Homem que matou 4 em ataque a creche em Blumenau afirmou à polícia que ‘não se arrepende’
A Polícia Civil de Santa Catarina concluiu que o autor do ataque à creche Cantinho do Bom Pastor, que deixou quatro crianças mortas em Blumenau, agiu sozinho. Conforme apontaram as investigações, o homem fazia uso de entorpecentes e tinha alucinações. À polícia, ele afirmou não se arrepender do crime.
As informações foram divulgadas em entrevista coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, 17, onde a polícia apresentou a conclusão do inquérito policial. Segundo o delegado Ronnie Esteves, coordenador da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Blumenau, a mãe do criminoso relatou que ele mudou de comportamento quando começou a fazer o uso de drogas.
“O padrasto sempre ajudou o menino, e, de repente, o homem [criminoso] passa a ter o primeiro contato com as drogas, passa a usar cocaína, e seu comportamento começa a mudar. A mãe começou a perceber que o filho estava diferente, ele começou a ter alucinações”, disse o delegado, ao acrescentar que o criminoso já chegou até a esfaquear o padrasto em determinada ocasião.
Ainda segundo a polícia, o homem tentou incriminar um policial militar como mandante do atentado, mas isso foi descartado. A polícia informou também que o autor do ataque conversou com um amigo duas semanas antes do crime e disse que “faria algo grande”. “Mas como ele alucinava, falava muito, o amigo não deu importância para o que ele estava falando”, acrescentou o delegado.
“O policial militar foi ouvido, e é uma pessoa íntegra. Em momento algum ele disse que conhecia o autor. O autor do crime já fez, por pouco tempo, academia onde o PM treina e eles nunca tiveram contato. Segundo o amigo do autor, ele tinha uma admiração por esse policial, mas eles nunca se falaram”, destacou a autoridade policial.
O criminoso permanece preso e foi indiciado por quatro homicídios e cinco tentativas de homicídio quadruplamente qualificados por motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa e contra vítimas menores de 14 anos.
“Depois, ele voltou atrás com a acusação referente ao PM e disse que “fez aquilo para mostrar ao policial que também era corajoso”. Segundo o delegado, em todos os depoimentos o criminoso “continuou frio, disse como fez [o crime], disse que também não se arrependia e que faria de novo”. “Eu perguntei ‘por que crianças’? E ele disse que elas eram mais fáceis porque elas correm devagar e ele teria condições de alcançá-las”, explicou Ronnie, ao lamentar o ocorrido.
Criminoso agiu sozinho
Ainda segundo a Polícia Civil, após extração de dados do celular do criminoso, incluindo itens apagados, foi possível identificar que não havia nenhuma coordenação no ataque ou qualquer planejamento por mais de uma pessoa. Dessa forma, a investigação concluiu que tratou-se de um ato isolado, ou seja, uma única pessoa praticou.
Conforme explica a polícia, no celular do criminoso também foi possível encontrar o interesse que ele tinha por informações satânicas, incluindo grupos dos quais participava no Facebook e pesquisas sobre o tema. Porém, de acordo com as investigações, não há indicativos de que ele participava de alguma seita.
Crecre reabriu nesta segunda
As aulas foram retomadas na creche Cantinho do Bom Pastor nesta segunda-feira, 17, após pais e professores da escola trabalharem para revitalizar o local, com reformas para aumentar a segurança e devolver o local aconchegante e feliz onde as crianças estudam. Os muros foram aumentados, e uma parte do espaço da unidade de ensino está com uma nova pintura.
Conforme a assessora jurídica da instituição, Patrícia Kasburg, muitas pessoas estão ajudando voluntariamente nas reformas, inclusive pais de crianças que perderam a vida no ataque. Além disso, muitas doações foram realizadas por empresas e pela comunidade em geral de Blumenau.
O parque, onde o crime aconteceu, já foi desmontado, e nos próximos dias começará a ser revitalizado com a ajuda, também, de uma empresa que ofereceu uma estrutura nova.
Embora muitas pessoas já estejam ajudando a CEI Cantinho Bom Pastor, a instituição ainda precisa de apoio para finalizar os trabalhos enquanto as crianças retornam às aulas.
As doações podem ser feitas diretamente na creche ou pelo PIX feito exclusivamente para essas reformas, [email protected]. O contato para mais informações pode ser feito com Patrícia Kasburg, pelo (47) 99183-2491.
Estadão