Celso Amorim revela que o Brasil busca com a nota e com a negociação para a liberação de brasileiros
O Brasil acha que a ida do presidente Joe Biden a Israel pode ser um bom momento para a saída dos brasileiros, segundo o assessor especial do presidente Lula para a área internacional, Celso Amorim .
– Existem americanos na mesma situação dos brasileiros. E o nosso esforço é para que seja concedido que o que for permitido aos americanos seja também garantido para os brasileiros —me disse Amorim.
No domingo ele conversou com o representante da União Europeia sobre o mesmo assunto, por iniciativa do europeu, porque o bloco também tem cidadãos retidos na fronteira de Gaza com o Egito.
O embaixador conversou comigo também sobre a resolução que está sendo negociada no Conselho de Segurança da ONU, que neste momento é presidida pelo Brasil.
– A nossa resolução busca o equilíbrio, condenando os atos terroristas praticados pelo Hamas, mas é mais abrangente e é focalizada na parte humanitária. A negociação é intensa, fala do corredor humanitário para tirar as pessoas dali e conclama os novos comportamentos.
O Conselho de Segurança da ONU rejeitou a proposta de resolução da Rússia sobre a guerra, que estava muito mais interessada em condenar Israel. A nota brasileira busca um equilíbrio e a apresentação de propostas objetivas para se atenuar o risco atual da crise humanitária.
Se não houver nenhum veto, será uma vitória para a diplomacia internacional, não só brasileira.
Segundo ele, o Brasil está negociando intensamente em várias frentes. Na ONU, por uma resolução que una a todos, e nas esferas bilaterais, para garantir a saída dos brasileiros de Gaza.
Israel tem impedido essa saída porque quer fazer uma triagem para impedir que saiam integrantes do Hamas. Por outro lado, o Egito quer que haja abertura porque está interessado na oferta de ajuda humanitária.
Para ter a ideia da intensidade com que trabalha a diplomacia brasileira neste momento, após anos de isolamento intencional no governo Bolsonaro, consegui falar com Amorim em Barbados.
– Estou aqui porque o Brasil foi chamado como testemunha do acordo entre o governo e a oposição da Venezuela para garantir as próximas eleições.
O acordo foi negociado pela Noruega, mas os Estados Unidos comprometem-se a reduzir as avaliações contra o governo da Venezuela em troca de garantia para as eleições.
O GLOBO