Estatais acumulam rombo de R$ 20,5 bilhões no governo Lula 3 e batem recorde histórico

Postado em 30 de dezembro de 2025

As empresas estatais federais fecharam os primeiros anos do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com um déficit primário acumulado de R$ 20,5 bilhões, o maior já registrado para esse período desde o início da série histórica do Banco Central.

Os números, levantados a partir de dados oficiais do BC, mostram uma trajetória contínua de piora nas contas das estatais desde 2023. O resultado chama atenção pelo volume e pela velocidade do crescimento do rombo.

No primeiro ano do atual governo, em 2023, o saldo negativo foi de R$ 2,2 bilhões. Em 2024, o déficit quase quadruplicou e chegou a R$ 8,07 bilhões. Já em 2025, considerando o período de janeiro a novembro, o prejuízo somou R$ 10,3 bilhões, superando sozinho os resultados dos anos anteriores.

Na conta não entram a Petrobras nem os bancos públicos, que seguem critérios distintos. A estatal do petróleo é excluída por operar com regras de governança semelhantes às de empresas privadas de capital aberto, além de ter autonomia para captar recursos no mercado financeiro nacional e internacional.

O principal peso negativo vem dos Correios, que atravessam uma crise financeira bilionária. Apenas entre janeiro e setembro deste ano, a estatal postal acumulou um déficit de R$ 6 bilhões. Em 2024, o prejuízo já havia sido de R$ 2,6 bilhões.

Diante do agravamento da situação, os Correios anunciaram recentemente um plano de reestruturação que inclui um pedido de empréstimo de R$ 12 bilhões, na tentativa de reorganizar as finanças e manter as operações.

O governo federal, no entanto, contesta a leitura de que os números representem, necessariamente, um colapso financeiro das estatais. O Ministério da Gestão e da Inovação (MGI) afirma que o resultado primário, indicador utilizado pelo Banco Central, não é o mais adequado para avaliar a real saúde dessas empresas.

Segundo o ministério, uma estatal pode apresentar déficit primário mesmo estando financeiramente equilibrada, especialmente quando realiza investimentos ou distribui dividendos usando recursos acumulados em anos anteriores.

Na prática, o governo explica que o cálculo segue a lógica das finanças públicas e do Orçamento da União, e não reflete diretamente o caixa disponível ou o desempenho comercial das empresas no mercado.

“O déficit primário pode estar ligado a um ciclo de investimentos mais intenso, financiado com reservas ou endividamento planejado, e não, necessariamente, a problemas de gestão ou queda de receitas”, argumenta o MGI.

Apesar da explicação oficial, os números acendem um alerta sobre a trajetória das estatais no atual governo, especialmente diante da pressão fiscal e das discussões sobre o papel dessas empresas na economia brasileira.

NOVO NOTICIAS