Furacão Idália força retirada de moradores da costa oeste da Flórida, que decreta estado de emergência
O furacão Idalia, que inundou diversas províncias de Cuba na segunda-feira, se encaminhará para a costa oeste da Flórida e chegará ao estado americano na quarta-feira. O governador Ron DeSantis , que disputou a candidatura republicana para a Casa Branca em 2024, decretou estado de emergência e tentou a retirada de centenas de moradores da região. Embora a Flórida seja alvo de tempestades frequentes devido à sua localização geográfica, o Idalia atingirá uma área registrada por especificações dessa magnitude desde o século 1800.
No início desta terça, o Idalia apresentou as características de um furacão de categoria 1, com rajadas de vento de 144 km/h, mas uma tempestade intensificou rapidamente sua força no oceano e atingiu a categoria 2. De acordo com meteorologistas, o furacão tocará o território americano na quarta com a potência de um super-furacão de categoria 3, com ventos de 201 km/h.
O governo local alertou a população de 49 dos 67 condados do estado para que buscasse abrigo, cerca de 14 milhões de pessoas, com ordens de retirada obrigatória em 14 deles — na manhã desta terça, apenas 25 estavam de sobreaviso, mas as autoridades temem uma mudança na rota e estragos em áreas próximas.
A maior parte das regiões em estado de alerta está localizada na área conhecida como Big Bend, uma costa pantanosa e formada por vilarejos pouco povoados que se estendem ao longo do Golfo do México. Diferente do restante da costa da Flórida, o local não conta barreiras.
O Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês) anuncia que são esperadas inundações marítimas “potencialmente mortais”, com chuvas torrenciais e ventos fortes. Segundo as observações do NHC, as águas quentes no Golfo do México, com temperaturas próximas dos 31º C, vão transformar Idalia em um “perigoso furacão de alta intensidade antes de tocar o solo na quarta-feira”, alertando para “inundações por marés de tempestade de 3 a 5 metros”.
— Poucas pessoas podem sobreviver no caminho de uma grande maré de tempestade, e essa tempestade será mortal se não nos salvarmos do perigo e levarmos a sério — disse a chefe da Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema), Deanne Criswell.
Os furacões considerados de grande intensidade são os de categoria 3 ou superior na escala Saffir-Simpson, de cinco níveis, e segundo o NHC, podem provocar danos “devastadores” e “catastróficos”.
Especialistas temem que o furacão Idalia provoca grandes ondas no local — cenário que já foi a causa de bolsas de mortes por afogamento numa tempestade de menor proporção que atingiu o Big Bend em 1993, deixando 47 vítimas fatais.
Sue Colson, comissária municipal de Cedar Key, um conjunto de pequenas ilhas conectadas por pontes no Big Bend, alertou a população que a única estrada para entrada e saída da cidade poderá ficar obstruída com a chegada de Idalia. Em 1896, uma tempestade fatal matou pelo menos 70 pessoas na região.
— Estamos a cinco milhas do Golfo — disse Colson ao New York Times. — Já estamos experimentando as marés decorrentes do aquecimento global. Temos problemas de inundação com bastante regularidade.
DeSantis enfatizou em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira que diversas partes da costa sofreriam “uma onda de tempestade realmente significativa”. Ele pediu às pessoas nessas áreas que deixassem suas casas.
— Você ainda tem tempo para fazer isso se estiver na área de Big Bend, mas o tempo está se esgotando muito rapidamente — declarou o governador.
A chegada de Idalia “provavelmente será um evento sem precedentes” na região de Big Bend, na Flórida, informaram os meteorologistas do Serviço Nacional de Meteorologia em Tallahassee, capital do estado, nas redes sociais, acrescentando: “Não tente comparar essa tempestade com outras “.
De acordo com o governador da Flórida, 25 mil eletricistas estão a postos para atender às quedas de energia em decorrência da tempestade e o número pode aumentar para mais de 40 mil até o final desta terça, com reforços de outras áreas do país.
O Departamento de Defesa dos EUA afirmou que 3 mil guardas nacionais foram mobilizados nesta terça-feira para responder ao furacão. Mais de 5 mil já foram acionados por DeSantis na segunda.
Após atingir a Flórida, os estados Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte deverão sentir os efeitos do Idalia de quarta para quinta-feira, porém com menor intensidade e já na categoria de tempestade tropical. Os governadores das três regiões também decretaram estado de emergência.
Destruição em Cuba
O furacão Idalia provocou uma operação de retirada de milhares de moradores das províncias do oeste de Cuba na segunda-feira. A Defesa Civil do país ativou uma Fase de Alerta Ciclônico para as regiões de Pinar del Río, Artemisa e Isla de la Juventud, enquanto chuvas intermitentes também afetaram a província vizinha de Mayabeque.
Havana está em alerta e há registros de diversas áreas inundadas por chuvas. Na capital cubana, com 2,1 milhões de habitantes, 90 mil estão sem eletricidade, informou à televisão estatal um funcionário da Unión Eléctrica.
O serviço ferroviário cubano suspendeu as viagens a partir de Pinar del Río e o transporte marítimo de passageiros foi interrompido no domingo na Ilha da Juventude, segundo a imprensa local.
O furacão Idalia se formou no domingo no Caribe, perto do sudeste do México.
A formação da tempestade alterou o clima no estado mexicano de Quintana Roo, onde fica Cancún, com chuvas fortes que frustraram os planos dos turistas no último fim de semana das férias de verão no Hemisfério Norte.
Os cientistas alertam que as tempestades serão cada vez mais potentes com o aquecimento do planeta devido às mudanças climáticas. Em 2022, o furacão Ian , que tocou o solo em Cuba como características da categoria 3, deixou pelo menos dois mortos, antes de seguir para a Flórida, onde atingiu a categoria 5 e provocou 150 mortes.
O GLOBO