Entidade médica alerta para risco de leptospirose em enchentes no Rio Grande do Sul

As enchentes que atingiram 365 municípios do Rio Grande do Sul fizeram a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) recomendar o uso de remédios para a prevenção contra a leptospirose .

As pessoas expostas às águas das enchentes por período prolongado e equipes de socorristas de resgate e voluntários devem ser consideradas de alto risco e elegíveis para o uso da quimioprofilaxia, segundo a entidade.

Para a prevenção, a recomendação principal da organização foi a doxiciclina, administrada em dose única para adultos e com base no peso corporal, para crianças. Uma alternativa ao medicamento é a azitromicina, nas mesmas condições.

VEJA AS INSTRUÇÕES DE USO:
DOXICICLINA
Adultos: 200 mg por via oral, em dose única para pessoas em pós exposição de alto risco;
Adultos: 200 mg por via oral, 1x/semana durante a exposição (resgate/socorristas);
Crianças: 4 mg/kg por via oral, em dose única para crianças em pós exposição de alto risco. Dose máxima de 200 mg.
AZITROMICINA
Adultos: 500 mg por via oral, em dose única para pessoas em pós exposição de alto risco;
Adultos: 500 mg por via oral, 1x/semana durante a exposição (resgate/socorristas);
Crianças: 10 mg/kg por via oral, em dose única para crianças em pós exposição de alto risco. Dose máxima de 500 mg
A entidade ressaltou ainda que a profilaxia com doxiciclina não deve ser feita em gestantes e lactantes, e que há risco de infecção quando as pessoas retornam às suas residências. Devem ser usados ​​EPI’s (botas, luvas, calças de proteção) em locais onde normalmente há contato com água suja ou lama.

A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira interrogans . Ela é muito presente no no rato, no cachorro, no porco, na vaca e na cabra. Uma bactéria se aloja nos enxágues desses animais, que são eliminados pela urina.

O contágio acontece através do contato com a urina de animais infectados, o que pode ocorrer na água das enchentes. Machucados pelo corpo favorecem, mas uma bactéria penetra na pele mesmo quando não há lesões.

Ainda segundo a SBI, a recomendação geral é que os antimicrobianos não sejam usados ​​para prevenção como conduta de rotina. A associação se baseia em estudo feito em 2024 que diz que “não há diferença de mortalidade, infecção ou soroconversão com os esquemas de profilaxia utilizados, o que faz com que a prescrição do antimicrobiano não seja adequada como ampla medida de saúde pública”.

No entanto, algumas revisões e publicações, incluindo um guia de tratamento publicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2003, apontam que a profilaxia com antimicrobianos pode ser feita em situações de alto risco, sob a justificativa de que, apesar de os estudos têm baixo número de participantes, falhas de randomização, sendo heterogêneos e essa intervenção aplicada em momentos diferentes da história clínica, há uma tendência de benefício no uso desses medicamentos.

Outro risco durante as enchentes é a hepatite A , que pode ser adquirida através do consumo de alimentos ou água contaminada com o vírus. Não há tratamento específico contra a doença que ataca o fígado, mas a vacina que protege contra a condição faz parte do calendário oficial de vacinação.

Nesta segunda-feira (6), o governo do Rio Grande do Sul fez um alerta para o risco de enchentes nos municípios localizados às margens da Lagoa dos Patos.

A água que inundou Porto Alegre e causa transtornos na região metropolitana desce pela lagoa em direção ao mar, o que pode acontecer rapidamente ou de forma mais lenta, dependendo da direção do vento.

“Vai subir muito o nível da lagoa e vai trazer muitos transtornos nos municípios da região”, disse o governador Eduardo Leite ( PSDB ).

Folha de São Paulo

Postado em 8 de maio de 2024