Jean Paul diz que silêncio de Walter sobre possível desistência pode ajudar a obter “transição com mais conforto”

Postado em 9 de dezembro de 2025

O ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, comentou nesta segunda-feira (8) sobre a possibilidade de o vice-governador Walter Alves (MDB) não assumir o governo do Rio Grande do Norte em abril de 2026, quando a governadora Fátima Bezerra (PT) deve deixar o cargo para disputar o Senado. Em entrevista ao Repórter 98, da 98 FM Natal, Prates avaliou que não acredita na hipótese de desistência e disse que o silêncio do vice-governador diante das especulações pode estar servindo para obter uma “transição com mais conforto”.

“Acho que (o silêncio) fortalece o fato de que as pessoas precisam pensar numa transição que talvez dê mais conforto a ele e à equipe dele. Não foi ele que plantou, duvido que ele tenha plantado isso”, disse.

Prates lembrou que Walter já tomou decisões consideradas surpreendentes na política potiguar, como abrir mão de disputar reeleição, como governador caso Fátima deixe o cargo, e optar por permanecer exclusivamente na vice-governadoria.

Para o ex-senador, esse histórico indica que o vice-governador age por convicção e não pela lógica tradicional da política. “Conheço bem Walter. Não condiz com ele tomar decisões desse tipo com base em especulação”, disse.

Ao ser questionado sobre o silêncio do vice-governador desde que surgiram informações sobre sua insegurança em assumir o cargo, Prates negou que isso fortaleça a tese de desistência. Para ele, a situação pode estar sendo usada para acelerar definições internas no governo. “Talvez essa discussão sirva para dizer: vamos acelerar esse processo, vamos aprimorar essa transição, vamos nos concentrar no governo”, afirmou.

Preocupação com a situação financeira do Estado
A discussão sobre a sucessão ganhou força nos bastidores após relatos de que Walter estaria preocupado com a situação fiscal do Estado. Segundo o comentarista Saulo Spinelly, da 98 FM Natal, o vice-governador manifestou a aliados receio em assumir o comando diante do déficit previsto de aproximadamente R$ 1,5 bilhão no orçamento estadual.

De acordo com Spinelly, Walter discutiu o tema com o deputado estadual Tomba Farias (PL), relator da Lei Orçamentária Anual de 2026, e com o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PSDB). Ambos têm papel direto nas negociações sobre o orçamento e na governabilidade do próximo ano.

Cenário de eleição indireta
A Constituição estadual determina que, em caso de vacância simultânea da governadora e do vice, o presidente da Assembleia Legislativa assume o governo. Caso Ezequiel Ferreira também decida não assumir, a linha sucessória passa ao Tribunal de Justiça, que seria responsável por convocar uma eleição indireta.

Nessa situação, apenas deputados estaduais poderiam concorrer. Para participar, eles não poderiam estar registrados como candidatos a outros cargos nas eleições de 2026.

Filiação ao PDT nesta sexta
Jean Paul Prates, que deixou o PT e se filiará ao PDT nesta sexta-feira (12), também afirmou na entrevista que qualquer candidatura sua no próximo ano dependerá da decisão do novo partido. Ele reforçou que sua disposição pessoal é disputar um cargo majoritário, mas ressaltou que a definição será coletiva.

Repórter 98, da 98 FM Natal