Dia da Consciência Negra é comemorado em todo o Brasil nesta quarta

Celebrado nesta quarta-feira, 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra é feriado em todo o Brasil pela primeira vez na história do País. Dentre os principais objetivos da medida está o de estimular a reflexão contra o preconceito racial, motivo pelo qual o mês têm sido marcado por uma série de ações, incluindo debates, shows, peças teatrais e lançamentos de livros, dentre outros.

A lei federal que consolidou a data teve em sua origem uma proposta do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), relatada pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro do ano passado. Trata-se de uma conquista para muitos ativistas que lutaram pela causa.

Editora do Blog Pimenta Rosa, Elen Genuncio corrobora: “A importância desse feriado ser nacional é para marcar a posição. No Brasil, o racismo é extremamente velado. O brasileiro tem muita vergonha de assumir o seu racismo, chegando ao ponto de responsabilizar o próprio negro por sua condição na sociedade. Esse racismo é expressado de diversas formas. Uma dessas é impedindo uma homenagem ao Zumbi. Você já viu alguém reclamar de feriado pelo Dia de Tiradentes?”.

Racismo persiste

Apesar da vitória do feriado nacional, os crimes de racismo têm crescido no País. Exemplos não faltam para explicitar a falta de respeito com a população negra, mesmo quando se trata de famosos. Basta lembrar o caso do jogador brasileiro Vini Júnior e sua luta contra o preconceito no futebol da Espanha, onde já foi chamado de “chipanzé” por torcedores.

Se personalidades passam por esse constrangimento, não é difícil imaginar as pessoas comuns, que sofrem constrangimentos nos mais variados ambientes. Quando entram em farmácias, supermercados e lojas de roupa são seguidos por segurançass. E ainda tem muitos casos de pessoas que são presas injustamente apenas pela cor de sua pele.

De acordo com dados do “Anuário Brasileiro de Segurança Pública”, houve aumento de 127% nos registros de casos de racismo no País em 2023, na comparação ao ano anterior. Foram 11.610 boletins de ocorrência de racismo, ante 5.100 em 2022.

Já segundo a a pesquisa da Brand Inclusion Index 2024, da empresa global de dados e análise de marketing Kantar Insights, de 1.012 brasileiros entrevistados, foi constatado que 61% dos pretos e pardos sofreram discriminação no último ano. Principais locais: trabalho (31%), locais públicos (26%) e estabelecimentos comerciais (24%).

Apesar do avanço de casos ruins, para a especialista carioca Jurema Batista também houve melhorias: “Isso é bem explícito hoje nos meios de comunicação. Tem praticamente uma ‘cota de negros’ em todas as novelas. Assim como nas universidades e concursos públicos, essa é uma grande conquista”.

Ela finaliza: “Ainda teremos que brigar muito para sermos respeitados. Quase toda semana tem crimes de racismo sendo divulgados nos meios de comunicação. A luta atual é só o começo, mas estamos chegando lá”.

O SUL

Postado em 20 de novembro de 2024