Lula defende G20 e quer mais países em governança global

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em entrevista coletiva em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, o fortalecimento de uma governança global que amplie a representatividade de países em espaços de diálogo internacional. “Não quero criar movimento separado do G7. O G7 não depende do Brasil para existir”, declarou.

Para o brasileiro, um bloco mais amplo de países, a exemplo do G20, deve ser responsável por discutir temas da ordem do dia, como paz entre as nações; meio ambiente; temas econômicos, como inflação e juros; violência; discurso de ódio nas redes digitais; e fortalecimento da democracia.

“Quando criamos o G20, foi porque o G7 tinha entendido que ele já não tinha o tamanho necessário para discutir a crise de 2008”, pontuou. Lula disse ainda que o Brasil quer ser protagonista em temas globais. “Eu respeito todos os países, todas as reuniões que cada um quiser fazer, respeito a autodeterminação dos povos, mas o que quero dizer é que o Brasil tem pensamento próprio e quer voltar a ser ator protagonista de muita influência, sobretudo, nessa questão do clima. Poucas nações têm autoridade política e moral para discutir isso”, apontou.

Lula, que retorna neste domingo (16) ao Brasil, destacou que a viagem à China representou acordos que somam R$ 50 bilhões. Nos Emirados Árabes, foram negociados investimentos da ordem de R$ 12,5 bilhões por meio de um memorando de entendimento entre o estado da Bahia e o fundo financeiro de Abu Dhabi Mubadala Capital, controlador da refinaria de Mataripe, privatizada em 2021.

“Em maio, vamos discutir com governadores brasileiros as principais obras no país. E queremos apresentar essas obras a outros países para que empresários que quiserem investir no Brasil tenham opção certa de investimento. O Brasil é um país que tem estabilidade jurídica, estabilidade política e vai se transformar num país de estabilidade econômica. Somos um governo que tem credibilidade na sociedade e com outros países do mundo. Nós garantimos a estabilidade social no país e somos um governo de muita previsibilidade”, declarou.

Negociação pela paz
O presidente voltou a defender a negociação da paz entre Rússia e Ucrânia com a reunião de países neutros. “A decisão da guerra foi tomada por dois países. E agora o que estamos tentando construir é um grupo de países que não tem envolvimento com a guerra, que não quer a guerra, que desejam construir paz no mundo, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia. Mas também temos que ter em conta que é preciso conversar com os Estados Unidos e com a União Europeia”, afirmou. Lula disse ainda que pretende envolver países da América Latina.

Extradição
Ao ser questionado, o presidente confirmou a extradição de Thiago Brennand, empresário brasileiro que é acusado de agressão contra mulheres, além de possuir armas ilegais. Lula afirmou que o tema não foi tratado oficialmente com o xeique Mohammed bin Zayed al-Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos.

“Eu fiquei sabendo que os Emirados Árabes vão fazer a extradição. Quando ela vai acontecer é uma questão da Justiça. A única coisa que eu sei é que se no mundo existir um milhão de cidadãos como este todos merecem ser punidos. Não é aceitável que um brutamonte desses seja agressor de mulheres. Acho que ele tem que pagar”, defendeu.

infomoney

Postado em 16 de abril de 2023

Críticas de Lula sobre a guerra desagradaram aos EUA, que veem ‘repetição da propaganda russa e chinesa’

As críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Estados Unidos em sua viagem à China incomodaram Washington, principalmente quando Lula disse, na noite de sexta-feira, que os EUA não querem a paz , ao se referirem à guerra entre Rússia e Ucrânia . Lula disse ainda que os EUA deveriam parar de fornecer armas para Kiev.

Um membro da diplomacia americana afirmou que não há problema algum em Lula viajar para outros países e estabelecer parcerias estratégicas. Causou “surpresa”, porém, a forma como o mandatário brasileiro se refere aos EUA.

Esse interlocutor disse ao GLOBO que o Brasil pode ter um papel importante em uma negociação de paz para a resolução do conflito no Leste Europeu, se mantiver uma postura neutra “e agir como um líder global”. A conclusão das autoridades americanas neste momento, com base nas últimas declarações de Lula, é que o governo brasileiro apoia a Rússia.

Para participar de uma negociação, Lula teria que manter uma postura neutra, afirma membros da diplomacia americana. Essa fonte cita que Lula já falou “várias vezes” com o presidente da Rússia Vladimir Putin e apenas uma vez com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. O membro do governo americano afiram que os comentários de Lula “são unilaterais, desinformados e não construtivos”.

Essa fonte enfatizou que, ao dizer que EUA e União Europeia não querem a paz, Lula repete a “propaganda russa e chinesa favorável a Moscou”. O governo dos EUA sustenta que americanos e europeus, desde o início, tentou evitar a guerra, mas foram desprezados.

Não há, da parte de Washington, intenção de retaliar o governo do Brasil por causa das críticas de Lula. Nos próximos dias, devem ocorrer contatos entre os governos. A mensagem principal é que os dois países têm uma agenda densa e com muitos interesses, como a mudança climática, os negócios, as conexões culturais, a segurança alimentar e a democracia.

Para o governo americano, não há problema em Brasil e China fazerem comércio com suas respectivas moedas. O presidente Lula também citou o uso do dólar e defendeu o uso de uma moeda única entre os países dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Os americanos argumentam que a sua moeda é estável, que conta com garantias e confiança internacional, enquanto o dinheiro chinês, o RMB, não é tão atrativo, pois Pequim restringe o fluxo de capitais.

Causou incômodo no governo americano o fato de Lula, em sua visita aos EUA, em fevereiro, não ter criticado nenhum país. Quando chegou à China, não poupou os EUA.

O GLOBO

Postado em 16 de abril de 2023

Conheça a fazenda de Piquet onde Bolsonaro guardou joias dadas por governo saudita

Uma propriedade de Nelson Piquet foi usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para guardar dois conjuntos de joias recebidos pelo governo da Arábia Saudita. A “Fazenda Piquet” localizada em área nobre da capital federal e, entre outras construções, conta com um galpão no qual Bolsonaro guardou 175 caixas (para guardar os presentes que receberam quando foi presidente) em cerca de 200 metros cúbicos, segundo a colunista do GLOBO Bela Megale.

No local, entre outras coisas, há também o Centro Hípico Lago Sul, uma escola que dá aulas particulares de equitação e equoterapia. A propriedade tem uma parte residencial e uma pista de pouso para aeronaves.

A fazenda ainda conta com ao menos um colégio de ensino primário e uma cafeteria. Há no local também um galpão no qual Piquet mantém uma série de veículos guardados, entre eles veículos clássicos como um Ford GT, uma Ferrari 308 e um Jaguar XK 120.

O local, no entanto, também já foi alvo de uma ação da Justiça em 2012, devido ao desmatamento de uma área de preservação ambiental na propriedade. Na ocasião, Geraldo Piquet, irmão do ex-piloto, foi preso pelo crime, mas acabou liberado após pagar uma fiança no valor de 15 salários mínimos — apesar de dano ambiental ser um crime inafiançável e acusado de ter sido preso em flagrante.

Segundo reportagem publicada pelo G1 na ocasião, a pista, destinada ao tráfego de aviões, já existia e era regulamentada, com cerca de 760 metros de extensão, mas estava sendo ampliada, segundo a Delegacia do Meio Ambiente (Dema), em mais de 100 metros , sobre uma área de preservação permanente da bacia de São Bartolomeu.

Na ocasião, a polícia identificou a destruição da mata quando sobrevoava a região, e encontrou um desmatamento de quatro milhas quadradas de área, após o início das obras no local, um mês antes, e sem licença e sem um estudo de impacto ambiental. Na fazenda ainda foram encontrados funcionários e maquinário que fizeram a remoção de terra e terraplanagem para a extensão da pista de pouso.

O local também foi palco de um acidente no início do ano passado, quando um avião de pequeno porte caiu próximo ao aeródromo da propriedade. Na ocasião, segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), cinco pessoas estavam na aeronave e saíram ilesas. De acordo com o relato do piloto, a aeronave recebeu uma rajada de vento lateral em baixa altitude, o que provocou a queda.

O GLOBO

Postado em 16 de abril de 2023

Inflação na Argentina chega a 102,5% e é a maior em mais de 30 anos

A inflação da Argentina chegou a 102,5% no acumulado em um ano, informou o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC) do país nesta terça-feira (14).

É a primeira vez em mais de 30 anos que o índice de preços do país supera a barreira de três dígitos, atingindo o maior patamar desde setembro de 1991.

A alta mensal foi de 6,6%, registrada em fevereiro. Nos dois primeiros meses de 2023, a inflação argentina acumulou um avanço de 13,1%.

O país já vinha enfrentando um cenário de juros muito altos. Nos 12 meses encerrados em 2022, o índice de preços atingiu os 94,8%.

“Os dados de inflação de fevereiro são, sem dúvida, muito ruins. Em especial, em fevereiro o impacto da carne foi muito forte, que subiu 19,5% devido à intensa estiagem que estamos passando”, afirmou, em comunicado, o secretário de Política Econômica da Argentina, Gabriel Rubinstein.

O resultado, considerado negativo, ocorre em ano eleitoral. As eleições na Argentina para presidente, governadores e legisladores serão em outubro de 2023.

Até agora, a inflação mensal mais alta durante a gestão do atual presidente argentino, Alberto Fernández, foi registrada em julho de 2022, quando atingiu 7,4%. Trata-se do maior patamar desde abril de 2002, quando o índice de preços chegou a 10,4%.

G1

Postado em 16 de abril de 2023

Festa da água: semiárido registra reservatórios cheios após seca histórica

Depois de sofrer com a mais longa seca já registrada no Brasil , o semiárido está novamente comemorando açudes e barragens cheias.

O que aconteceu
Volume médio de água chegou a 50% da capacidade dos reservatórios pela primeira vez desde 2012. Muitos deles estão “sangrando” (ou seja, há vazão após atingir a capacidade máxima), levando a festas de moradores.

Reservatórios secaram entre o final de 2011 e 2017. As chuvas no semiárido permaneceram bem abaixo da média nesse período.

Rios, açudes e barragens inclinadas a encher. Em 2023, fenômenos climáticos fizeram a região registrar chuvas acima da média.

O nível de 50% da capacidade total dos reservatórios foi alcançado na quarta-feira (12). Isso não ocorre desde 2012, segundo dados da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) .

A ANA monitora mais de 500 reservatórios que abastecem a região, que têm capacidade para 40 trilhões de litros de água.

Alegria da população
O cenário da seca mudou em muitos locais. Um bom exemplo é o açude Vieirão, no município de Boa Viagem (CE), que chegou a ter apenas 4% de sua capacidade em agosto do ano passado e agora está cheio.

A cheia dos reservatórios levou moradores às ruas para comemorar. Muitas dessas festas foram filmadas e viralizam nas redes sociais

No dia 4, moradores do município de Quixeramobim, no semiárido cearense, se aglomeraram para ver o “sangramento” da barragem que abastecia a cidade, o que não ocorria desde 2011.

O mesmo ocorreu no dia 11, em Caririaçu, onde o açude encheu novamente após 14 anos: a população fez uma grande celebração na beira do loca.

O que está por trás das chuvas?
A maior intensidade de chuvas está ligada à temperatura dos oceanos, em especial ao fenômeno La Niña, que resfria as águas do Pacífico Equatorial. A avaliação é do meteorologista Humberto Barbosa, professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas).

Nesses últimos três anos tivemos extremos de La Niña , e essas condições feitas com que as temperaturas não só respiraram um pouco abaixo da média histórica, como a distribuição das chuvas foi melhorada em várias partes da região. Isso fez com que os reservatórios aumentassem os níveis.

Outro ponto favorável é que, também nos últimos anos, as temperaturas do Atlântico Sul permaneceram acima da média histórica. Quando isso ocorre, diz o especialista, mais umidade é transportada pelos ventos para a região Nordeste.

A gente sabe que, quando as águas do Atlântico Sul são mais quentes que as do Atlântico Norte, você cria o que acompanha de polo negativo, que causa mais chuva à nossa região. E, nesses três primeiros meses do ano –que é a quadra mais chuvosa em boa parte do semiárido–, isso ocorreu.

UOL

Postado em 16 de abril de 2023

Após 4 anos, Justiça condena estado de SP a indenizar sobrevivente do massacre em escola de Suzano em R$ 10 mil

A Justiça condenou o estado de São Paulo a indenizar um estudante que sobreviveu ao ataque ocorrido na escola Raul Brasil, em Suzano, cidade na Grande São Paulo.

Em 13 de março de 2019, dois homens invadiram o local, mataram oito pessoas e cometeram suicídio.

De acordo com a decisão do juiz Paulo Eduardo de Almeida Chaves Marsiglia, do dia 10 de fevereiro, o aluno sobrevivente tem direito a receber R$ 10 mil de indenização por danos morais.

O valor deve ser pago pela Fazenda Pública do estado com correção monetária desde o dia do ataque com base na taxa Selic.

“O autor, conforme narrado na inicial, presenciou colegas serem mortos na sua frente e teve que fugir correndo para salvar a sua própria vida. Não há dúvida, portanto, que foi submetido a um intenso sofrimento mental, sendo evidente as consequências negativas em seu estado psicológico”, decidiu.

Em sua decisão, o magistrado afirmou que o estado de São Paulo, administrado à época por João Doria (filiado ao PSDB e hoje sem partido), foi omisso ao não ter garantido a segurança necessária aos alunos da Raul Brasil.

O juiz não considerou que o ataque é caracterizado como situação imprevisível e inevitável, como alegado pelo estado em sua defesa, ao entender que é “perfeitamente possível e exigível o controle no acesso da escola”.

“O autor se encontrava nas dependências da instituição de ensino na qualidade de aluno, sob a guarda do Estado, no momento em que os atiradores ingressaram na escola e começaram a efetuar disparos e a dar golpes de machadinha […] Portanto, aduz que o estado deve indenizar o autor pela conduta omissiva contra ele praticada”, afirmou Marsiglia.

Na época, os assassinos invadiram a escola pública estadual, localizada no centro de Suzano, e mataram oito pessoas. Um deles era ex-aluno do colégio, de ensino médio.

Morreram no ataque:

Caio Oliveira, 15 anos, estudante

Claiton Antonio Ribeiro, 17 anos, estudante

Douglas Murilo Celestino, 16 anos, estudante

Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38 anos, agente de organização escolar

Jorge Antonio de Moraes, 51 anos, comerciante, morto antes da entrada dos assassinos na escola; ele é tio do assassino mais jovem

Kaio Lucas da Costa Limeira, 15 anos, estudante

Marilena Ferreira Vieira Umezo, 59 anos, coordenadora pedagógica

Samuel Melquíades Silva de Oliveira, 16 anos, estudante

Ataque em escolas
No dia 27 de março, um aluno de 13 anos entrou na escola Thomazina Montoro, na Vila Sonia, Zona Sul da Capital paulista, e matou a facadas uma professora e feriu outras cinco pessoas. O aluno está internado temporariamente na Fundação Casa.

O ataque reacendeu o debate sobre a presença de policiais militares dentro dos colégios para fazer a segurança armada de profissionais de educação e dos alunos.

Deputados estaduais da base governista apresentaram projetos de lei para que policiais de folga e aposentados trabalhem nas escolas. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apoia a ideia

G1

Postado em 16 de abril de 2023

Dos megatemplos à penhora de dízimo: a derrocada do apóstolo Valdemiro

Pressionado por cobranças de aluguéis, impostos e direitos trabalhistas atrasados, o apóstolo Valdemiro Santiago aproveitou a transmissão do culto para lançar um desafio aos fiéis da Igreja Mundial do Poder de Deus: arrecadar R$ 10 milhões até o fim de janeiro de 2023.

“Me desculpa estar fazendo este apelo, é que nós estamos mesmo bem aflitos e a obra está realmente chamando você”, afirmou Valdemiro, ao convocar o mutirão de doação por Pix, depósito ou transferência bancária. “Eu mesmo vou colocar meu nome no livro do socorro. Daqui a uns dez dias, eu tenho fórum para ir, tenho delegacia. Tenho uns passeios turísticos aí, entendeu?”.

Aquela era a segunda vez que Valdemiro recorria ao “rebanho” em menos de um ano – período em que o líder da igreja evangélica acumulou mais de dez condenações em primeira instância só no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), por deixar de honrar suas dívidas. Também há ações em outros estados.

Com sucessivas derrotas judiciais e até registo de greve de funcionários, o apóstolo tem visto credores avançarem sobre o patrimônio associado ao seu império religioso, constituído por rádio, TV e mais de seis mil templos. Nem o dízimo escapou de ser penhorado recentemente.

Ascensão vertiginosa
Conhecido por usar um chapéu de vaqueiro nos cultos, Valdemiro Santiago de Oliveira, de 59 anos, nasceu em um distrito rural de Palma, no sul de Minas Gerais. Em seus testemunhos, relata que cresceu em uma “família pobre com muitos irmãos”, perdeu a mãe aos 12 anos e “encontrou a salvação na mensagem anunciada do evangelho de Jesus Cristo”.

O pregador evangélico fundou a sua própria denominação após ser expulso da Igreja Universal do Reino de Deus, por desavenças com o bispo Edir Macedo, líder da igreja. A primeira sede da Mundial foi inaugurada por ele em 1998, em Sorocaba, no interior de São Paulo. O crescimento foi vertiginoso.

No início, os únicos integrantes eram o próprio Valdemiro, a esposa dele – a bispa Franciléia de Castro Gomes de Oliveira –, e outras 16 pessoas. Hoje, a Mundial é uma das principais instituições neopentecostais do Brasil, calcula ter nove milhões de fiéis e está presente em mais de 20 países – entre eles, Estados Unidos, Portugal, África do Sul, Japão e Filipinas.

Valdemiro também ganhou notoriedade por transmitir suas pregações em horário nobre na TV aberta, faturou com livros e DVDs e até se envolveu em uma polêmica na venda de “feijão mágico” contra a Covid-19, contestada pelo Ministério Público Federal (MPF) e arquivada depois.

Em 2013, a revista Forbes avaliou o patrimônio líquido de Valdemiro em 220 milhões de dólares – ou o equivalente, na época, a R$ 440 milhões. Fortuna que o apóstolo negava esbanjar ainda antes de enfrentar o lamaçal de dívidas.

Do paraíso ao inferno fiscal
Para acomodar melhor a multidão de fiéis, o apóstolo transferiu a sede da Mundial do interior para a capital paulista, em 2006, onde ergueu megatemplos com capacidade para até 150 mil pessoas. A Cidade Mundial, construída no Brás, centro de São Paulo, é um dos maiores símbolos de pujança da igreja.

Foi lá que Valdemiro recebeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), então candidato à reeleição. O evento de campanha foi realizado em outubro de 2022, quando o apóstolo já enfrentava contestações judiciais. Na ocasião, o Metrópoles testemunhou membros da igreja circulando com maquininhas de cartão para recolher contribuições de fiéis.

A realização das chamadas “concentrações de fé”, eventos responsáveis por atrair multidões, é revezada entre a Cidade Mundial e outra igreja faraônica que fica em Santo Amaro, na zona sul. Com 300 banheiros e mil vagas de estacionamento, o imóvel é avaliado em R$ 33,4 milhões pelo TJSP.

Em abril de 2022, o megatemplo de Santo Amaro foi mandado à leilão por uma dívida de R$ 409 mil com a empresa contratada para fazer limpeza e controle de pragas naquele e em outros imóveis ligados à igreja.

“Milagre da blindagem”
Valdemiro prometeu “jejuar e orar para Deus interceder na vida econômica” dos doadores, ao pedir socorro financeiro, em janeiro de 2023.

“Eles começam a me acusar de forma leviana e isso vai render processo-crime contra eles. Eu não vou aceitar, porque eu tenho minha consciência limpa. Não tem ninguém que entrega mais para a obra de Deus do que eu e isso também financeiramente”, pregou.

Assim como a ascensão, a derrocada do apóstolo também tem sido acelerada. Só nos últimos quatro meses, ele já viu a Justiça penhorar pelo menos três carros de luxo, 50% de um apartamento de 226 m², em Rondonópolis, no Mato Grosso, e uma mansão com heliponto, ginásio e 22 quartos com banheira, em Ilhabela, no litoral paulista.

Entre os reclamantes, há quem alegue que o religioso usaria “laranjas e testas de ferro” para evitar a execução de dívidas e proteger seus bens. “Milagre da blindagem patrimonial”, ironizou um deles.

Já os advogados de defesa afirmam que parte das cobranças é indevida e discordam de alguns valores reclamados. Também sustentam que o volume de doações para a igreja reduziu drasticamente por causa da pandemia – ainda que a Mundial tenha registrado cultos lotados no período.

Voo interrompido
O mais recente revés envolve a cobrança de uma suposta dívida de R$ 21,4 milhões da empresa Intertevê Serviços Ltda, agência de publicidade ligada a Valdemiro. Em março de 2023, a Justiça mandou apreender um avião Pilatus, modelo PC 12/47E, que teve a propriedade transferida para uma das suas filhas anteriormente.

Fabricada em 2009, a aeronave teria sido dada como garantia a uma instituição financeira pelo grupo do apóstolo. A defesa, no entanto, nega a existência da dívida, afirma que o contrato é fraudulento e diz que o líder religioso seria vítima de um esquema de vingança do seu ex-genro, após processo de divórcio.

Ainda sem avaliar o mérito, o juiz Felipe Poyares Miranda, da 16ª Vara Cível do TJSP, negou embargo e confirmou a ordem de apreensão do avião na sexta-feira (14/4). Segundo o processo, a aeronave estaria estacionada no aeroporto de Bonito, cidade turística do Mato Grosso do Sul, e deve ser entregue em Jundiaí, no interior paulista.

O Metrópoles tentou contato por telefone com a Igreja Mundial. Três advogados que representam Valdemiro também foram procurados por e-mail e telefone, mas não houve retorno até o momento. O espaço segue aberto para manifestação.

Metropoles

Postado em 16 de abril de 2023

Tarcísio de Freitas, o governador de oposição mais elogiado no governo Lula

Aliado de Jair Bolsonaro com mais poder político hoje no país, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem sido elogiado por diversos ministros de Lula com quem tem tido contato. No Palácio do Planalto inclusive.

Entre os ministros que têm elogiado Tarcísio, estão Rui Costa, da Casa Civil, Marina Silva, do Meio Ambiente, e até seu adversário estadual Márcio França, de Portos e Aeroportos.

O contraste com Bolsonaro tem ajudado Tarcísio a ser elogiado. Os ministros têm gostado do simples fato de Tarcísio ser aberto ao diálogo e saber separar o fato de ser oposição da necessidade de trabalhar conjuntamente com o governo federal, algo que pode parecer trivial, mas de que Bolsonaro não foi capaz com os governadores de oposição.

Metropoles

Postado em 16 de abril de 2023

Primeiros embates mostram que jogo no Congresso começou mal para Lula

Logo após a vitória na eleição de 2022, o presidente Luladefinir como prioridade a formação de um parlamentar de base que, além dos tradicionais partidos de esquerda, deveria reunir lendas de centro. Na semana em que completou 100 dias, o governo do petista deu mais uma demonstração de que está longe de cumprir esse objetivo e colecionou uma série de dificuldades no Congresso — não em votações espinhosas, mas em ritos meramente burocráticos. O tamanho do desafio à frente dos articuladores políticos de Lula ficou claro com o início dos trabalhos das comissões destinadas a analisar projetos considerados essenciais para o governo, como as medidas provisórias que recriaram o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família. Normalmente, a tramitação desses colegiados ocorre sem turbulências, que são quase sempre reservadas para o plenário da Casa. Não foi o que ocorreu desta vez. Ao contrário de calmaria,

Horas antes da abertura dos trabalhos das comissões, na terça-feira, 11, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ficou sentado à Câmara pedir agilidade na análise das MPs, com o objetivo de abrir caminho para a votação do novo marco fiscal, que ainda não foi apresentado, mas é considerado a prioridade do Palácio do Planalto neste primeiro semestre. Ao fim do encontro, um sorridente Padilha diagnosticou um “ambiente positivo” e anunciou um acordo para que as medidas avançassem com tranquilidade. Segundo o ministro, a largada nas comissões mostraria que, enfim, estava encerrada uma disputa travada entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre como deve ser a tramitação das medidas provisórias. O impasse, que se arrasta há mais de dois meses, vinha paralisando a tramitação de assuntos de interesse do Planalto, que finalmente veria sua agenda legislativa avançar sem sobressaltos. O discurso otimista de Padilha não resistiu ao confronto com a realidade.

Chegada a hora marcada para uma sessão, a ausência de deputados de centro, especialmente de PP, Republicanos, União Brasil e MDB, impedia o início dos trabalhos. No canto do plenário, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disparou telefonemas pedindo o comparamento dos parlamentares. Ao lado dele, o senador Otto Alencar (PSD-BA), aliado da primeira hora de Lula, reclamava que a situação era lamentável. Já Renan Calheiros esbravejava que o episódio revelava a atuação de “forças ocultas” — referindo-se a Arthur Lira, de quem é arqui-inimigo — para atrapalhar o governo. “Está usando as MPs para fazer esse tipo de chantagem. Nunca houve isso aqui no Congresso”, dizia Renan, desconsiderando o fisiologismo que marcou todos os governos desde a redemocratização. Uma das sessões foi suspensa temporariamente,

Cada comissão tem 26 membros titulares, dos quais sete senadores e sete deputados são necessários para garantir o quórum mínimo. Se há dificuldade para assegurar a presença mínima de parlamentares, imagine como será complicado convencê-los a votar em projetos impopulares ou que envolvam interesses gigantescos, como o novo marco fiscal. “Bote como manchete assim: ‘Foi uma vitória do governo’. A despeito de tudo, foram instaladas três comissões”, comemorou Randolfe Rodrigues, que evitou falar dos próximos passos para unificar uma base governista. “Eu prometi que, se instalassem essas comissões, eu ia tomar pela primeira vez na minha vida uma dose de cachaça. Isso, para mim, é inusitado. Então me deixa comemorar hoje e aí semana que vem a gente vê”, continuou. Os deputados que estavam gazeteando a sessão e chegaram já no fim dos trabalhos argumentaram que estavam em um almoço com Lira e, por isso, se atrasaram. Nos últimos dias, o presidente da Câmara ficou mais recolhido, porque se recuperava de uma cirurgia de hérnia umbilical, o que também foi usado como argumento para não acompanhar Lula em viagem à China.

O recolhimento não impediu Lira de articular a formação de um poderoso bloco na Câmara, integrado por 173 deputados de nove partidos. O grupo, agora, passa a ser a maior força política da Casa e consolida a influência do deputado alagoano. O segundo bloco maior também reúne partidos de centro e supera com folga as bancadas do PL de Jair Bolsonaro e do PT de Lula. Ambos os blocos querem ser contemplados com cargas e verbas para votar com Lula. A queixa é de que na mesa de negociação há muita promessa e pouca benesse. Mais do que almoços prolongados, questões de saúde ou articulações de última hora, o que impede a formação da base governista é a insatisfação generalizada com a articulação política. Não faltam críticas ao ministro Alexandre Padilha. Apesar da promessa do Planalto de entregar cerca de 50 bilhões de reais nas mãos dos congressistas,

A lentidão é tamanha que os congressistas passaram a fazer troça com a espera. Um parlamentar que levou a Padilha uma série de pleitos no início do mês ouviu do ministro, mais uma vez, que elas seriam destravadas em breve. “Mas não vão, né? Eu fiquei muito desapontado com o ‘inscrição’. É ‘inscrição’ mesmo”, disse. Outro parlamentar já compara a situação a um processo seletivo. “Eles pegam o deputado novo, abrem o sistema para se cadastrar, e ele o faz todo feliz, naquela energia de uma inscrição para o Big Brother. A turma se inscreve achando que vai dar alguma coisa, mas não dá em nada. O povo mais tarimbado sabe que está enrolando”, afirma um líder partidário. A gritaria acontece até mesmo dentro do PT. Na última segunda-feira, 10, um grupo que integra a executiva da lenda, da qual fazem parte nomes como Gleisi Hoffmann, Jilmar Tatto e José Guimarães, se reuniram para fazer um balanço sobre o governo e o partido. No encontro, sobraram críticas sobre como Padilha vem falhando ao segurar as emendas e ao fazer acordos “no varejo”, sem conseguir amarrar o apoio das cúpulas partidárias.

Além disso, os próprios petistas relatam dificuldades em encaminhar os pedidos ao ministro. “Uma insatisfação que acontece em um momento se resolve logo, mas uma insatisfação que é recorrente com a expectativa de que vai ser resolvida, e não é, gera uma confusão maior. Está-se criando um desgaste necessário”, diz um petista que participou do encontro. Os problemas já subiram para o primeiro escalão. Na última semana, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, pediu a desfiliação da União Brasil alegando divergências internas. A questão é que o partido, que detém três massas na Esplanada e já ameaça as votações do governo se não tiver mais espaço, não abre mão da cadeira e anunciou que quer a demissão da ministra caso seja confirmada a saída dela da sigla. Enquanto o governo bate cabeça, a oposição articulou a ida em série de ministros para prestar esclarecimentos ao Congresso. Flávio Dino, da Justiça, teve de enfrentar pela segunda vez uma barulhenta tropa oposicionista, foi embora sem conseguir dar a orientação e ouviu o recado de que será chamado à Câmara novamente.

À frente das carreiras, Padilha enfrenta as mesmas agruras de seus antecessores no cargo. O articulador político do governo, de qualquer governo, pode costurar acordos, mas esses até só são consumados se o presidente da República bater o martelo. No primeiro mandato de Lula, José Dirceu tentou montar uma base de apoio com lendas de centro, mas o chefe preferiu um arco mais amplo, com o PL de Valdemar Costa Neto e o PP. O resto da história é conhecido. Na gestão passada, Bolsonaro, diante da dificuldade para criar sua base, cedeu poder ao Congresso com as chamadas emendas de relator. Empoderados, deputados e senadores não querem abrir a mão do que conquistaram e ganharam o controle de fatias generosas do Orçamento da União. Enquanto não são agraciados, dificultam até mesmo ritos burocráticos, como se viu no caso das comissões. Fizeram isso como um sinal de alerta, mas, nos bastidores, alegam que podem ocorrer a remédios mais amargos. A ameaça é de que, se as verbas orçamentárias não voltarem a fluir, a Câmara vai importar derrotas ao governo durante a votação de assuntos importantes. Lula 3, definitivamente, não terá vida fácil no Congresso.

VEJA

Postado em 16 de abril de 2023

O que se sabe sobre o novo surto de gripe aviária, o pior desde os anos 90

O alarme de Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), soou em fevereiro deste ano: deveríamos nos preparar para uma possível epidemia de gripe aviária. A mensagem não foi exagerada. O vírus influenza H5N1, causador da doença, tornou-se um pesadelo entre diversas espécies animais. Desde outubro de 2021, foram registrados mais de 42 milhões de casos da infecção em aves. Nesse período, 15 milhões de animais morreram e outros 193 milhões tiveram de ser sacrificados. Trata-se do pior surto de gripe aviária desde os anos 1990.

O apelido da doença pode levar a enganos: ela não afeta apenas aves que vivem na natureza ou em granjas. Mamíferos também estão sendo infectados, e em proporções inusuais. No Peru, 585 leões-marinhos morreram em decorrência da moléstia. Na Espanha, um surto eclodiu numa fazenda de visons (pais da doninha criada em cativeiro). No Reino Unido, o microrganismo foi encontrado em lontras e raposas. E o ser humano, pode contrair o vírus? Há registros recentes, que encorajaram a atenção. Nas últimas duas semanas, houve a confirmação do primeiro caso de H5N1 em humanos no Chile e a morte de uma mulher na China devido a outro subtipo viral e menos comum, o H3N8.

O salto de micróbios entre espécies não é algo incomum. Seis em cada dez doenças infecciosas que assolam seres humanos hoje são provocadas por patógenos que aprenderam a migrar de outros animais para o nosso organismo. Como demonstram estudos recentes, a Covid-19 também percorreu esse itinerário — os hospedeiros naturais do coronavírus são os morcegos. Mas, antes mesmo de o mundo conhecer o SARS-CoV-2, os virologistas já se preocupavam com uma possível doença de origem zoonótica capaz de se estabelecer entre gente como a gente. ó gripesempre foi o candidato principal por trafegar entre várias espécies e ser altamente transmissível. Mas o temor rondava especialmente a gripe aviária por causa de sua letalidade. De 2003 a 2023, 873 casos humanos e 458 mortes foram relatados em 21 países. E, circulando pelo planeta, o vírus pode estar experimentando que lhe conferem novas habilidades para se disseminar.

Ainda que o perigo esteja no ar, não há motivo para pânico. “Os contágios atuais não fornecem evidências de que o vírus está prestes a se manter massivamente para seres humanos”, diz o virologista Paulo Eduardo Brandão, professor da Universidade de São Paulo (USP). O agente infeccioso precisaria subir alguns graus na escada que leva a uma pandemia. O motivo principal é que o H5N1 ainda não está adaptado para ser transmitido de pessoa para pessoa. Os episódios pontuais são registrados em humanos se restringem por ora a indivíduos que tiveram contato direto com aves contaminadas. O que não significa que devemos baixar a guarda, claro.

Por enquanto, a grande ameaça da gripe aviária envolve a produção alimentar. Desde meados dos anos 1950, quando a avicultura começou a se industrializar, mais de 50 bilhões de galinhas são criadas espontaneamente como fonte de carne e ovos, o que as torna a espécie de vertebrados mais abundante no planeta. Para manter os números desse porte, uma rede enorme de fazendas, laboratórios e frigoríficos é movimentada. Com o alastramento da doença entre as aves, pode ocorrer a devastação de uma cadeia produtiva, gerando falências, desemprego e prejuízos respiratórios. Em última instância, a falta de frango e ovo desataria aumenta exponencialmente no preço da comida.

Para conter o problema, nações como China e França já estão vacinando as galinhas. Estados Unidos, Argentina e Uruguai pretendem começar em breve. Outros países preferem aguardar, pois já há um cerceamento nas exportações dos produtos avícolas e regras rígidas de confinamento são adotadas. O Brasil, ainda livre da moléstia, adotou essa estratégia, e reforçou a vigilância ativa. De qualquer forma, o vírus H5N1 está no radar dos cientistas. E não se trata apenas de cuidado com a proteção animal. O Instituto Butantan, de São Paulo, iniciou estudos para criar uma vacina destinada a humanos. “Já iniciamos a produção dos bancos virais. E as próximas etapas estão em fase de elaboração”, diz Ricardo Oliveira, diretor do Centro Bioindustrial da entidade paulistana. É prudente nos anteciparmos ao inimigo.

Hora de se vacinar

O Ministério da Saúde acaba de dar início à campanha de imunização contra a gripe comum — um problema de saúde pública que responde por um grande número de internações e mortes no país. A vacina é aplicada amplamente para proteger as pessoas dos vírus influenza mais comuns em cada estação. O produto disponível gratuitamente pelo SUS abrange três tipos do patógeno. O governo prioriza, nessa primeira fase da imunização, alguns grupos, como gestantes, idosos, crianças de 6 meses a 6 anos e trabalhadores da área da saúde. Eles estão mais vulneráveis ​​à infecção e complicações pela infecção respiratória. A meta é vacinar até 31 de maio 90% de cada público-alvo, o que, no total, representa mais de 80 milhões de brasileiros.

Há, contudo, um desafio pela frente, já que em 2022 a cobertura vacinal para a gripe não venceu os 70%. Além do imunizante oferecido pelo SUS, a rede privada oferece a vacina tetravalente, que cobre uma quarta cepa dominante de influenza . Mais recentemente, foi lançada uma versão turbinada do produto especialmente para pessoas acima de 60 anos. O fundamental, de qualquer forma, é não deixar de se vacinar — pelo bem individual e coletivo.

VEJA

Postado em 16 de abril de 2023

Governo Lula pede condenação e cassação de Nikolas Ferreira por transfobia

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo Lula pedirá, neste sábado (15/4), a condenação e a perda do mandato do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira, que fez um discurso transfóbico no plenário da Câmara em março. A nota técnica será enviada ao Congresso, à Polícia Federal, à Procuradoria-Geral da República e às empresas de redes sociais.

“A não responsabilização configura uma ameaça à estabilidade democrática, que se apresenta em diversas partes do mundo, com especial incidência sobre o Brasil”, afirmou a nota técnica, acrescentando que Ferreira deve ser processado por transfobia e ser cassado na Câmara: “Não foi cometido apenas crime de homotransfobia. Nikolas Ferreira também violou o Regimento Interno da Câmara dos Deputados”.

O documento rechaçou que os ataques de Ferreira sejam abarcados pela liberdade de expressão. Os técnicos também citaram o julgamento do STF que, em 13 de junho de 2019, permitiu a criminalização da transfobia e da homofobia, ao equiparar esses crimes ao racismo.

“O discurso de ódio proferido contra a população LGBTQIA+, em especial com relação às pessoas trans, travestis e não binárias, como se deu no caso protagonizado, trata-se de conduta criminosa”. A nota técnica é assinada pelo ministro Silvio Almeida; a secretária-executiva Rita Oliveira; e a secretária dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, uma mulher trans.

Em seguida, o ministério afirmou que a omissão do Congresso em criar leis para punir discursos de ódio contribui para a violação de direitos humanos contra essa população. E alertou para um “verdadeiro escárnio ao Estado democrático de Direito” caso a Câmara seja conivente com esses crimes dentro do Parlamento.

Além de cobrar investigações na Justiça e na Câmara, a nota técnica defendeu que as redes sociais também sejam punidas por impulsionarem discursos criminosos. A pasta destacou que o vídeo com o discurso criminoso segue disponível nas redes sociais do deputado bolsonarista, apesar de denúncias em várias esferas.

Metropoles

Postado em 15 de abril de 2023

Vídeo de vice-presidente da Caixa com Bolsonaro cria embaraço no banco

A permanência do vice-presidente de Agente Operador da Caixa Econômica Federal (CEF), Edilson Carrogi Ribeiro Vianna, tem chamado atenção politicamente em função da simpatia que Vianna tem com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em vídeo antigo que começou a circular, recentemente, entre funcionários da CEF, Vianna aparece junto a um grupo de pessoas que cercam Bolsonaro e tiram fotos sob os gritos de “mito”, durante evento do banco, ainda quando Bolsonaro era presidente.

As 12 vice-presidências da Caixa são cargos cobiçados por movimentar orçamentos milionários. Sob o guarda-chuva da vice-presidência de Agente Operador, por exemplo, está o FGTS.

Vianna assumiu a função de vice-presidente, interinamente, em janeiro de 2020, sob a gestão de Pedro Guimarães. Ele foi efetivado no cargo em junho de 2022, continuou no cargo quando Daniella Marques assumiu a presidência da Caixa e foi mantido por Rita Serrano, nomeada nova presidente do banco por Lula (PT).

Metropoles

Postado em 15 de abril de 2023