Goiás possui nível de alfabetização acima da média brasileira
Maria Pereira é uma empregada de casa de 52 anos que mora com a filha no Setor Garavelo, em Goiânia. Nasceu e cresceu com a família em uma fazenda no interior de Uruaçu, em Goiás. Ela, assim como outras 163 milhões de pessoas acima de 15 anos, não sabe ler e escrever além de um bilhete simples ou identificar mensagens curtas em seu telefone celular. Este dado está de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no censo de 2022 da alfabetização da população de 15 anos ou mais.
De acordo com a pesquisa divulgada nesta última sexta-feira (17), o País ainda possui cerca de 7% de sua população de jovens e adultos analfabetos. Uma queda de 2 pontos se comparado com a mesma pesquisa do ano de 2010, e uma queda ainda maior com cerca de 13 pontos pelo levantamento do ano de 1991. Como apontado pelo próprio órgão, é um padrão que tende a diminuir com o desenvolvimento tecnológico e social. “Observa-se uma tendência de aumento da taxa de alfabetização das pessoas de 15 anos ou mais de idade ao longo dos Censos Demográficos de 1940 a 2022. Em 1940, menos da metade da população era alfabetizada, 44,0%”.
A nível estadual, Goiás ficou com a taxa de analfabetismo de 5,5%, saindo do 18o anteriormente para o 8o no ranking, sendo o estado de Santa Catarina o primeiro na lista com a menor taxa de analfabetismo. Contudo, como diz o Gerente de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Divino Alves, para o jornal O HOJE, o Estado pode estar com uma taxa menor segundo dados de 2023 da Pesquisa Nacional por amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE. “Esse Censo foi feito em 2021 para 2022. Hoje nós temos os dados mais atualizados do PNAD de 2023 com apenas 4% da população analfabeta”.
Sobre isso, o gerente conta como os programas de alfabetização de jovens e adultos da secretaria têm diminuído a porcentagem todos os anos. Como exemplo, cita o programa Alfabetização em Família como uma das possíveis causas da diminuição da taxa de analfabetismo em jovens e adultos. Segundo ele, Goiás pode cumprir a meta de 6 mil pessoas alfabetizadas ainda em 2024. “Desde 2022 nós educamos 4.525 pessoas adultas nas mais de 290 turmas do estado. Esse ano estamos com 2 mil alunos matriculados”.
Grande parte destes alunos se encontram em municípios e cidades na região norte e nordeste do estado que ainda possuem taxas elevadas de analfabetismo, como o município de Posse, na região nordeste de Goiás. Por outro lado, comenta que o programa tem como funcionalidade a ação da sociedade civil e o apoio do governo estadual. Segundo ele, entidades privadas podem acionar a pasta para a abertura de salas com o apoio pedagógico e financeiro para a execução do projeto.
Como exemplo, comenta como a maioria das salas do ano de 2019 eram compostas por pessoas da comunidade quilombola na região norte de Goiás, como a comunidade Kalunga no município de Cavalcante.
Este dado é relevante já que no Censo de 2022 foi apontado uma disparidade racial entre pessoas em situação de analfabetismo no País. De acordo com dados do IBGE, a porcentagem de pessoas pretas e indígenas analfabetas é o dobro da porcentagem de pessoas brancas. Segundo os dados, as pessoas de cor ou raça branca e amarela tiveram uma porcentagem de 4,3% e 2,5%, enquanto as pessoas de cor ou raça preta, parda e indígena tiveram 10,1%, 8,8% e 16,1%, respectivamente.
As salas de alfabetização de adultos tem previsão de 4 a 6 meses, com o tempo de variação para a peculiaridade dos alunos que já não possuem tanto tempo livre para a escolaridade. Após a conclusão do curso e da alfabetização, o aluno é encaminhado para uma unidade de Educação de Jovens e Adultos do município. Caso não haja suporte dentro da educação do município, o estudante é então encaminhado para uma unidade escolar do Estado para a conclusão do ensino fundamental e ensino médio.
Alfabetização na idade certa como principal método de reduzir o analfabetismo
Apesar da ação em alfabetizar jovens e adultos goianos, o principal método para reduzir a taxa de pessoas com analfabetismo é a educação na idade certa, como diz a superintendente de Ensino Fundamental da Seduc, Gisele Faria. De acordo com ela, o programa AlfaMais da secretaria tem como objetivo o aumento na alfabetização de crianças entre 5 a 8 anos.
Além disso, preveem a maior retenção de alunos nas escolas para o ensino infantil completo como a entrega de material escolar e a especialização de professores e pedagogos na alfabetização.
Como parte dos resultados obtidos, fala que em 2023 78,2% dos estudantes estão com a alfabetização alcançada, enquanto o número em 2022 era de 56% com a base plena. Isso significa que mais crianças já estão mais equipadas com a base da educação se comparado com os anos anteriores. Ainda sobre isso, ela diz que estes números foram obtidos com a execução de avaliações em todas as escolas do ensino fundamental da rede pública municipal.
As escolas que mais obtiveram presença dos alunos e resultado no ensino foram premiadas em abril de 2024 pelo esforço. Ao todo, 240 unidades de ensino foram agraciadas com uma quantia de R$ 80 mil cada uma, deste número 150 escolas municipais eram da Capital, enquanto as outras 90 eram do interior do Estado.
De acordo com o governador, Ronaldo Caiado (UB), no evento, tal competição tem o objetivo da superação de níveis da alfabetização em Goiás. “As escolas, os estudantes e professores disputam entre si, de uma forma sadia, e em prol de um bem maior, que é a Alfabetização”, afirma.
O HOJE