Companhia aérea suspende todas as operações, incluindo voos ao Brasil.
A Viva Air, companhia aérea colombiana de baixo custo, suspendeu todas as operações na noite de segunda-feira (27/2) devido a problemas financeiros, segundo comunicado da empresa. Não há previsão de retorno. Com isso, seus voos foram cancelados, incluindo rotas da Colômbia para Buenos Aires e São Paulo.
A Viva opera 35 rotas, com frota de 20 aviões, e tem uma subsidiária no Peru. “Lamentamos informar a suspensão temporária de nossas operações dada a falta de definição oportuna da [autoridade de] Aeronáutica Civil sobre a aliança entre Viva e Avianca, única possibilidade para seguir voando e cumprir com nossos compromissos”, disse a Viva, em comunicado.
“Informamos aos passageiros com voos vigentes com a Viva que não poderemos honrar agora seus planos de viagem. Informaremos oportunamente os passos a seguir depois desta decisão”, prossegue a nota.
A empresa também se comprometeu a trabalhar para “preservar sua capacidade de reiniciar as operações em uma data futura, supondo que a Aeronáutica Civil aprove de imediato a aliança pendente”.
A situação gerou cenas de confusão em aeroportos colombianos nas últimas horas, como longas filas e aglomerações de passageiros em busca de informações. Muita gente chegou para viajar e descobriu só no aeroporto que não teria como embarcar.
Em Bogotá, muitos viajantes passaram a noite no aeroporto depois de terem seus voos cancelados. De madrugada, um grupo deles fez um protesto e bloqueou o acesso ao embarque internacional.
Empresas vão atender os passageiros afetados
Na manhã desta terça (28), a Aeronáutica Civil disse que as empresas Latam, Avianca e Satena atenderão aos passageiros que tinham voos marcados até quarta (1º) com a Viva, sem custos extras. As remarcações estão sendo feitas diretamente nos aeroportos, segundo o jornal colombiano El Tiempo.
Desde abril de 2022, a Viva busca a aprovação do governo para sua integração com a Avianca – maior companhia aérea da Colômbia – alegando que é a única maneira de superar seus problemas financeiros. Com a pandemia, as empresas aéreas tiveram grandes prejuízos com a suspensão de voos.
No começo de 2022, Viva e Avianca fizeram um acordo para unificar seus direitos econômicos, mas sem que houvesse mudanças na administração e operação das empresas. Ou seja: um mesmo dono receberia os lucros das duas empresas, mas a gestão delas seria feito de modo separado.
No entanto, meses depois, a Avianca disse que a situação financeira da Viva estava em perigo e propôs unificar parte das operações para cortar custos e poder investir na empresa.
O governo colombiano viu risco à concorrência e abriu um processo para analisar se autoriza a integração.
Com a fusão, uma mesma empresa dominaria uma parcela muito grande do mercado do país. Assim, várias rotas poderiam ficar sem concorrência na prática. Para tentar obter a liberação, as empresas se comprometeram a abrir mão de slots no aeroporto de Bogotá, o principal do país, e manter as duas marcas ativas, sendo que a Viva seguiria como uma empresa de baixo custo.
Depois de meses de debates, em janeiro, a Aeronáutica Civil anulou o caso porque encontrou uma “irregularidade substancial no processo administrativo”. Com isso, o trâmite teve de recomeçar do zero.
Na segunda (27/2), a Aeronáutica Civil reconheceu que o caso da Viva é de interesse de terceiros, o que abre espaço para que outras companhias tenham suas propostas analisadas. Na prática, isso atrasará ainda mais o processo de análise de fusão entre Viva e Avianca.
A Viva diz que a indefinição do governo faz com que os credores se recusem a renegociar dívidas da empresa, que está em recuperação judicial desde o começo de fevereiro.
Estado de Minas