Ciro Gomes quebra o silêncio e diz que Lula é “responsável pelo reacionismo no Brasil”
Sete meses após registrar seu pior resultado numa eleição presidencial, o ex-ministro Ciro Gomes voltou a participar de um evento público nessa sexta-feira (12). Em discurso para estudantes da faculdade de direito da Universidade de Lisboa, o pedetista afirmou que o presidente Lula é o “responsável pelo reacionarismo no Brasil” e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está “entregue à banqueirada”. É a primeira vez que o presidenciável, grande crítico do PT e de Lula, faz uma avaliação do novo governo.
“O Lula nunca quis mudar, não tem compromisso com a mudança do Brasil, é o responsável pelo reacionarismo dominante hoje no Brasil. Ganha com isso”, disse.
Ciro comentou uma reportagem que revelou que o senador Davi Alcolumbre (União-AP) indicou emendas sob suspeita de superfaturamento.
“A Codevasf está fazendo investimento superfaturado no Amapá neste governo. A direção e as práticas que estão lá são as mesmas, é por lá que se esvai o orçamento secreto. Como nós vamos fazer? Deu certo isso? É uma pergunta simples”, criticou.
“Caramba, o Lula foi parar na cadeia. Será possível que não aprendemos nada? Ou nós acreditamos que Lula foi inocentado? Ele não foi. O Lula teve direito à presunção de inocência restaurada. É diferente de ser inocentado em um julgamento”, disse.
Apesar disso, Ciro avaliou que Lula não teve “o devido processo legal”.
Campos Neto e Haddad
Ao comentar sobre a área econômica, além de Lula, Ciro criticou a gestão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e desaprovou a indicação de Gabriel Galípolo, ex-secretário-executivo da Fazenda, para uma diretoria no BC.
“Esta demissão (do Campos Neto) tem que ser provocada pelo Conselho Monetário Nacional. Quem é? É o governo, é o ministro da Fazenda completamente entregue à banqueirada, que está indicando um banqueiro para direção nova do Banco Central, se chama Galípolo”, disse.
Em outra crítica contra Haddad, Ciro comentou sobre a nova regra fiscal que está sendo analisada pela Câmara e foi construída pelo ministro.
“Quero saber se é justo que a gente faça um novo teto de gastos, com o nome arcabouço fiscal, um arrocho absoluto na taxa de inversão. Sabe qual é a taxa de investimento do Brasil hoje? A menor da história. Da União federal remanesce para investimento 0,75 de 1%. E isso significa ao redor de 24 bilhões, que é nada”, declarou.
Quarto lugar na eleição presidencial do ano passado, Ciro está ausente do debate político nacional desde o resultado do segundo turno, em outubro. Seu partido está na base do Lula no Congresso e tem Carlos Lupi, presidente licenciado da legenda, como ministro da Previdência.
Da mesma forma que o irmão, o senador Cid Gomes Gomes (PDT-CE) já havia feito críticas ao governo e reclamou da forma como o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negocia com o Centrão.
O Sul