Eduardo Bolsonaro diz que poderá abrir mão do mandato

O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que “por ora” não volta. “A minha data para voltar é quando [o ministro do Supremo Tribunal Federal] Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender”, declarou ao veículo.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou que “muito provavelmente” abrirá mão do mandato. “Ainda tenho assessor meu dando inputs. Não consigo bater martelo se houver alternativa. O prazo acabará no fim de julho. Mas, se for necessário, eu não volto ao Brasil.”Play Video
“Por ora eu não volto. A minha data para voltar é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender… Eu tô me sacrificando, sacrificando o meu mandato para levar adiante a esperança de liberdade”, reforçou.
Ele cita, porém, uma possível alteração no regimento da Câmara que poderia permitir que parlamentares, em casos “excepcionalíssimos”, exerçam o mandato à distância.
O deputado afirma que só precisa se pronunciar definitivamente após o recesso, ou seja, em quatro de agosto. “Eu tenho a opção de não renunciar, deixar o tempo correr e perder o mandato por falta”, diz.
Ele afirma estar sem receber salário enquanto está nos EUA. “O que tem ocorrido é o pagamento de minha assessoria, que segue me assessorando e também está à disposição do meu suplente, deputado federal Missionário Olímpio (PL-SP).”
Questionado se já comunicou ao seu pai a decisão ele respondeu: “Não comuniquei não. Não é que não volta mais. Não volto enquanto persistir esse cenário.
Perguntado sobre esse prazo da licença do mandato; ele disse que tem dois caminhos: “Seguir nos Estados Unidos trabalhando na nossa causa ou retornar para ser preso. Acho que ninguém duvida que eu seria preso se eu retornar para o Brasil”.
Eduardo Bolsonaro também foi questionado se não tem medo de ficar com a fama de fujão. Ele respondeu: “Não, nenhum. Eu tenho total segurança naquilo que estou fazendo. E, cada vez mais, você vê que tenho tido apoio. Acabo de passar de 6,4 milhões de seguidores no Instagram. Eu estou ganhando seguidor a todo momento. Apoio popular. Na Califórnia não tem uma grande comunidade de brasileiros. Mas fiz um evento aqui e vieram diversos pastores brasileiros. Estou preparando outro evento em Miami, dia 26 de julho. Pode ter certeza de que haverá a comunidade brasileira apoiando. Temos a esperança de que surja uma esperança de dentro do Brasil”, disse.
Tarifas
O anúncio de Eduardo é feito no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça impor tarifas de 50% ao Brasil.
Eduardo anunciou em março que pediu licença do mandato parlamentar para ficar nos Estados Unidos.
Ele afirmou na ocasião que tomou a decisão “mais difícil” de sua vida porque poderia ser preso por determinação de Moraes, embora não corresse nenhuma ação neste sentido.
Dois meses depois, o ministro do STF acatou pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) e abriu inquérito sobre a atuação do deputado.
A PGR afirma que o filho 03 de Jair Bolsonaro (PL) tem trabalhado, junto a empresários, congressistas americanos e integrantes da Casa Branca para sancionar membros da Suprema Corte brasileira, especialmente Moraes, além de autoridades da Polícia Federal e da própria Procuradoria.
Para o órgão, Eduardo pode estar cometendo os crimes de coação, embaraço à investigação de infração penal e tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.
Nos EUA, Bolsonaro tem conversado com autoridades para reforçar à Casa Branca e seus aliados os pedidos de sanção a Moraes, como noticiou a Folha. Eduardo teve reuniões na sede do Executivo americano, no Departamento de Estado e com um aliado próximo de Donald Trump.
A PGR afirma que a atuação de Eduardo tem “o intuito de impedir, com a ameaça, o funcionamento pleno dos Poderes do mais alto tribunal do Poder Judiciário, da Polícia Federal e da cúpula do Ministério Público Federal, atentando contra a normalidade do Estado democrático de Direito”.
Na semana passada, Moraes prorrogou o inquérito por mais 60 dias. O pedido de ampliação de prazo foi feito pela PF (Polícia Federal) na última quarta-feira (3). Segundo o ministro, há necessidade de continuidade das apurações e diligências ainda pendentes.
Na véspera do despacho de Moraes sobre a investigação, o presidente dos EUA Donald Trump afirmou que o Brasil está fazendo uma “coisa horrível” no tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
QUEM
Eduardo Bolsonaro diz que está disposto a “sacrificar mandato”
QUANDO
O anúncio de Eduardo é feito no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaça impor tarifas de 50% ao Brasil. Eduardo anunciou em março que pediu licença do mandato parlamentar para ficar nos Estados Unidos.
Ele afirmou na ocasião que tomou a decisão “mais difícil” de sua vida porque poderia ser preso por determinação de Moraes, embora não corresse nenhuma ação neste sentido.