Indefinição de Walter trava ida de Ubaldo para o MDB

Postado em 18 de dezembro de 2025

A indefinição do vice-governador Walter Alves (MDB) sobre assumir o Governo do Rio Grande do Norte em caso de afastamento da governadora Fátima Bezerra (PT) para disputar as eleições de 2026 começa a produzir reflexos diretos nas articulações políticas para o próximo pleito. Um dos impactos mais imediatos atinge o deputado estadual Ubaldo Fernandes (PSDB), que vinha dialogando com o MDB sobre uma possível mudança de partido, mas agora admite reavaliar o movimento diante do cenário de incerteza.

Segundo Ubaldo, as conversas com o MDB estavam avançadas, sobretudo em torno da formação da nominata para a Assembleia Legislativa. No entanto, o deputado condiciona a mudança ao comando do Executivo estadual por Walter Alves. “Vínhamos tendo várias conversas sobre essa nominata para a Assembleia Legislativa, mas com a condição do vice-governador assumir o governo. Agora, diante da possibilidade dele concorrer a uma vaga de deputado estadual, o quadro muda e é preciso uma nova análise”, afirmou.

Para o parlamentar, a definição sobre o futuro de Walter é central não apenas para os arranjos partidários, mas também para a estabilidade administrativa do Estado. Na avaliação de Ubaldo Fernandes, o melhor caminho seria o vice-governador assumir o Executivo, caso Fátima Bezerra se desincompatibilize do cargo para concorrer em 2026. “Eu acredito que o melhor para todos, inclusive à população, seria Walter assumir, para que não houvesse uma instabilidade com uma busca de um chefe do Executivo indo para a linha sucessória, visto que outros na linha de sucessão também não demonstram interesse de assumir o cargo”, disse.

A possibilidade de Walter Alves optar por disputar uma vaga na Assembleia Legislativa, em vez de assumir a gestão estadual, também pesa diretamente nos planos eleitorais de Ubaldo. “É outro contexto que precisa ser bem analisado, porque precisamos ingressar numa nominata que nos traga melhor possibilidade de reeleição e vemos tudo como muito incerto no momento. Precisamos de condições mais sólidas para definir nosso rumo partidário”, pontuou. Na Assembleia Legislativa, o deputado Dr. Bernardo (PSDB) é outro que também estuda a mudança de partido para o MDB, mas não foi possível o contato com ele.

Enquanto aliados e potenciais correligionários aguardam uma sinalização mais clara, Walter Alves mantém o discurso de cautela. O vice-governador retorna de Brasília nesta quinta-feira (18), após cumprir, desde a terça-feira (16), agenda política que incluiu reunião com o presidente nacional do PT e outras lideranças, em meio às discussões sobre o futuro do governo e as alianças para 2026. O encontro ilustra o esforço de articulação do vice-governador tanto com o MDB quanto com partidos aliados da base governista.

Em entrevista concedida à InterTV, Walter Alves confirmou o diálogo com a direção nacional do PT, mas evitou antecipar qualquer decisão. “Com relação ao presidente do PT, tivemos uma boa reunião, conversamos sobre política, sobre o MDB do Rio Grande do Norte e marcamos outras reuniões no decorrer do próximo ano”, afirmou.

Questionado se permanecerá no governo ou disputará outro cargo nas próximas eleições, o vice-governador reforçou que a definição será coletiva. “Nós estamos conversando com o nosso partido, o MDB, no Rio Grande do Norte. Nós temos mais de 40 prefeitos, mais de 30 vice-prefeitos, mais de 300 vereadores. Nós temos deputados que estão conosco nesse projeto. Nós vamos escutar todos para, no momento certo, na hora certa, tomarmos a decisão”, disse.

Sobre a possibilidade de disputar uma vaga de deputado estadual, Walter manteve o mesmo tom. “Isso aí nós vamos conversar com o partido, porque tudo isso é nominado. Então, nós temos que conversar, dialogar, conversar.”

A Tribuna do Norte tentou contato com o vice-governador para que ele esclarecesse diretamente os próximos passos e a possibilidade de assumir o Executivo estadual, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Enquanto a decisão não é anunciada, o impasse segue influenciando o xadrez político do Rio Grande do Norte, travando definições partidárias e ampliando a expectativa sobre quem comandará o Estado no cenário de uma eventual saída de Fátima Bezerra para a disputa eleitoral de 2026.

Tribuna do Norte