Inflação medida pelo IPCA-15 desacelerou para 0,21% e fica abaixo das projeções de abril

A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) perdeu força em abril e desacelerou para 0,21%, após marcar 0,36% em março , segundos dados divulgados nesta sexta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A taxa de 0,21% é a menor para o quarto mês do ano desde 2020 (-0,01%). À época, a economia brasileira sentiu os impactos iniciais das restrições da pandemia, o que dificultava o consumo fora dos lares.

O IPCA-15 surpreendeu o mercado financeiro ao ficar abaixo da mediana das compensações. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetaram variação de 0,29% em abril.

Com o novo resultado, o índice atingiu 3,77% no acumulado de 12 meses, o menor patamar desde julho de 2023 (3,19%). Nesse recorte, a taxa era de 4,14% até março.

Por ser divulgado anteriormente, o IPCA-15 sinaliza uma tendência para os preços no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O IPCA, também calculado pelo IBGE, é o índice oficial de inflação do Brasil. Serve como referência para o regime de metas do BC (Banco Central).

A coleta de preços do IPCA-15 ocorre entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação. Neste caso, a pesquisa contemplou o período de 15 de março a 15 de abril.

A coleta do IPCA, por sua vez, é técnica somente no mês de referência do levantamento. Por isso, o resultado de abril ainda não está fechado. Será divulgado pelo IBGE no dia 10 de maio.

TRANSPORTES RECUAM COM PASSAGEM AÉREA EM BAIXA
Dos 9 grupos pesquisados ​​no IPCA-15, apenas 1 registrou queda em abril. É o caso dos transportes, que ajudaram a frear o índice.

Os preços desse segmento recuaram 0,49% neste mês, após alta de 0,43% em março. O grupo registrou impacto de -0,1 ponto percentual no IPCA-15.

A baixa dos transportes está associada às quedas dos preços da passagem aérea (-12,2%) e dos combustíveis (-0,03%).

Individualmente, o bilhete de avião teve a maior contribuição individual do lado das baixas no IPCA-15 (-0,09 ponto percentual). O indicador é composto por 367 subitens (bens e serviços).

Entre os combustíveis, somente o etanol (0,87%) teve alta em abril, enquanto o gás veicular (-0,97%), o óleo diesel (-0,43%) e a gasolina (-0,11%) registraram queda nos preços.

ALIMENTOS SOBEM MENOS, MAS AINDA PRESSIONAM
O grupo de alimentação e bebidas desacelerou o ritmo de aumento, mas ainda pressionou o IPCA-15. Em abril, a inflação do segmento foi de 0,61%, menor que a de março (0,91%).

Os alimentos tiveram o maior impacto entre os grupos pesquisados ​​(0,13 ponto percentual). A alimentação no domicílio subiu 0,74% em abril, após aumento de 1,04% em março.

O IBGE destacou os avanços do tomate (17,87%), do alho (11,60%), da cebola (11,31%), das frutas (2,59%) e do leite longa vida (1,96% ).

O tomate, aliás, teve a maior contribuição individual do lado das altas no IPCA-15 (0,05 ponto percentual). A batata-inglesa (-8,72%) e as carnes (-1,43%), por outro lado, ficaram mais baratas.

A alimentação fora do domicílio (0,25%) também desacelerou em relação ao mês anterior (0,59%). Houve impacto da alta menos intensa da refeição (de 0,76% em março para 0,07% em abril). O lanche (0,47%), por outro lado, teve variação superior à registrada na divulgação anterior (0,19%).

META DE INFLAÇÃO
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC é de 3% nos 12 meses de 2024. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais. Ou seja, uma medida será cumprida se o IPCA ficar no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto) no acumulado deste ano.

O mercado financeiro projeta que o índice oficial será de 2024 em 3,73%, conforme a mediana da edição mais recente do boletim Focus , divulgado pelo BC na terça (23). A previsão está abaixo do teto da meta deste ano (4,5%).

Folha de São Paulo

Postado em 26 de abril de 2024