Governo do RS anuncia reforço de policiamento e reformas em abrigos após denúncias de estupro

O governador do Rio Grande do Sul , Eduardo Leite (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (9) que os mais de 400 abrigos onde estão acolhidas as vítimas das chuvas e enchentes que afetam o estado devem ganhar reforço de policiamento e reformas para garantir a privacidade dos acolhidos. O anúncio ocorre após a prisão de seis suspeitos de cometerem estupros nos abrigos.

A previsão é de um investimento de R$ 217 milhões no reforço imediato no policiamento em todo o estado e de R$ 2 bilhões nas reformas de moradias provisórias. Os valores fazem parte do plano de R$ 19 bilhões para proteção do estado, que registra mais de cem mortes em decorrência das chuvas.

O governo estadual está convocando policiais civis e militares da reserva para atuarem no policiamento nos abrigos. A intenção é concluir o cadastro dos profissionais até esta sexta (10) para que eles já possam trabalhar no fim da semana, segundo o governador.

Leite afirmou que, uma vez que a necessidade de resgate de vítimas isoladas tem diminuído, garantir segurança, alimentação e conforto nos alojamentos providenciados pelo poder público tem se tornado um dos maiores desafios do governo. São mais de 67 mil pessoas abrigadas nesses espaços.

“A gente projeta que vamos ter muitos desses abrigos funcionando por um longo período, em função da demora das águas de baixarem”, afirmou. “Até a gente conseguir colocar em campo soluções emergenciais habitacionais, a gente tem de dar condição esses abrigos têm divisórias, condições de melhorar o respeito da individualidade das famílias, para que elas possam conviver ali, centenas de pessoas no mesmo ambiente em segurança, com conforto, com alimentação, com vestuário. Esse é o foco neste momento.”

Sobre os crimes sexuais relatados dentro dos abrigos, o governador e o secretário estadual de Segurança Pública, Sandro Caron, afirmaram que os autores foram presos em todos os casos. “O que a gente observou foi justamente casos que, em princípio, lamentavelmente, também envolveram familiares das crianças, o que sinalizava a possibilidade desses abusos acontecerem anteriormente, e os abrigos tinham escancarado isso, revelado isso”, disse Leite.

Além dos problemas dentro dos abrigos, há casos de saques a lojas e casas e ataques a embarcações de resgate em cidades do Rio Grande do Sul. Caron afirmou que os relatos de saques diminuíram após a Brigada Militar e a Polícia Civil darem início a patrulhamentos em barcos nos locais que continuam alagados, mais de uma semana após o início das chuvas no estado.

“[Os saques] já reduziram muito nos últimos dias em razão do policiamento ostensivo com embarcações”, afirmou o secretário. Até quarta-feira (8), segundo Caron, pelo menos 30 pessoas foram presas por terem aproveitado a situação de calamidade para praticar saques.

PLANO AINDA NÃO DETALHADO VERBALMENTE PARA PREVENÇÃO DE DESASTRES
O plano de R$ 19 bilhões para a proteção do Rio Grande do Sul traz cálculos para ações de resposta pronta, assistência à população atingida, restabelecimento de serviços essenciais e estruturas estruturais.

Embora tenha mencionado a necessidade de aumentar a capacidade de prevenção de desastres naturais, a apresentação de Leite não detalha quanto essas ações custarão.

O governador citou a necessidade de elaboração e implantação de planos de prevenção, contingência e resiliência das cidades, inclusive por meio de obras, e também a criação de Centros de Operações Integradas que reúnam dados de monitoramento, disparem alertas à população e concentrem equipes de atendimento.

Questionado sobre quanto o governo pretende investir em prevenção, Leite disse que parte das ações de prevenção está contemplada no pacote de R$ 7,7 bilhões de apoio financeiro anunciado pelo governo federal.

“A gente já vinha fazendo alguns investimentos, contratamos serviços de radares meteorológicos, novos equipamentos, mas vamos ter que colocar ainda numa velocidade maior esses processos”, disse. “Insisto: é sobre ter o recurso, é sobre não ter as amarras fiscais que limitam nossos movimentos no curto prazo, e é sobre ter a burocracia aliviada para que possamos colocar esses investimentos rapidamente, entre eles esses equipamentos de tecnologia que devem ser incorporados ao nosso sistema de prevenção, para melhorarmos alertas à população.”

Folha de São Paulo

Postado em 10 de maio de 2024