Governo do RN adia a implantação da Barreira Ortopédica para fevereiro

Diante dos graves problemas de superlotação registrados no Walfredo em 2024, o Governo do Estado decidiu pela implantação de uma barreira ortopédica para atender pacientes de baixa e média complexidade de seis municípios da Região Metropolitana. Nas discussões iniciais sobre o tema, no começo de dezembro de 2024, o Governo chegou a divulgar que a barreira começaria a funcionar nesta quarta-feira (15).

No entanto, por ocasião da aprovação do acordo, em 11 de dezembro passado, o prazo dado para implantação foi o próximo mês de fevereiro. A barreira está sendo implementada no Hospital Alfredo Mesquita, em Macaíba, com recursos da ordem de R$ 10,8 milhões, oriundos do Ministério da Saúde.

Segundo informou a Secretaria de Saúde à TN nesta quarta, o prazo a respeito do novo serviço ortopédico para atendimentos de baixa e média complexidade é a primeira semana de fevereiro. “As equipes da Sesap seguem trabalhando a nível administrativo e operacional para implantar o serviço, conforme constatado durante visita feita pela governadora Fátima Bezerra há cinco dias”, afirmou a pasta. O acordo envolve os municípios de Ceará-Mirim, Extremoz, Macaíba, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e São José do Mipibu.

O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel reabriu na terça-feira (14) a ala de enfermaria do segundo andar, fechada no último dia 4 por falta de profissionais para compor a escala, conforme denúncia do Sindsaúde. Antes disso, a ala havia passado meses sem funcionar no ano passado por causa de uma reforma. A reabertura esta semana, de acordo com o Sindicato, foi fruto de uma ação judicial, por conta dos problemas de superlotação em outros setores da unidade. Com a reabertura, segundo Carlos Alexandre, coordenador do Sindicato, a situação ficou menos tumultuada, mas ainda com diversos pacientes nos corredores.

De acordo com ele, o Governo do Estado contratou uma empresa terceirizada para fornecimento de enfermeiros e técnicos de enfermagem. “Foram transferidos 17 pacientes para a enfermaria do segundo andar na terça-feira. A ala possui 38 leitos, mas a reabertura está sendo gradual, justamente por causa da questão de recursos humanos”, disse Carlos Alexandre. Com a ida dos pacientes para a enfermaria, o bloco cirúrgico, que também experimentou superlotação nos últimos dias, ganhou algum respiro.

“Os pacientes não tinham para onde ir depois de serem operados e a sala de recuperação ficava cheia. Por consequência, as duas salas de cirurgia passaram a funcionar como uma espécie de enfermaria fixa. Ficou assim por muito tempo, por cerca de seis meses. Na terça, uma dessas salas foi liberada após a reorganização. O Centro de Recuperação de Operados (CRO) também começou a disponibilizar vagas. A situação do corredor é que não muda, uma vez que sempre foi de superlotação, mesmo com todas as enfermarias em funcionamento”, descreveu o coordenador.

A contratação dos funcionários é fruto de um acordo entre o MPRN e o Governo do Estado, homologado por decisões judiciais proferidas pelo Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública de Natal. Por meio do acordo, segundo o MP, o Estado se comprometeu a realizar processo seletivo simplificado para contratação dos profissionais necessários até o final do ano passado.

Ainda segundo Carlos Alexandre, do Sindsaúde, aparentemente as obras no segundo andar estão 98% concluídas, com a execução de pequenos reparos. A reportagem procurou a Sesap para obter esclarecimentos. A pasta informou que 33 leitos da enfermaria do segundo andar estão liberados, “tendo a obra física sido concluída, aguardando apenas a finalização da instalação da rede de gases”.

A Sesap não informou quando os demais leitos estarão disponíveis nem comentou sobre a contratação de funcionários terceirizados para fechar a escala da unidade. Além do problema de superlotação, 2025 começou com denúncias de outros problemas antigos na unidade. O teto do setor de endoscopia desabou em dezembro passado e uma estrutura foi montada no segundo andar para prestar assistência aos pacientes.

A Sesap disse à reportagem que “a obra na área em que estava instalado o setor está em fase de finalização, já tendo sido feita a nova instalação elétrica e do teto”. A pasta não informou quando a obra será concluída. A situação do endoscopia foi verificada também pelo presidente do Conselho Regional de Medicina do RN (Cremern), Marcos Jácome, que visitou o hospital na última terça para verificar questões referentes à superlotação, montagem de escalas e falta de insumo.

As informações serão reunidas em um relatório e encaminhadas à direção do hospital. “Nós preparamos um relatório para que a direção tente as soluções pontuais para cada problema levantado”, explicou Marcos Jácome. “Não havendo a resposta esperada, a gente tem que subir a instância e buscar a Sesap, que tem a autonomia financeira de entrar com algum recurso mais importante para solucionar os problemas”, completou o presidente do Cremern.

Tribuna do Norte

Postado em 16 de janeiro de 2025