Ficar sozinho tem efeito antiestresse, afirmam cientistas

Uma nova pesquisa da Universidade de Reading, no Reino Unido, revela que a solidão traz benefícios para o bem-estar. O estudo publicado recentemente na Scientific Reports lança luz sobre a complexa relação entre o tempo passado sozinho e a saúde mental.
Os pesquisadores acompanharam 178 adultos com 35 anos ou mais no Reino Unido e nos EUA por até 21 dias. Usando diários, a equipe registrou o tempo gasto sozinho versus interagindo com outras pessoas. Os participantes também relataram medidas diárias de estresse, satisfação com a vida, autonomia e solidão.

Os resultados mostraram que passar mais horas sozinho foi associado ao aumento da sensação de redução do estresse, sugerindo os efeitos calmantes da solidão. Um dia com mais tempo sozinho também foi relacionado a sentir liberdade para escolher e ser você mesmo.

Por outro lado, muita solidão nem sempre é benéfica. Nos dias em que passaram mais horas sozinhas, as pessoas também relataram sentir-se solitárias e menos satisfeitas, destacando os potenciais efeitos do isolamento social.

É importante ressaltar que os pesquisadores não encontraram um “equilíbrio ideal” entre solidão e tempo social. Não existe algo como passar o número “certo” de horas sozinho.

Menos estresse
A equipe afirma que os impactos negativos da solidão foram reduzidos ou anulados quando ela foi motivada por escolha pessoal, em vez de imposta por fatores externos. Os indivíduos que passaram mais tempo sozinhos em geral não relataram sentir-se solitários ou menos satisfeitos. Pessoas que passaram mais tempo sozinhas relataram menos estresse.

“Os bloqueios forçados na pandemia destacaram muitos dos impactos duradouros que podem ocorrer quando estamos famintos de interação com outras pessoas. No entanto, este estudo destaca alguns dos benefícios que a solidão pode trazer. O tempo sozinho pode nos fazer sentir menos estresse e livres para sermos nós mesmos. Este estudo destaca que passar algum tempo sozinho pode ser uma escolha saudável e positiva, e que não existe um nível universal de socialização ou solidão a ser alcançado”, disse a professora Netta Weinstein, em comunicado.

Os autores sugerem que, com o uso cuidadoso, a solidão pode promover o bem-estar, mas o isolamento forçado pode causar o risco de solidão e insatisfação. Escolher a solidão e usá-la intencionalmente para obter benefícios pode ser a chave para equilibrar a solidão em meio às demandas da vida moderna.

O GLOBO

Postado em 7 de dezembro de 2023