movimento” religioso voltado para jovens de Alphaville, bairro rico de Barueri, na Grande São Paulo, o influencer evangélico Victor de Paula Gonçalves, de 27 anos, conhecido como Victor Bonato, foi preso sob suspeita de estuprar três jovens que frequentavam o Galpão, grupo que ele criou há dois anos, como “elo entre a pessoa que está perdida e a igreja”.
As vítimas — duas estudantes de medicina, de 19 e 20 anos, e uma empresária de 24 anos — foram à Delegacia da Mulher de Barueri, em setembro, para denunciar que Victor Bonato usava sua “influência religiosa” para manipulá-las e obrigá-las a ter relações sexuais com ele. A polícia e o Ministério Público de São Paulo (MPSP) apontaram risco de fuga do influencer, e a Justiça decretou a prisão de Bonato no último dia 20.
Segundo o inquérito policial, obtido pelo Metrópoles, os crimes teriam ocorrido entre janeiro e setembro deste ano, em diferentes lugares, como a casa de Bonato, em Alphaville. Um dia antes do registro feito pelas mulheres na delegacia, o influencer postou um comunicado no Instagram, plataforma na qual ele tem 146 mil seguidores, dizendo que precisava se “arrepender profundamente” e que faria um “detox de redes sociais”.
No dia seguinte ao boletim de ocorrência feito pelas vítimas, e véspera de sua prisão, Bonato voltou às redes sociais para dizer que estava se “retirando da liderança” do Galpão e “tirando um tempo para me curar no Senhor”. Na mesma data, o Galpão publicou uma nota afirmando que o influencer não fazia mais parte do movimento religioso, sem mencionar especificamente as acusações de estupro feitas pelas seguidoras.
“Alguns acontecimentos ferem diretamente o que o Galpão acredita e segue, fere a palavra e está em desacordo com o que Jesus nos ensina. Por esse motivo, ele foi afastado do Galpão.”
Sete dias depois, outra nota publicada pelo Galpão informou que o movimento passaria “por uma reforma”, suspendendo seus encontros presenciais, que ocorriam sempre às terças-feiras, “em razão da apuração dos fatos que estão sendo divulgados e de um novo tempo que Deus está nos direcionando”. Mais uma vez, sem mencionar qualquer acusação contra seu fundador.
Prisão de influencer A prisão de Victor Bonato foi decretada no dia 20 de setembro pelo juiz Fabio Calheiros do Nascimento, da 2ª Vara Criminal de Barueri, e cumprida pela Polícia Civil no mesmo dia. O pregador segue atrás das grades, segundo informação do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) ao Metrópoles nessa sexta-feira (6/10).
Na decisão, o juiz afirma que as três vítimas frequentavam o Galpão em Alphaville e que conheceram Bonato “como uma pessoa religiosa e correta”. Elas “desenvolveram algum grau de amizade” com o influencer, “a ponto de frequentar a casa dele”, até que “ele as abordou com intuito sexual”.
Ainda segundo a decisão, duas das vítimas “relatam que foram agredidas durante o ato sexual e obrigadas, mediante força, a fazer sexo oral no suspeito”.
“Todas as três vítimas disseram que foram persuadidas a aceitar ato libidinoso ou conjunção carnal, inclusive pela influência exercida pelo suspeito em razão de sua autoridade religiosa como um dos líderes do grupo e pela agressividade dele”, completa o juiz.
Procurada pelo Metrópoles, a advogada Samara Batista Santos, que defende Victor Bonato, afirmou, por meio de nota, que não poderia fornecer detalhes sobre o caso, porque a investigação tramita em sigilo, mas que o influencer evangélico “nega veementemente as alegações contra ele”, embora ainda não tenha sido interrogado.
“Informo ainda que o investigado emitiu um pedido de perdão perante as partes envolvidas, em suas redes sociais, referente ao seu comportamento considerado pecaminoso, no âmbito religioso, sem estar ciente de quaisquer acusações judiciais que estão atualmente em processo de investigação pelas autoridades competentes para fins de esclarecimentos”, afirma a advogada.
“Reitero que respeitamos plenamente a seriedade das alegações em questão e reconhecemos a importância de proteger os direitos de todas as partes envolvidas no caso”, conclui.
O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) proibiu a cidade de Zé Doca, a 302 km da capital São Luís, a contratar o cantor Wesley Safadão para um show em comemoração aos 36 anos da cidade. O show, que custaria R$ 700 mil aos cofres públicos, está suspenso por ordem judicial.
A decisão, tornada pública nesta quarta-feira (4), é de segunda instância. O desembargador Cleones Cunha cassou uma decisão anterior, dada pelo juiz Marcelo Moraes Rêgo de Sousa. Cleones alegou que o gasto com cachê do cantor seria “exorbitante” para o Orçamento da cidade. O argumento foi apresentado pelo Ministério Público do Maranhão (MP-MA). Cleones proibiu a prefeita da cidade, Josinha Cunha (PL), de contratar o show — e ainda a colocou como responsável por uma multa diária de R$ 70 mil, caso a decisão seja descumprida.
No ano passado, o TJMA já havia proibido um show de Safadão em Vitória do Mearim, pela mesma razão. Sem licitação, os gastos com cachê e contratação passariam de R$ 500 mil. O caso chegou, inclusive, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve a suspensão do show por “lesão à economia”.
A principal hipótese da polícia para a motivação do assassinato de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é de que um dos profissionais pode ter sido confundido com um miliciano. A tese foi compartilhada por investigadores do Rio, com agentes de São Paulo que prestam apoio ao inquérito. A polícia dos dois Estados e a Polícia Federal apuram o crime cometido na madrugada desta quarta-feira (5).
O médico Perseu Ribeiro Almeida pode ter sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa. Segundo o g1, Dalmir é apontado por autoridades policiais como um dos chefes de uma milícia que atua na zona oeste do Rio. Perseu e Taillon possuem fisionomia similar.
Marcos de Andrade Corsato e Diego Ralf de Souza Bomfim também foram assassinados na ocorrência. Diego é irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que cobrou apuração do caso e se disse “devastada” com a notícia.
Por meio das redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que recebeu com grande tristeza e indignação a notícia da execução dos médicos na orla da Barra da Tijuca. Ele citou que a Polícia Federal está acompanhando o caso.
Médicos morreram no local Segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro, policiais do 31° BPM foram acionados para uma ocorrência de homicídio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca.
De acordo com o comando da unidade, no local os agentes encontraram quatro vítimas de disparos sendo socorridas por militares do Corpo de Bombeiros. Três delas não resistiram aos ferimentos e morreram no local.
“Agentes do 31° BPM chegaram a efetuar buscas para encontrar o paradeiro dos acusados, mas nada foi constatado. O policiamento foi reforçado na região. A área foi isolada e o local preservado para o trabalho da perícia da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC)”, disse a Polícia Militar do Rio.
De acordo com imagens de câmeras de segurança do quiosque fornecidas pela Polícia Civil do Rio, é possível ver os três homens aparentemente encapuzados descendo de um veículo e indo em direção aos médicos para efetuar os disparos. Alguns dos criminosos atiram várias vezes nas vítimas.
“Não voltará ao nosso convívio”, lamenta médico O médico ortopedista Edvaldo Correia Lago Junior contou que soube da morte do colega pela manhã, ao abrir as redes sociais, e afirmou não ter acreditado de início que Perseu fosse uma das vítimas do ataque:
— Assim que vi a notícia imaginei que não era possível se tratar da mesma pessoa. Pensei que poderiam tê-lo confundido com outro médico — disse Lago Junior.
Ele confirma que Perseu era um excelente profissional:
— Era uma pessoa do bem, um trabalhador. Saiu daqui para agregar mais conhecimento nesse congresso, no Rio e, infelizmente não voltará ao nosso convívio.
Os dois médicos eram companheiros de plantão no Hospital Geral Prado Valadares, em Jequié. Para poder viajar para participar do congresso, ele trocou o plantão com outro colega. Em nota, a casa de saúde lamentou o fato:
“Por sua dedicação e pelos excelentes serviços prestados na nossa unidade, expressamos nossas sinceras condolências à família”, afirmou em trecho da nota publicada em rede social.
A iraniana Narges Mohammadi ganhou o Prêmio Nobel da Paz, anunciado nesta sexta-feira (6) em Oslo, capital da Noruega.
Mohammadi foi laureada “pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos”.
Mohammadi é uma ativista que passou a vida fazendo campanha pelos direitos humanos no Irã.
Ela foi prisioneira durante a maior parte das últimas duas décadas, condenada repetidamente por sua campanha incansável contra a pena de morte e o confinamento solitário – que teve de suportar durante semanas.
Atualmente, Mohammadi cumpre uma pena de 10 anos e 9 meses, acusada de ações contra a segurança nacional e propaganda contra o Estado.
A ativista também foi condenada a 154 chibatadas, uma punição que grupos de direitos humanos acreditam que ainda não foi infligida, além de proibições de viagens, entre outras.
O Nobel da Paz está entre os cinco prêmios Nobel – Química, Física, Fisiologia ou Medicina, e Literatura.
O critério base para a premiação é que sejam escolhidos aqueles que “fizeram o melhor trabalho pela fraternidade entre as nações”, como abolição ou redução de exércitos e promoção de ideais de paz, segundo o comitê norueguês responsável pela nomeação.
Neste ano, os vencedores da premiação receberão 11 milhões de coroas suecas (US$ 986 mil), segundo a Fundação Nobel.
Anos anteriores Havia a expectativa de que personalidades ligadas à Rússia ou à Ucrânia – em um contexto de guerra – fossem laureadas, mas nomes desses países já receberam o prêmio nos últimos dois anos.
Em 2021, os jornalistas Dimitri Muratov (Rússia) e Maria Ressa (Filipinas) ganharam o Nobel da Paz “por seus esforços para proteger a liberdade de expressão”.
No último ano, o ativista de direitos humanos Ales Bialiatski (Belarus), o Centro Ucraniano para as Liberdades Civis e a organização russa Memorial foram os vencedores, “pelos seus esforços impressionantes para documentar crimes de guerra, violações de direitos humanos e abusos de poder”.
O filme “Elis e Tom, Só Tinha de Ser Com Você”, dirigido por Roberto de Oliveira, vai disputar uma vaga entre os indicados para o Oscar de 2024 na categoria de Melhor Documentário.
Inscrito para a premiação nos Estados Unidos, que estreou em 15 de setembro, uma semana antes dos cinemas brasileiros, “Elis e Tom, Só Tinha de Ser Com Você” traz um rico material registrado em 16 milímetros por Roberto de Oliveira há quase cinco décadas .
O filme está em sua terceira semana em cartaz nos cinemas brasileiros, com distribuição da O2 Play, e até então foi visto por mais de 40 mil espectadores em todo o país.
Entre 2015 e 2022, o crescimento da economia brasileira não acompanhou a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) global. Em 2023, no entanto, o cenário é diferente. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), a taxa de crescimento do PIB brasileiro deve ficar em 3,3% neste ano, acima dos 2,9% do ano passado. Já o avanço da economia global está projetado em 2,4%, mostrando desaceleração em relação aos 3% registrados em 2022.
A projeção da ONU é maior que o mercado financeiro brasileiro, que projeta avanço de 2,92% do PIB neste ano. A estimativa do Ministério da Fazenda está mais em linha com o estudo das Nações Unidas, mas ainda diminuiu menor, em 3,2%.
De acordo com o relatório da Conferência da ONU para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) divulgado na quarta-feira, 5, entre os países do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, apenas Brasil, China, Japão, México e Rússia deverão apresentar Adiantou no crescimento econômico na comparação com 2022.
No relatório, a ONU elenca o agronegócio brasileiro como um dos motores do avanço do PIB. “O crescimento das exportações de commodities e as colheitas abundantes impulsionam o aumento do crescimento”, diz. O documento cita, no entanto, forças no sentido contrário, como o impacto tardio do aperto do Banco Central , que começou a subir os juros em 2021 para segurar a inflação — e começou a baixá-los em agosto deste ano, e o endividamento das famílias. “A expansão fiscal em 2023 deverá compensar estas forças recessivas, mas o impulso fiscal para 2024, embora ainda sujeito a negociações políticas, deverá tornar-se negativo”, alerta a ONU. Para 2024, a expectativa é de crescimento menor, de 2,4%.
Cenário global A ONU afirma que a economia global está a voar a uma “velocidade de estol”, isto é, de um avião que está prestes a cair. O relatório vê uma situação atual como estagnação perigosa, com vários episódios de recessão. Na avaliação da agência, a “economia global está em uma encruzilhada, em quais caminhos de crescimento divergentes, desigualdades cada vez maiores, concentração crescente do mercado e cargas crescentes de dívidas lançam sombras sobre seu futuro”. Segundo a ONU, é necessário que os agentes políticos e econômicos se centrem em “reformas institucionais da arquitetura financeira global, políticas mais pragmáticas para combater a inflação, a desigualdade e a dívida soberana, bem como uma supervisão mais forte dos principais mercados”.
Para 2024, espera-se uma ligeira melhoria no avanço do PIB, de 2,4% para 2,5%. “Numa nota mais positiva, a inflação, embora ainda acima dos anos pré-pandemia, está sendo controlada em muitas partes do mundo. As crises bancárias que eclodiram em Março de 2023 não levaram ao contágio financeiro, e os preços das matérias-primas desceram dos seus picos em 2022. Espera-se uma pequena melhoria no crescimento global em 2024, dependendo da recuperação na área do euro e de outras economias importantes, evitando choques adversos”.
O ex-deputado federal Jean Wyllys foi condenado na quarta-feira (4) pela Justiça paulista a pagar R$ 10.000 ao Movimento Brasil Livre (MBL) por “ofensas diretas”.
Entre elas, ele disse que os membros do grupo eram “defensores do nazismo”, “assediadores de mulheres sob guerra”, “insultadores da memória de Marielle Franco”, “mentirosos” e “difamadores profissionais”.
As ofensas foram feitas no dia 25 de maio deste ano, em resposta a um texto do jornal Folha de São Paulo. Para o MBL, Wyllys disseminou ódio e imputou falsamente crimes aos seus membros.
“Empenhou uma verdadeira campanha caluniosa e difamatória contra o autor [da ação judicial, o MBL], com ofensas diretas e clara intenção de macular a imagem e reputação do MBL”, diz o texto da ação.
O juiz Danilo Mansano Barioni, da 38ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, condenou o ex-parlamentar no caso a pagar, além da multa por danos morais, o pagamento dos honorários advocatícios, fixado em 15% sobre o valor atualizado da condenação, do MBL.
Em junho, ao ajuizar a ação contra Wyllys, o Movimento Renovação Liberal (MRL), pessoa jurídica dona da marca MBL, pediu R$ 20.000, além da retratação com publicação em rede social. A retratação nos moldes que o MBL pediu, no entanto, não fez parte da condenação.
O ano de 2023 está em vias de se tornar o mais quente da história, alertaram cientistas nesta quinta-feira (5/10). A previsão partiu de um relatório do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, que também apontou um recorde de temperatura para o mês de setembro.
Segundo os pesquisadores, a temperatura global entre janeiro e setembro de 2023 foi 0,52ºC acima da média. Neste período, os termômetros também superaram em 0,05ºC a média observada nos primeiros nove meses de 2016, que detinha o recorde anterior.
Até o momento, a temperatura média global de 2023 é 1,40°C mais alta do que a média pré-industrial entre 1850 e 1900.
“O senso de urgência para uma ação climática ambiciosa nunca foi tão crítico”, disse Samantha Burgess, vice-diretora do C3S, ressaltando que o lançamento do relatório ocorre apenas dois meses antes da Conferência do Clima da ONU (COP28) em Dubai.
De acordo com os cientistas, as mudanças climáticas causadas pela queima de combustíveis fósseis estão tornando o clima extremo, com ondas de calor e tempestades mais intensas e mais frequentes.
O que o relatório de temperatura diz sobre o mês de setembro? De acordo com o relatório, setembro de 2023 foi o mês mais quente já registrado. A temperatura média do ar na superfície atingiu 16,38ºC – 0,93ºC acima da média mensal entre 1991-2020.
Os números divulgados pelo C3S alarmaram cientistas pelo mundo, como Zeke Hausfather, do projeto de dados climáticos da Berkeley Earth.
“Na minha opinião profissional de cientista do clima, setembro foi completamente insano”, escreveu o pesquisador na plataforma X (ex-Twitter)
Mika Rantanen, pesquisador climático do Instituto Meteorológico Finlandês, também manifestou perplexidade: “Ainda estou lutando para compreender como um único ano pode dar um salto tão grande em relação aos anos anteriores.”
“As temperaturas sem precedentes para a época do ano observadas em setembro – após um verão recorde – quebraram recordes de forma extraordinária”, disse Burgess.
Descrevendo o mês como “extremo”, a pesquisadora o creditou por empurrar 2023 para a “dubitável honra do primeiro lugar – a caminho de ser o ano mais quente [da história] e cerca de 1,4°C acima das temperaturas médias pré-industriais”.
Setembro “mais úmido do que a média” Na Europa, setembro não foi apenas o mais quente já registrado, mas também um mês com condições “mais úmidas do que a média” em muitas partes da costa oeste do continente, de acordo com o relatório.
Como exemplo, o documento citou as chuvas extremas na Grécia, associadas à Tempestade Daniel. O fenômeno climático também causou inundações devastadoras na Líbia, matando milhares de pessoas e destruindo em grande parte a cidade de Derna, no leste do país.
Outras áreas afetadas pela chuva na Europa incluem o oeste da Península Ibérica, a Irlanda, o norte do Reino Unido e a Escandinávia.
Além da Europa, alguns países latino-americanos, como Brasil e Chile, também sofreram com o que o relatório chamou de “eventos extremos de precipitação” em suas respectivas regiões sul.
Financiado pela UE, o C3S é implementado pelo Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo em nome da Comissão Europeia.
Para suas descobertas, o serviço diz se basear em análises geradas por computador, medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o mundo.
Papa Francisco alerta para “ponto de ruptura”
Na quarta-feira, o papa Francisco já havia lançado um apelo à humanidade: “Com o passar do tempo, percebi que nossas respostas não têm sido adequadas, enquanto o mundo em que vivemos está entrando em colapso e pode estar próximo do ponto de ruptura”, escreveu Francisco em uma atualização de sua encíclica de 2015, Laudato Si (Louvado sejas).
Batizado de Laudate Deum (Louvado seja Deus), o novo apelo de 13 páginas foi divulgado durante o sínodo de bispos e leigos de todo o mundo que acontece pelas próximas semanas no Vaticano para discutir questões fundamentais para o futuro da igreja, incluindo seu papel na proteção do meio ambiente.
Em gravações obtidas por O Joio e O Trigo e Repórter Brasil, falas atribuídas a um executivo do Itaú Unibanco revelam que o diretor de agronegócio da instituição, Pedro Barros, teria atuado para autorizar um financiamento à AgroSB, apesar do histórico de infrações ambientais da empresa, autuada diversas vezes por desmatamento na Amazônia.
A AgroSB é o braço agropecuário do Grupo Opportunity, fundado pelo banqueiro Daniel Dantas. Atualmente, a companhia conta com 13 fazendas na Amazônia. Nas propriedades, há produção de soja, milho e cacau, além de pastagens para um rebanho de 110 mil cabeças de gado.
Nos últimos 15 anos, a Agro SB recebeu R$ 344 milhões em multas ambientais, segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis). O órgão federal mantém duas áreas da empresa embargadas, ou seja, proibidas para exploração.
A modalidade do crédito de R$ 25 milhões, aprovada pelo Itaú no ano passado, não contradiz as normas do Banco Central para questões socioambientais. Embora não haja irregularidades, especialistas afirmam que o empréstimo coloca em xeque a política de sustentabilidade do banco e de outras instituições financeiras brasileiras.
Num áudio atribuído a Guilherme Treu, coordenador de estratégia ESG (governança socioambiental) do Itaú, ele afirma que Barros insistiu pela aprovação do financiamento, mesmo após o time de análise socioambiental do banco classificar a Agro SB como um cliente de “risco alto”.
Os arquivos teriam sido gravados durante reunião de Treu com sua equipe no dia 24 de maio de 2022. Na ocasião, integrantes do time de sustentabilidade falavam sobre um encontro, realizado dias antes, do Comitê de Risco Social, Ambiental e Climático (CRSAC) do Itaú Unibanco. Dentre outras atribuições, o CRSAC tem a função de avaliar o histórico dos clientes.
Na fala atribuída a Treu, ele define a Agro SB como “um cliente que Pedro Barros [diretor de agronegócio] está tentando aprovar”. Ainda segundo o áudio, o diretor de risco do Itaú, Matias Granata, teria chancelado a concessão do empréstimo, mas com a seguinte ressalva a Barros: “Só não esquece que você me trouxe um caso de 91 autuações.”
Ainda de acordo com os arquivos, a discussão sobre a reputação do banco foi colocada sobre a mesa durante a reunião do CRSAC. “Eu entrei lá e falei ‘ó gente, ele [Agro SB] é risco alto, ele não tem práticas condizentes com o nosso Plano Amazônia”, afirma a pessoa apontada como Treu.
“Reputacionalmente o banco precisa desse cara? A gente precisa trabalhar com esse tipo de cliente, que já foi carimbado como um dos maiores desmatadores da Amazônia?”, questiona.
O Plano Amazônia é uma iniciativa lançada em 2020 por Itaú, Bradesco e Santander para a “promoção do desenvolvimento sustentável” da região. Dentre os chamados “objetivos prioritários”, estão o estímulo ao desmatamento zero na cadeia produtiva da carne e a articulação de um compromisso pelo respeito à legislação ambiental em todo o setor.
A Agro SB afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “todas as áreas operacionais da companhia onde há produção de soja, milho ou pastejo de boi não possuem embargo. Os embargos apontados estão em áreas que naturalmente não deveriam possuir nenhuma atividade (Reserva Legal)”.
A nota informa ainda que, dos dois embargos ativos apontados pela reportagem, um está em fazenda ocupada “por invasores que estão cometendo os crimes de invasão, desmatamento e impedindo a regeneração natural” da área. Sobre o outro, a AgroSB sustenta que já “comprovou ao Ibama que a área está completamente regenerada há anos” e que aguarda resposta do órgão sobre um pedido de desembargo. O Ibama não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Em março deste ano, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aprovou um protocolo para que as instituições financeiras exijam de seus clientes frigoríficos da Amazônia Legal e do Maranhão mecanismos de rastreamento da origem do gado adquirido. A regra busca eliminar a compra de animais criados em áreas de desmatamento ilegal, mas não se aplica aos pecuaristas em si.
Uma reportagem do O Joio e O Trigo e The Intercept Brasil trouxe áudios de discussões internas sobre a norma da Febraban travadas pelas equipes de sustentabilidade dos bancos que integram o Plano Amazônia. Nas gravações, os executivos alegam ter elaborado as diretrizes da norma da federação. Segundo eles dizem nos áudios, seria preciso manter a articulação em sigilo, evitando a percepção de que os três principais bancos privados do país estariam pautando a Febraban.
O Itaú afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o relacionamento com a Agro SB não fere as políticas ambientais do banco. “O cliente não realiza produção agrícola ou pecuária em qualquer área embargada, bem como tem 100% de rastreabilidade de sua produção, compromisso público de desmatamento zero, além de práticas sustentáveis de produção e iniciativas de restauração da floresta”.
O banco não revelou a finalidade da CPR, alegando sigilo bancário, mas afirmou que foi exigido um plano de monitoramento da Agro SB, além de outras condicionantes, como a manutenção do compromisso público de desmatamento zero. Disse, também, que as áreas objeto do financiamento de R$ 25 milhões, assim como aquelas dadas em garantia na mesma operação, não são alvo de embargo ambiental.
Os executivos Guilherme Treu, Pedro Barros e Matias Granata foram procurados via assessoria de imprensa do Itaú, mas não se pronunciaram. Confira a íntegra das respostas enviadas para a reportagem.
A Agro SB conseguiu crédito de R$ 25 milhões do Itaú Unibanco, no ano passado, em forma de Cédula de Produto Rural (CPR). A CPR é uma espécie de adiantamento recebida pelo produtor rural com base na projeção da sua produção. Essa modalidade de crédito tem vantagens como a isenção do Imposto sobre Operações Futuras (IOF), e pode ser usada em atividades de agricultura, pecuária, pesca e sustentabilidade, além da fabricação de produtos processados, como, por exemplo, biscoitos, refrigerantes, donuts, sabonete e até fralda descartável.
O valor da CPR obtida pela Agro SB é quase 16 vezes superior ao valor médio das CPRs emitidas em julho deste ano, segundo o último boletim das finanças privadas do agronegócio, publicado pelo Ministério da Agricultura. Como garantia desta operação e de uma outra, firmada com o Banco do Brasil, a Agro SB apresentou imóveis que valem R$ 277 milhões.
O contrato da Agro SB com o Itaú não é ilegal. A norma do Banco Central que veda a concessão de crédito a fazendeiros na Amazônia com áreas embargadas só se aplica ao chamado Crédito Rural, que não contempla a CPR.
Na avaliação de Luciane Moessa, diretora executiva da associação Soluções Inclusivas Sustentáveis, a atual regulamentação tem limitações.”O crédito rural está longe de ser a principal fonte de financiamento do agronegócio brasileiro, sobretudo para grandes produtores, que se financiam cada vez mais por instrumentos do mercado de capitais, como a Cédula de Produto Rural”, explica Luciane.
“Tudo isso fica fora das exigências socioambientais do crédito rural, pois as regulações aplicáveis a eles ainda não abordaram os riscos de desmatamento e outros envolvidos nas atividades agrícolas financiadas”, complementa.
No crédito rural tradicional, o produtor contrai o empréstimo em um banco, cooperativa de crédito ou agência de fomento, que são obrigados a destinar uma parte de seus recursos para este fim. A regulação é feita pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional, que fazem exigências de natureza ambiental e social. No mercado de capitais, a captação depende do uso de instrumentos financeiros – como a Cédula de Produto Rural – em que a regulação atual não faz qualquer exigência ambiental.
Apesar de não haver irregularidades, o empréstimo coloca em xeque a política ambiental do Itaú e das das demais instituições financeiras brasileiras, diz Thaís Bannwart, porta-voz do Greenpeace no Brasil.
“Essa situação [financiamento da AgroSB pelo Itaú] expõe que as políticas dos bancos são falhas por não considerarem as irregularidades ambientais e sociais do grupo [AgroSB] como um todo, independentemente se o recurso é ou não direcionado para fazendas específicas com irregularidades”, afirma. “Trata-se de um modelo de negócio contaminado por desmatamento ilegal. As instituições financeiras e reguladores do mercado não podem mais se ausentar da responsabilidade de tratar devidamente da destinação de recursos para empresas associadas a desmatamento e violação de direitos”.
O Relatório de Riscos e Oportunidades Sociais, Ambientais e Climáticas do Itaú determina que “pessoas jurídicas classificadas como produtores rurais [sejam] submetidas a análises automatizadas ou individualizadas, com verificação de embargos por infrações ambientais”.
O documento não proíbe a concessão de crédito a clientes com passivos ambientais, mas reforça o compromisso da instituição em apoiar a preservação da Amazônia por meio de uma análise mais rigorosa dos proprietários de negócios no bioma. “Uma empresa pode ser classificada como de Alto Risco por uma série de razões, tais como estar em um setor que pode causar ou sofrer impactos socioambientais ou climáticos relevantes, ou ter no seu histórico controvérsias de ordem socioambiental ou climática, com eventual impacto reputacional para a instituição”, afirmou o Itaú à reportagem.
Luciane Moessa ressalta que ainda que não exista regulação específica sobre o financiamento via mercado de capitais/CPR, os agentes financeiros deveriam ter diligências ambientais mínimas para todos os setores econômicos de risco. “Mas, como a regulação para outras operações que não o crédito rural é muito mais frouxa, isso muitas vezes não acontece”, diz. “Isso significa, na prática, que o setor financeiro ainda está envolvido no financiamento ao desmatamento ilegal no Brasil.”
A Agro SB não forneceu detalhes sobre a CPR, mas afirmou que “as partes envolvidas – Agro SB e instituição financeira – respeitaram todos os preceitos éticos e legais, não havendo qualquer ilegalidade no negócio celebrado”. A reportagem procurou o Banco Central, que não respondeu aos questionamentos.
O ex-governador de São Paulo João Doria afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “pode ser o grande agente pacificador do Brasil” durante seu mandato. As declarações foram dadas em entrevista ao site Brazil Journal.
Doria disse que reconhece ter extrapolado o limite em suas críticas contra o atual chefe do Executivo.
“Em vários momentos fui além da linha razoável de manifestação e já pedi desculpas publicamente por isso.”
“Há uma pessoa no Brasil que pode reduzir sensivelmente essa visão de confronto e postura divisória, que é o presidente Lula”, falou na entrevista.
E acrescentou que, para isso, Lula precisa “estender a mão” para aqueles que já foram seus adversários.
Ele também disse que a reunião entre Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi um gesto de “grandeza” do presidente.
Ao ser questionado sobre seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018, Doria admitiu se arrepender.
“O direito ao arrependimento é prova de grandeza. Não tenho compromisso com os equívocos”, disse o ex-governador. “Foi um equívoco compartilhado com milhares de brasileiros.”
Recentemente, João Doria pediu desculpas por declarações que deu, cinco anos atrás, logo após a prisão de Lula. A fala ocorreu durante participação no podcast Flow News. Em 2018, pouco depois de o petista ser preso pela Polícia Federal (PF) em decorrência de condenação no âmbito da Operação Lava-Jato, o então prefeito de São Paulo e pré-candidato ao governo paulista festejou nas redes sociais. Lula ficou preso por 580 dias, entre 7 de abril de 2018 e 8 de novembro de 2019.
“A decisão da Justiça brasileira de condenar à prisão Luiz Inácio Lula da Silva lava a alma dos bons brasileiros. Lava a alma daquelas pessoas que sabem o valor da Justiça e sabem também das mentiras que Luiz Inácio Lula da Silva colocou, pregou e propagou pelo Brasil”, disse Doria à época.
“Aquilo foi uma declaração imprópria, e eu não tenho problema em reconhecer. Isso me ajuda a ser uma pessoa melhor, mais respeitada. Eu sei pedir desculpas, sei reconhecer quando eu erro. Não foi uma declaração adequada”, afirmou o ex-governador de São Paulo ao programa.
O empresário também se retratou por outra postagem, feita já como governador, um ano depois, em 2019. Na ocasião, Doria ironizou a iminente transferência do petista para o presídio de Tremembé, no interior paulista, medida que acabou revogada antes que se concretizasse. Doria garantiu que o ex-presidente seria “tratado como os outros presidiários” e que poderia “fazer algo que jamais fez na vida: trabalhar”.
“Eu não poderia jamais confrontar a Justiça. A Justiça determinou que ele fosse mantido dentro do sistema prisional, mas aquela frase foi uma frase imprópria, inadequada, pela qual eu me desculpo, inclusive”, disse Doria ao participar do Flow.
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, agendou para a próxima terça-feira (10) o julgamento de três ações de investigação eleitoral contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL ) . Ele é acusado de usar o Palácio da Alvorada e o Palácio do Planalto para fazer lives nas quais se apresentou como candidato à reeleição no ano passado.
Bolsonaro foi condenado em junho pelo TSE na ação sobre o encontro com embaixadores estrangeiros. O ex-presidente está inelegível pelo prazo de oito anos. Caso seja novamente condenado, a situação fica a mesma, pelo mesmo período.
O relator, ministro Benedito Gonçalves, liberou as três ações para a pauta ontem (4). Moraes agendou no dia seguinte. O mandato de Gonçalves termina em 9 de novembro. O ministro quer que as ações sejam julgadas enquanto ele ainda estiver na cadeira.
Ainda ontem (4), Benedito concluiu a instrução de outros processos que miram o ex-presidente por uso eleitoral das comemorações de 7 de setembro do ano passado.
Assumirá o lugar de Gonçalves o ministro Raul Araujo. Gonçalves votou pelas orientações de Bolsonaro no julgamento de junho e a expectativa é que mantenha o mesmo posicionamento. Araújo, por sua vez, é visto como aliado do ex-presidente. Na campanha do ano passado, foi dele a decisão que proibiu declarações político-eleitorais no festival Lolapalloza, o pedido do partido do então presidente, o PL.
No tribunal, a expectativa é que o julgamento da semana que venha seja curto, sem a necessidade de convocação de sessões extras, como ocorreu em junho. A avaliação é que a base para os votos já foi estabelecida no primeiro julgamento. Portanto, não seriam necessários votos muito longos.
Na semana passada, o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, defendeu a exclusão das três ações . Para ele, não foram levantadas provas que demonstrassem que a conduta de Bolsonaro foi grave o suficiente para influenciar as eleições e, por isso, levar a novas declarações e inelegibilidade.
Duas das três ações foram movidas pelo PDT, que foi autor da primeira ação que tornou o ex-presidente inelegível. A terceira é de autoria da Coligação Brasil da Esperança, do presidente Lula (PT) . Todos acusam Bolsonaro de abuso de poder político por utilizar os palácios do Planalto e do Alvorada para atos de campanha durante as eleições.
Em uma das ações do PDT, o TSE chegou a ouvir Elizângela Ramos de Souza Castelo Branco, intérprete de libras que acompanhou Bolsonaro (PL) nas lives realizadas no Alvorada . O objetivo era claro se ela era atuosa nas especificações de forma remunerada. Por ser servidora, esse cenário poderia caracterizar o uso da maquina estatal em favor da campanha do ex-presidente.
Já a ação de coligação do PT acusa Bolsonaro de usar eventos no Planalto para fazer atos de campanha em seu favor e também de aliados. , UOL
O escritor Ailton Krenak foi eleito nesta quinta-feira para a Academia Brasileira de Letras e se tornou a primeira pessoa indígena a ocupar uma cadeira na instituição centenária.
Ele foi favorito desde que postulou sua candidatura , em agosto, mas chegou a ser ameaçado na corrida pela historiadora Mary Del Priore e pelo também líder indígena Daniel Munduruku .
No final, obteve 23 votos entre os acadêmicos, contra 12 de Del Priore e quatro de Munduruku.
Havia outros 12 candidatos à concorrida cadeira número 5, antes ocupados pelo historiador José Murilo de Carvalho , morto em agosto aos 83 anos, mas nenhum chegou a ter chance além desses três.
Krenak catapultou seu reconhecimento como intelectual, nos últimos anos, por meio da trilogia composta por “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, “A Vida Não É Útil” e “Futuro Ancestral”, que apresentam seu pensamento de forma acessível, adaptados de palestras e textos curtos, e desenvolver para popularizar cosmogonias indígenas pelo país.
Mas a atuação do ativista, que acaba de completar 70 anos de idade, remonta a décadas atrás e inclui uma participação decisiva na Assembleia Constituinte, em 1987, quando representou a União das Nações Indígenas e colaborou para incorporar demandas dos povos originários na Carta promulgada no ano seguinte.
Não é de hoje que se reivindica a presença de uma liderança indígena na instituição fundada por Machado de Assis e Rui Barbosa no final do século 19.
A ABL tem tateado em direção a uma maior representatividade, nos últimos anos, com eleições como a de Gilberto Gil e Fernanda Montenegro , estrelas populares que ampliaram a noção de intelectualidade abarcada pela instituição.
Também foram avanços tímidos na presença de mulheres e negros na Academia, ainda parca. Além de Gil, a única pessoa negra na Casa de Machado de Assis é o acadêmico Domício Proença Filho. Agora, Krenak vem fortalecer a diversidade racial do lugar.
Na primeira candidatura de Munduruku, há dois anos, houve uma mobilização em baixo-assinada para que ele fosse eleito. Mas a ABL não costuma lidar bem com as pressões populares, como já havia demonstrado na boatosa candidatura de Conceição Evaristo , há cinco anos.
A eleição foi marcada por um conflito público incomum. Na semana passada, Munduruku deu uma entrevista à Folha acusando Krenak de traição ao postular para uma vaga que, segundo ele, ambos tinham combinado que seria do primeiro.
Depois que Munduruku perdeu sua vaga para o médico Paulo Niemeyer Filho, em 2021, ele disse ter sido solicitado “por vários imortais a tentativa de novo”, já que havia angariado a quantidade expressiva de nove votos.
“Disseram que teriam muitas chances porque seria o indígena que eles queriam”, apontou o autor e educador na ocasião.
Munduruku está atualmente por um momento ceder o espaço a Krenak e chegou a escrever um tuíte em apoio a ele logo após o inesperado anúncio da candidatura, afirmando ser “capaz de abandonar um sonho longamente sonhado, fartamente gestado e literariamente escrito para que a causa seja vencedora “. Depois mudou de ideia.
O escritor afirmou então que Krenak “puxou seu tapete” ao oferecer sua candidatura à ABL. O autor de “Ideias para Adiar o Fim do Mundo” rebateu dizendo que nunca houve combinação de algum com o colega. “Nunca fiz um trato com ele, sequer tomamos um café.”
Na mesma entrevista, Krenak demonstrou complicações com a disputa, afirmando que só sabia que sua candidatura para se tornar imortal estava sendo divulgada através da imprensa.
“Não estava no meu horizonte uma coisa dessas, estou desmarcando um monte de coisas para cumprir as burocracias e exigências da Academia sem sequer fazer parte dela.”
Os dois líderes indígenas, no entanto, seguiram os ritos e burocracias internas da instituição e mantiveram suas candidaturas de pé até o final.