Comissão de Saúde discute desafios e fluxo assistencial para pacientes renais no RN

Postado em 26 de novembro de 2025

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (ALRN) promoveu, nesta terça-feira (25), uma reunião com especialistas, gestores e representantes de entidades para debater os principais gargalos do atendimento a pacientes com Doença Renal Crônica (DRC) no Rio Grande do Norte. O encontro, conduzido pela deputada Cristiane Dantas (SDD), buscou alinhar fluxos, identificar entraves e apontar encaminhamentos para fortalecer a rede de cuidado.

Participaram da reunião Kaliane Kabral e Rodrigo Azevedo, do Conselho Regional de Medicina (CREMERN); Bárbara Morais, do Núcleo Estadual de Nefrologia da Sesap; Eliane Pereira, superintendente do Hospital Onofe Lopes (HUOL); Letícia Duarte, da Regulação da Sesap; além de João Neto, também do HUOL.

Representando o CREMERN, a médica Kaliane Kabral destacou a necessidade de apoio à linha de cuidado e de maior integração entre categorias profissionais e gestores. “Precisamos de união e gestão eficiente. Vim pedir apoio e oferecer parceria e força de trabalho. Estamos prontos para colaborar, construir soluções em nome dos doentes renais, inclusive crianças”, afirmou. Ela citou ainda que mais de 3 mil pacientes renais são atendidos mensalmente pelo SUS no RN e que muitos acabam recorrendo à judicialização para garantir tratamentos básicos.

A médica Bárbara Morais apresentou um plano de ação e trouxe dados preocupantes: 10% da população mundial já apresenta problemas renais — no Brasil, o índice é de 8,4% — e a DRC deve se tornar a quinta causa de morte até 2040. Segundo ela, diabetes e hipertensão continuam sendo os principais fatores de risco; apenas o diabetes atinge cerca de 30% da população brasileira. 

No RN, 9,6% da população adulta tem algum grau de comprometimento renal. Atualmente, são 1.905 pacientes em diálise e 3.140 em hemodiálise. Ela alertou que a média de 400 consultas mensais exige uma expansão urgente da estrutura disponível.

Entre os principais desafios da rede, Bárbara apontou a falta de ações de conscientização na Atenção Primária, deficiência no rastreio da DRC, carência de dados sobre tratamento conservador, acesso tardio via urgência e pouca integração entre níveis de atenção. Também citou limitações para exames complementares e a necessidade de teleassessoramento e matriciamento.

Letícia Duarte, da Regulação, explicou que a diálise peritoneal enfrenta um obstáculo adicional: a compra de equipamentos. “No Brasil, há apenas um fornecedor, que impõe quantidades mínimas de aquisição. Mas iremos ver como está a situação nos outros estados para ver a possibilidade de compra conjunta. Essa pauta, inclusive, está sendo discutida nacionalmente e já foi levada à Câmara Técnica do CONASS”, disse.

A superintendente do HUOL, Eliane Pereira, destacou que a unidade já opera no limite e não tem condições, no momento, de assumir novas linhas de cuidado devido ao dimensionamento de pessoal e à ocupação de leitos. “O HUOL não comportaria esses pacientes”, afirmou.

Encerrando as falas, o médico Rodrigo Azevedo reforçou a necessidade de integração: “A ideia é unir forças para resolvermos esses gargalos”.

Ao final da reunião, a deputada Cristiane Dantas propôs um encontro administrativo entre todos os órgãos envolvidos para alinhar encaminhamentos. “Precisamos avançar e trazer soluções para essa pauta tão importante”, disse.