Ex-chefe da inteligência artificial no Google alerta que a tecnologia é um perigo para a sobrevivência humana
Conhecido como o “poderoso chefão da IA (inteligência artificial)” no Google, Geoffrey Hinton, de 75 anos, afirmou que a sobrevivência da humanidade está ameaçada pelo avanço da tecnologia. Além dele, outros cientistas que ajudaram a desenvolver esse tipo de ferramenta agora alertam para os perigos de um mau uso dela.
“Acho que eles estão muito próximos disso agora e serão muito mais inteligentes do que nós no futuro. Como sobrevivemos a isso?”, disse Geoffrey Hinton, durante uma conferência na última quarta-feira (3) no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, segundo o jornal português Diário de Notícias.
O cientista, que anunciou sua demissão da Google ao jornal americano The New York Times na segunda-feira, disse que mudou de opinião em relação às tecnologias que ajudara a criar. Segundo ele, a inteligência artificial poderá até mesmo controlar pessoas a partir de aprendizados com as obras do filósofo Nicolau Maquiavel. Autor de “O Príncipe”, o pensador italiano, em seus livros, procurou entender as maneiras de dominação por parte do Poder Público.
“Estas coisas (as tecnologias) terão aprendido conosco, lendo todos os romances que já existiram e tudo o que Maquiavel já escreveu, como manipular as pessoas”, disse o pesquisador. “Mesmo que não possam puxar as alavancas diretamente, certamente podem fazer com que nós puxemos as alavancas.”
Ex-líder do grupo de ética de IA da Google, Margaret Mitchell afirmou não saber por que o cientista não se manifestou durante a década enquanto estava no grupo de poder empresa.
Vencedor junto de Geoffrey Hinton de um prêmio de ciência da computação, Yoshua Bengio afirmou à agência Associated Press estar bastante alinhado ao pensamento do colega. Ele, porém, disse que as falas sobre uma possível condenação da humanidade não vão ajudar a resolver a questão.
“Os perigos, os de curto prazo e os de longo prazo, são muito sérios e precisam ser levados a sério não apenas por alguns investigadores, mas também pelos governos e pela população.”
O cientista tem expressado preocupação com a possibilidade da desestabilização do mercado de trabalho, armamento automatizado e os perigos de conjuntos de dados tendenciosos, a partir do contínuo avanço da IA.
Yoshua Bengio se juntou a outros cientistas e líderes de empresas de tecnologia, como Elon Musk e o cofundador da Apple, Steve Wozniak, que pediram uma pausa de seis meses no desenvolvimento de sistemas de IA mais poderosos do que o modelo mais recente da OpenAI, o GPT-4.
A preocupação dos pesquisadores já é considerada por governos, como o dos Estados Unidos. Na última quinta-feira, a Casa Branca convocou chefes da Google, Microsoft e OpenAI, que opera o ChatGPT, para uma reunião com a vice-presidente Kamala Harris. Na reunião, o uso das tecnologias a curto e a longo prazo foi discutido.
No encontro, que durou mais de duas horas, a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, disse aos executivos das companhias que considerem seriamente impor limites à tecnologia.
O Globo.