Ensino médio público do RN é o pior do Brasil pela 2ª vez

Pela segunda vez consecutiva, o RN recebeu a pior nota do Brasil no ensino médio público da rede estadual, com 3,2. O número é 0,9 ponto abaixo da média nacional. O resultado do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) de 2023 foi divulgado nesta quarta-feira (14) pelo Ministério da Educação, e também aponta a educação pública potiguar do Ensino Fundamental Anos Finais (6º ao 9º ano) com a menor nota nacional, apresentando 3,7. O número é 1,2 ponto menor do que a média do Brasil.

O Ideb é realizado a cada dois anos. Em 2021, o Ensino Médio público potiguar também tinha sido o pior colocado. Para compor esse indicador, são avaliados os resultados de dois conceitos: o fluxo escolar e a média de desempenho nas avaliações. A métrica varia em patamares de 0 a 10. No Ensino Fundamental Anos Iniciais (1º ao 5º ano), a educação pública do RN apresentou nota 4,8, dividindo a última colocação com Pará e Amapá.

Para a professora Cláudia Santa Rosa, doutora e mestre em educação, o resultado negativo do Rio Grande do Norte não surpreendeu. “É uma educação bastante preocupante. O Estado não consegue garantir o direito à aprendizagem. Quando saem os resultados do Ideb, só confirma a dificuldade que nós temos em garantir um ensino competente, um ensino de qualidade”, avalia.

Desde a primeira edição do Ideb, o Ensino Médio na rede estadual obteve notas acima de 3,0 apenas em duas oportunidades: em 2019 e em 2023. Nas outras demais oito edições, o Rio Grande do Norte costumava variar entre 2,6 e 2,9. Em contrapartida, as médias do País jamais apresentaram notas abaixo de 3,0.

Entre os desempenhos que definem esses números, estão as notas dos estudantes na prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), com avaliações de Matemática e Língua Portuguesa, realizadas nos meses de outubro e novembro do ano passado. Enquanto a média estadual do Ensino Médio no Brasil foi de 264,31 e 269,93, respectivamente, o Rio Grande do Norte apresentou apenas 253,69 em Matemática e 257,71 em Língua Portuguesa.

Em comparação com as demais unidades federativas, a nota potiguar em Matemática é a 4ª pior, seguido apenas por Bahia (250,97), Maranhão (251,07) e Rio de Janeiro (252,19). A posição é a mesma para Língua Portuguesa, ficando na frente de Bahia (253,68), Maranhão (254,65) e Roraima (257,07).

Em Indicador de Rendimento no Ensino Médio, o Rio Grande do Norte apresenta a pior nota também pela segunda vez consecutiva, com 0,77. A média nacional é de 0,92. A vaga de penúltimo colocado fica com o Rio de Janeiro (0,81), seguido por Rio Grande do Sul (0,82) e Santa Catarina (0,83).

De acordo com Cláudia Santa Rosa, a educação vinha em uma crescente a partir de 2016, mas houve um rompimento. “Em 2019 começou uma mudança de governo, foram interrompidas diversas parcerias que a educação do RN estava mantendo com instituições nacionais. O Estado rompeu com tudo. Os programas, os projetos foram todos os que permaneceram fragilizados”, afirma.

Na avaliação do Nordeste, o Ensino Médio na rede estadual apresentou uma média de 4,0. Na liderança, Pernambuco apresenta a maior nota, com 4,5, seguido por Ceará (4,4), Piauí (4,3) e Alagoas (4,0). Abaixo da média estão empatados Maranhão, Sergipe e Bahia com 3,7, Paraíba (3,6), e na lanterna o Rio Grande do Norte (3,2).

SEEC considera “avanço”
Procurada para comentar sobre os resultados, a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC) emitiu uma nota comemorando e definindo a nova avaliação do Ideb como um “significativo avanço”. “A melhoria da nota do IDEB no Rio Grande do Norte é um reflexo do trabalho árduo e do compromisso de toda a nossa equipe, das escolas, dos professores e, principalmente, dos nossos estudantes”, disse Socorro Batista, secretária de Educação do RN.

Em comparação a 2021, o ensino médio da rede pública cresceu 0,4, mas isso não foi suficiente para retirar o RN da lanterna da educação do Brasil. Na nota, a SEEC descreve que o fortalecimento da gestão escolar desempenhou um “papel central na melhoria do Ideb”.

O Ensino Fundamental Anos Iniciais da rede pública também cresceu 0,3 em comparação ao Ideb de 2021, enquanto o Ensino Fundamental Anos Finais foi o único nível de ensino que registrou uma queda, com 0,3.

“O Rio Grande do Norte tem uma gestão amadora na educação. Faz educação com amadorismo. Não produz resultado de aprendizagem à altura do que todos nós queremos, desejamos e que os estudantes merecem”, crítica Cláudia Santa Rosa, doutora e mestre em educação.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE também procurou a coordenação geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (SINTE-RN), representada por Bruno Vital e Fátima Cardoso, através de ligações e mensagens, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço continua aberto.

Tribuna do Norte

Postado em 15 de agosto de 2024