Janaina sobre Bolsonaro: não segurou os ‘doidos’, mas salvou a democracia
A professora e ex-deputada estadual Janaina Paschoal afirma que os novos diálogos encontrados no celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, reforçam que o ex-presidente não participou de articulações golpistas.
Nas redes sociais, ela afirmou que o ex-mandatário “salvou a democracia”. “Se não forem meras conjecturas, os diálogos que vieram à tona nos últimos dias mostram, na verdade, que Bolsonaro salvou a democracia, ao resistir à pressão sofrida por grande parte de seu entorno. Ele, inclusive, deixou o cargo antes de seu mandato terminar”, escreveu ela.
À reportagem, Janaina diz que “a frase pode ter sido forte demais”, mas que, na visão dela, as conversas que foram divulgadas “vão na contramão da hipótese levantada de que ele [Bolsonaro] teria armado toda aquela situação do dia 8 de janeiro para dar um golpe”.
“Se fosse para ele dar um golpe, ele teria dado enquanto estava no cargo. Agora começam a sair diálogos que mostram que, na verdade, pessoas próximas [ao ex-presidente], algumas ligadas às Forças Armadas, estavam tentando convencê-lo”, segue a ex-deputada.
Como mostrou a Folha, mensagens recuperadas no aparelho do tenente-coronel Mauro Cid mostram diálogos em que interlocutores, oficiais do Exército e reservistas, debatiam o uso das Forças Armadas contra o resultado das eleições vencidas por Lula (PT). Parte do material foi revelado pela revista Veja.
“Eu fiquei surpresa com os diálogos. O que está sendo mostrado é o contrário do que o pessoal imaginava. Pode ser que venham outras conversas, mas temos que ser fiéis ao que está sendo mostrado”, afirma ainda Janaina.
“É o caminho inverso dessa ideia de que o presidente daria ordem [de um golpe de Estado], e o Exército acataria. Ele entregou o cargo antes e foi embora. Ele até foge dessa pressão.”
Questionada sobre o fato de Bolsonaro ter insuflado atos antidemocráticos, ela diz que o erro do ex-presidente foi que ele “não soube segurar os doidos deles”. “Ele ficou refém. O erro do Bolsonaro foi ter permitido [a deputada federal] Carla Zambelli, esse pessoal todo, dar o tom. Ele errou muito. Tanto errou que perdeu [a eleição].”
“Eu denunciei os erros durante a campanha. Não fiquei babando ovo. Perdi por isso”, segue a professora, que concorreu ao Senado nas eleições, mas ficou distante da vaga, com pouco mais de 447 mil votos.
Nesta semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se prepara para julgar a ação que pode tornar Bolsonaro inelegível por oito anos. O ex-mandatário é acusado de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, realizada quando ele ainda era presidente.
“Depois do julgamento do Deltan [Dallagnol, que teve seu mandato cassado pelo TSE], que foi muito inovador no mau sentido, goste dele ou não, eu acho que é bem provável que eles decidam contra o Bolsonaro”, diz.
E acrescenta: “Eu sei que os esquerdistas estão aplaudindo, mas é uma visão curta. O Lula se fortalece na candidatura do Bolsonaro. A inexigibilidade de Bolsonaro, hoje, politicamente falando, é boa para a direita, mas as pessoas não estão enxergando isso”.
Estado de Mina