Inadimplência atinge 83,6 mil empresas no RN em junho

O Rio Grande do Norte contabilizou 83.695 empresas inadimplentes em junho de 2025, segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. O número representa uma proporção de 30,8% de negócios negativados no Estado. No cenário nacional, junho resgistrou um novo recorde histórico: 7,8 milhões de CNPJs estavam negativados, número que equivale a 32,9% de todas as companhias em atividade.
No recorte regional, o Nordeste superou a marca de 1,2 milhão de empresas inadimplentes. Alagoas apresentou a maior proporção (39,6%) na região, seguido pelo Maranhão (39,2%), Pernambuco (33,1%), Rio Grande do Norte (30,8%), Bahia (30,6%) e Paraíba (30,4%). Os menores índices foram registrados nos estados de Sergipe (29,4%), Ceará (28%) e Piauí (25,4%).
O levantamento mostra que a inadimplência empresarial se intensificou ao longo de 2025, somando mais de 100 mil novos negócios em atraso apenas entre maio e junho no país. Desse total, 7,4 milhões eram micro, pequenas e médias empresas, justamente o segmento mais sensível às oscilações econômicas e às dificuldades de acesso a crédito.
De acordo com Thales Medeiros, gerente da Agência Sebrae Natal, o cenário é desafiador, uma vez que os juros altos e o crédito mais restrito tornam a gestão financeira ainda mais crítica. “A falta de um planejamento financeiro robusto e falhas na gestão de caixa são fatores que agravam a situação”, explica.
Para enfrentar esse cenário, Medeiros destaca que o Sebrae orienta os empreendedores a buscar crédito de forma consciente e adequada à realidade de cada empresa. “Buscamos ajudar o empreendedor a planejar e a buscar o crédito de forma consciente, pois o desequilíbrio financeiro não é apenas um sinal de desordem, mas também um sintoma de um ciclo vicioso que se agrava com a dificuldade de acesso a novas linhas de crédito”, acrescenta.
O Sebrae recomenda que os empresários priorizem o chamado crédito orientado, explorando alternativas como o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE), que funciona como garantidor em negociações com bancos e instituições financeiras. Além disso, a instituição oferece consultoria gratuita em crédito e participação em feirões de renegociação de dívidas, além da plataforma “Crédito Já”, que reúne opções de financiamento disponíveis no mercado.
Na análise nacional, o setor de serviços respondeu por 53,8% das empresas negativadas, seguido pelo comércio, com 33,9%. Para Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio RN, o cenário macroeconômico adverso tornou a gestão empresarial ainda mais desafiadora em 2025. “Juros altos, volatilidade cambial, inflação e aumento dos custos trabalhistas reduziram significativamente as margens, principalmente nos setores de comércio e serviços, intensivos em mão de obra e atrelados ao mercado de crédito”, declarou.
Nesse contexto, ele diz que também se destacam as empresas que têm nos entes públicos seus principais contratantes, como fornecedores e prestadores de serviço, igualmente pressionadas pela elevação de custos e pelo atraso nos pagamentos. “De forma geral, os empresários precisam no dia a dia tomar decisões importantes diante da limitação das receitas, o que leva à inadimplência em contas de serviços básicos, com fornecedores e impostos”, pontua.
Ele também observa que o quadro atual da inadimplência empresarial no estado dialoga com a situação das famílias potiguares: em agosto, 37,8% dos lares do RN estavam endividados, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Apesar do cenário desafiador, Queiroz projeta melhora para os próximos meses. “As perspectivas para o médio e longo prazo são melhores que o cenário atual, diante de inflação convergente para a meta e redução da taxa de juros, o que deve contribuir para a queda da inadimplência em âmbito empresarial e pessoal”, completa.
Os dados do Serasa apontam que as dívidas das empresas brasileiras totalizaram R$ 188,4 bilhões em junho, com uma média de R$ 24,1 mil por CNPJ e cerca de 7,4 contas não quitadas por empresa. Para a economista-chefe da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, o ambiente financeiro do país contribuiu para o aumento. “Como uma correnteza que começa com o aperto financeiro nos negócios, a deterioração avança e deságua na inadimplência, que em junho de 2025, atingiu este patamar recorde de CNPJs. O ambiente de maior seletividade por parte dos credores pode ter limitado as possibilidades de negociação, contribuindo para este aumento”, avalia.
tribuna do norte